“Enterrei minha filha e hoje, velo meu neto”, diz avó que perdeu 2 em acidente

O corpo encontrado ontem (12), de uma das crianças que estava desaparecida no Rio Paraguai, desde a noite de terça-feira (10), quando ocorreu colisão entre barcos, é de Nykollas, 3 anos, filho de Adriely de Paula da Costa, 23 anos, grávida de 5 meses. Ela também morreu no acidente. O caso aconteceu em Corumbá, distante 419 quilômetros de Campo Grande. Uma outra criança da mesma idade continua desaparecida.

“Não está sendo fácil. Ontem (12), enterrei a minha filha e hoje, vou enterrar o meu neto”, disse Jocylene de Paula Costa Nascimento, 43 anos, mãe de Adriely e avó de Nykollas. Segundo ela, o genro, pai da criança, foi até a 1ª Delegacia de Polícia Civil para liberar o corpo do neto, que está no IML (Instituto Médico Legal). “Não tive coragem de ir junto”, lamentou.

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Jocylene contou que, como já haviam passado muitos dias, não tinha mais esperança de encontrar o neto vivo. “A gente sabia que era quase impossível encontrá-lo com vida. Só se um lancheiro tivesse visto e o salvado antes do afogamento”, disse.

Segundo ela, o velório da filha, Adrielly, durou apenas 4 horas e foi muito dolorido. “No começo, prendi o choro e passei a tremer, sentir muito frio".

Mas foi na hora da despedida que Jocylene botou para fora tudo o que estava sentindo. "Desabei, chorei muito e depois a dor no peito foi passando. Eu sei que vou conseguir acalmar meu coração. Prometi para a minha filha que a bisavó dela e eu vamos cuidar do outro filho dela de 6 anos, que era um grude com a mãe”. Ele não estava com Adriely e o irmão quando aconteceu o acidente.

Caso - A embarcação que carregava 13 pessoas, quando se envolveu em acidente fatal, no Rio Paraguai, tinha capacidade para transportar somente 5 passageiros. No barco, com motor 40 hp, estavam o piloto e 12 passageiros – 5 adultos e 7 crianças. Duas mortes já foram constatadas em decorrência da colisão com outro barco, onde só estava o condutor.

Com o impacto, todo mundo caiu nas águas do Rio Paraguai. Algumas pessoas conseguiram nadar até as margens, e duas crianças desapareceram. Adriely morreu no local. Embora tenha conseguido salvar um bebê e uma criança, o responsável pela embarcação que estava superlotada, pode ser responsabilizado pelas mortes, conforme a Polícia Civil do município.

A colisão entre barcos aconteceu na região do Formigueiro, local também conhecido como Boca do Tatu. Ainda não se sabe exatamente a dinâmica do acidente e, por isso, nos próximos dias, a polícia deve ouvir mais pessoas que estavam na embarcação lotada.