Colisão que matou pai e filho levou amor de escola e “melhor conselheiro”
Empresários retornavam para casa, quando o carro que estavam colidiu com outro veículo, na noite de ontem

A ficha ainda não caiu para amigos, familiares e moradores do pequeno distrito de Piraputanga, em Aquidauana, a 135 quilômetros da Capital, que na noite de ontem (9) se despediram de duas pessoas “honestas, que amavam a família e ajudavam todo mundo sempre que dava” em grave acidente de trânsito, na rodovia BR-262.
Domingos Tomazi, de 67 anos, e o filho, Domingos Tomazi Junior, de 31, voltavam para casa após compras em comércio às margens da rodovia, quando o carro que estava colidiu de frente com outro veículo. Conforme boletim de ocorrência, o acidente pode ter sido provocado após reboque acoplado ao automóvel da família começar a balançar e fazer com que o veículo invadisse a pista contrária.
Tomazi não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Já o filho, chegou a ser socorrido por equipe do Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital Regional de Aquidauana, mas também não resistiu.
Para a esposa de Domingos Tomazi Junior, o acidente levou não apenas o companheiro e pai de sua filha, mas também o amor que começou ainda no Ensino Médio.
“Nos conhecemos na escola, eu estava com 16 e ele com 18 anos. Estávamos juntos há 12 anos, sendo que, depois de oficializar o namoro, nos casamos em um ano”, conta muito emocionada Marina Muller, de 28 anos.
Ao lado da esposa, Junior tocava padaria, restaurante e pizzaria aos fins de semana no distrito onde morava desde os 12 anos. “Ele estava muito feliz, reformando a padaria, ampliando a cozinha. Era ele que fazia praticamente tudo”, destaca.
Marina conta ainda que o marido era “pessoa do bem”, com quem nunca esteve brigada por muito tempo. “Nunca nos separamos, quando a gente brigava, até de noite tudo se resolvia”, lembra.
Ainda segundo a comerciante, no dia do acidente, Junior se preparava para pescaria, uma das atividades que mais gostava. “Ele ia pescar, o pai chegou e pediu para ele ir junto, porque se por um acaso o pneu furasse, estariam juntos”, destaca relembrando a forte ligação entre pai e filho, que sempre que possível estavam lado a lado.
Pescaria aliás, era apenas algumas das muitas atividades de lazer que o empresário aventureiro gostava. Fotos de família mostram Junior em trilhas, praticando esportes – como rapel – e, principalmente, se divertindo em família.
Perda ainda maior – Além do marido, Marina também teve de se despedir do sogro, a quem vai sempre se lembrar como o "melhor conselheiro". Ao se lembrar dele, a empresária também não poupa elogios. “Ele era uma ótima pessoa, dava muitos conselhos, sempre sabia o que fazer. Ele era amado por muitos, na cidade”.
O lado carinhoso de pai e filho também será lembrado por outras pessoas da família. “Os dois eram muito tranquilos, não tinham briga com ninguém e eram muito queridos por todos na região”, afirma Elza Aparecida Neves, de 53 anos, comerciante e esposa do sobrinho do Domingos.
“Todo mundo aqui ainda está em choque, sem entender tudo o que aconteceu. Tentando encontrar em Deus o conforto”, complementa.
Domingos Tomazi deixa esposa e dois filhos. Já Domingos Tomazi Junior deixa esposa e uma filha, de 4 anos.