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Interior

Para disfarçar droga, empresas de ônibus levavam turistas de graça a santuário

Esquema é alvo de operação da Polícia Federal e da Receita, hoje, em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 21/01/2021 09:46
Policiais vasculham caixas que estavam embarcadas em ônibus da Euro Tur (Foto: Adilson Domingos)
Policiais vasculham caixas que estavam embarcadas em ônibus da Euro Tur (Foto: Adilson Domingos)

Empresas de ônibus de turismo ofereciam viagens de graça e até bancavam a alimentação dos passageiros durante o trajeto para disfarçar o esquema de tráfico de cocaína e maconha. A quadrilha é alvo hoje (21) da Operação Viagem Santa, deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal.

Dez mandados de prisão e 14 de busca e apreensão estão sendo cumpridos nas sedes das empresas em Dourados, a 233 km de Campo Grande, e na cidade de Deodápolis. Pelo menos outras 30 medidas judiciais, principalmente confisco de bens móveis e imóveis, também estão sendo executadas nesta quinta.

O Campo Grande News apurou que o esquema começou a ser desvendado em 2018 após a delegacia da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Dourados encontrar carga de cocaína no fundo falso de um ônibus da empresa Prado Tur.

Com sede na Rua Lambari, no Jardim Laranja Doce, a empresa pertence a Janqui Fernandes Prado, ex-motorista da empresa Euro Tur, outro alvo da operação de hoje.

Durante as investigações, o serviço de Inteligência da PRF descobriu que a Prado Tur fazia de três a quatro viagens mensais para São Paulo, levando fiéis para o Santuário de Aparecida, a meca dos católicos no Brasil.

Segundo apurou a reportagem, os investigadores descobriram que funcionários da empresa recrutavam os passageiros nos bairros de Dourados e ofereciam viagem de graça até Aparecida. Como “bônus”, a empresa ainda pagava as despesas com alimentação.

Até abril de 2019, quando a polícia começou a investigar o esquema, a Prado Tur tinha apenas um ônibus. Foi exatamente nesse veículo que os policiais encontraram a cocaína.

O ônibus levava de graça os fiéis até o santuário de Aparecida, na margem da Via Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro, voltava para a capital paulista para a droga ser descarregada e depois retornava a Aparecida para trazer os turistas de volta a Dourados.

Ao investigar a Prado Tur, a polícia descobriu ligação da empresa com a Euro Tur, uma das maiores empresas de turismo de Dourados. Entre os locais onde os mandados estão sendo cumpridos hoje estão o ponto de embarque da empresa na Rua Onofre Pereira de Matos e a garagem da Euro Tur, na Rua Araguaia, no Jardim Santo André.

Na sede da empresa, na Rua Araguaia, até um cão farejador foi levado pela Polícia Federal para tentar encontrar esconderijos de droga nos ônibus.

Veja o vídeo:

De acordo com a Polícia Federal, a organização criminosa era dividida em três núcleos: um responsável pela logística de carregamento e transporte da droga, outro pelo agenciamento das viagens e pelo recrutamento dos passageiros e o outro pela lavagem de dinheiro.

Para não chamar a atenção da polícia, os agenciadores responsáveis pelo recrutamento dos passageiros alegavam que um pagador de promessas estava financiado a viagem para Aparecida, por isso as despesas de transporte, alimentação e hospedagem seriam custeadas pelo fiel.

“Na verdade, todos os custos da viagem eram bancados com o lucro da venda da droga que era transportada nos ônibus da organização criminosa”, afirma a PF. O nome da operação faz referência à “estória falaciosa” contada pelos membros da quadrilha a fim de justificar a gratuidade da viagem.

Ônibus da Prado Tur apreendido com droga em Dourados, em 2018 (Foto: Divulgação)
Ônibus da Prado Tur apreendido com droga em Dourados, em 2018 (Foto: Divulgação)


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