Polícia de fronteira retém 110 toneladas de drogas em semestre de pandemia
DOF teve recorde nos primeiros seis meses de 2020 mesmo com fronteira oficialmente fechada por causa do coronavírus
O primeiro semestre de 2020, marcado pelo início da pandemia do novo coronavírus, vai entrar para a história também pelo volume de drogas e contrabando aprendidos pelas forças policiais que atuam na Linha Internacional entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai. Mesmo com a fronteira oficialmente fechada pelo governo do país vizinho em março, todos os recordes de apreensões foram quebrados.
Nesta quarta-feira (1º), o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) informou ter superado seus próprios recordes, com quase 110 toneladas de drogas apreendidas do dia 1º de janeiro até ontem, 30 de junho. Formado por policiais militares, o DOF atua em 434 km da fronteira seca com o Paraguai e outros 319 com a Bolívia.
O balanço do primeiro semestre informa que as apreensões proporcionaram prejuízo de 200 milhões de reais ao crime organizado, sendo R$ 115 milhões em drogas. Os números de 2020 contrastam com dados do primeiro semestre de anos anteriores, já que historicamente é período de baixo volume de apreensão de entorpecentes.
As apreensões de drogas feitas pelo DOF dobraram em relação ao período de janeiro a junho do ano passado. É tanta droga em 2020 que o volume retido superou as 107,2 toneladas dos 12 meses de 2019, ano em que foi registrado recorde de apreensões.
A maconha responde por 99% de todo o volume apreendido no primeiro semestre de 2020. O mês de junho foi o campeão, com 65,2 toneladas de drogas retidas pela polícia de fronteira. Os outros cinco meses responderam por 44,1 toneladas.
Com mais droga apreendida, também aumentou o número de prisões por narcotráfico. Foram 221 pessoas presas pelo DOF, das quais 175 homens e 46 mulheres. O aumento em comparação a igual período de 2019 foi de 23%.
Cigarro paraguaio – As apreensões de cigarro feitas pelo DOF aumentaram 772% de janeiro a junho. Foram 674 mil pacotes no primeiro semestre de 2020 contra 77.225 no mesmo período do ano passado. O prejuízo ao crime organizado só com apreensão de cigarros foi de R$ 34 milhões, segundo estimativa do departamento.
“O cigarro é um dos produtos mais contrabandeado do mundo e traz sérios prejuízos aos cofres públicos, além de financiar rede criminosa e capitalizar o crime organizado. Enfrentar este tipo de crime significa enfraquecer as organizações criminosas contribuindo, diretamente, para diminuição da violência”, afirma o DOF.
Também fazem parte do balanço do semestre, 66 veículos recuperados, 3,7 toneladas de defensivos agrícolas e de produtos de eletrônicos avaliados em R$ 6,5 milhões, além de 44 armas, 1.780 munições e dinheiro vivo – 226 reais e 405 mil dólares.
Entre os fatores que contribuíram para aumento das apreensões, o DOF cita o fechamento da fronteira por causa da pandemia em março, o que represou as cargas de drogas, e as medidas de isolamento social. Com diminuição do fluxo de veículos, a polícia adotou melhor seleção nas abordagens policiais. Os números também são reflexos da Operação Hórus, que ampliou a integração dos órgãos de segurança pública na fronteira.
