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Pai revela anos de relacionamento abusivo antes do 36º feminicídio em MS

Segundo relato do familiar, Gabrielle Oliveira dos Santos estava separada do marido há duas semanas

Por Bruna Marques | 18/11/2025 17:01
Pai revela anos de relacionamento abusivo antes do 36º feminicídio em MS
Gabrielle Oliveira dos Santos é a 36ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano (Foto: Divulgação)

O relato do pai da jovem assassinada pelo companheiro revela anos de um relacionamento possessivo e controlador que, segundo ele, caminhava silenciosamente para uma tragédia. Gabrielle Oliveira dos Santos, 25 anos, tornou-se a 36ª vítima de feminicídio registrada este ano em Mato Grosso do Sul. O crime ocorreu na segunda-feira, em Sonora, a 362 quilômetros de Campo Grande, e o autor, Diovani Alfredo Dique de Oliveira, 31 anos, se apresentou à delegacia nesta terça-feira (18).

RESUMO

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Gabrielle Oliveira dos Santos, 25 anos, foi a 36ª vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul este ano. O crime ocorreu em Sonora, a 362 quilômetros de Campo Grande, quando seu ex-companheiro, Diovani Alfredo Dique de Oliveira, 31 anos, a assassinou por sufocamento. Segundo o pai da vítima, Sérgio Souza dos Santos, o casal vivia um relacionamento abusivo há anos, marcado por controle e ciúmes excessivos. Separados há duas semanas, Gabrielle deixa um filho de 5 anos, que estava presente no momento do crime. O suspeito se entregou à polícia alegando ciúmes como motivação.

Sérgio Souza dos Santos, aposentado de 60 anos, pai de Gabrielle, descreve um ciclo de sofrimento que a filha nunca verbalizou. “Já tinha uns três, quatro anos que viviam um relacionamento abusivo”, afirma. Mesmo assim, ela não relatava agressões ou ameaças. “Ela nunca contou nada para mim. A gente sabia que não vivia bem, mas ela nunca falou que ele agredia”. O comportamento, porém, mostrava sinais claros. “Ela andava muito triste, pelos cantos, não interagia com a família”.

A família vivia na mesma chácara, mas em casas separadas. “Ela morava na frente e nós no fundo, uns 200 metros para baixo.” Gabrielle dividia a casa com o companheiro e o filho do casal, um menino de 5 anos.

Naquele dia, Gabrielle saiu cedo para levar o filho à escola. Sérgio acredita que ela tenha passado rapidamente em casa para pegar roupas da criança. “Quando entrou, ele a sufocou, porque ninguém ouviu nenhum grito”.

O menino, segundo o avô, presenciou parte da movimentação. “Meu neto contou que o pai mandou ele ficar lá fora. Então, enquanto o menino ficou do lado de fora, ele fez o que fez.” A distância entre as casas impediu que a família ouvisse qualquer barulho. “Estamos a mais de 200 metros. Não dá pra escutar.”

Pouco depois, o próprio agressor desceu até a casa dos sogros. “Pegou a moto, colocou a bolsinha do menino nas costas, veio aqui, deixou o menino e foi embora”. Antes de fugir, falou: “Matei sua filha”.

Pai revela anos de relacionamento abusivo antes do 36º feminicídio em MS
Gabrielle e Diovani em imagem publicada nas redes sociais (Foto: Direto das Ruas)

Separação recente – Segundo Sérgio, o casal estava separado havia cerca de duas semanas. Gabrielle vinha dormindo na casa dos pais e não relatou ameaças nesse período. “Ela era muito calada, não falava nada”. Sérgio lembra que alertou a filha. “Eu dizia: ‘Toma cuidado, não dá as costas pra ele, esse cara é perigoso’. Mas a gente fala e a pessoa não acredita. Acha que não acontece com a gente”.

Ele afirma que o comportamento de Diovani era marcado por controle e ciúmes. “Ele era ciumento demais, possessivo”. O pai também lembra do histórico familiar conturbado. “Ficamos uns dois, três anos sem se falar. Duas semanas atrás ele voltou a falar comigo, mas acho que já estava premeditando”.

Ao se entregar, o suspeito disse que matou por ciúmes. Sérgio rejeita totalmente essa versão. “Ele acha que ela traiu, mas isso é mentira dele para tentar diminuir a situação. Eu não acredito nisso”.

Gabrielle trabalhava em uma empresa de transbordo e, segundo o pai, era muito querida. “Era feliz, alegre, trabalhava, todo mundo gostava dela”. Ele tenta encontrar forças em meio ao luto. “Fácil não foi. A gente entrega na mão de Deus e pede força, mas não é fácil”.

Sobre o que espera agora, é direto: “Nada além da justiça. Só ela para resolver. Voltar ela não vai mais”.

Em choque, Sérgio tenta manter a firmeza necessária para lidar com os trâmites da despedida. “Que pai queria uma coisa dessas? Eu estou à base de calmante para conseguir resolver as coisas. Tem que tentar ficar forte”, finalizou.

Estatística - Este já é o quinto caso de feminicídio no Estado, somente em novembro. No dia 5, Mara Aparecida do Nascimento Gonçalves, de 43 anos, foi morta com um golpe de faca no pescoço, na cidade de Aparecida do Taboado. O filho foi preso.

Na mesma noite, na cidade de Jardim, Aline Silva, de 26 anos, também foi morta a facadas pelo ex, que não aceitava o fim do relacionamento.

No dia 10 de novembro, a tragédia veio em dose tripla. Rosimeire Vieira de Oliveira, de 37 anos, a mãe dela, Irailde Vieira Flores de Oliveira, de 83 anos, e o filho adolescente, de 14 anos, foram assassinados.

O ex-namorado de Rosimeire, Higor Thiago Santana de Almeida, de 31 anos, foi preso em flagrante.

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