Fábrica usava garrafas recicladas para falsificar vodka e vinho, diz polícia
Frascos de marcas diversas eram lavados e reutilizados para envasar bebidas clandestinas
RESUMO
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Uma fábrica clandestina em Terenos, Mato Grosso do Sul, foi descoberta produzindo vodka e vinho com garrafas recicladas de diferentes marcas. A operação conjunta do Ministério da Agricultura e Pecuária e da Delegacia de Defesa do Consumidor encontrou funcionários lavando garrafas usadas, adquiridas de empresas de reciclagem. O local, que operava ilegalmente desde 2023, possuía setores de limpeza, envase e armazenamento. Foram apreendidas garrafas cheias, rótulos falsificados da marca "Shirlof", tampas plásticas e compostos químicos. O proprietário foi preso em flagrante, embora sua defesa alegue que o espaço funcionava apenas como centro de distribuição de embalagens.
A Operação Metanol, do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária), em parceria com a Decon (Delegacia de Defesa do Consumidor), revelou que a fábrica alvo da ação em Terenos, a 28 quilômetros de Campo Grande, produzia bebidas alcoólicas como vodka, gin e vinho usando garrafas recicladas de diferentes marcas e tamanhos. Márcio Veron, apontado como proprietário do local, foi preso em flagrante.
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A ação ocorreu na Indústria e Comércio de Bebidas Terenos EIRELI, localizada na Estrada Colônia Nova, zona rural do município. Segundo o delegado Wilton Vilas Boas, responsável pela operação, o local mantinha setores de limpeza, envase e armazenamento e funcionava sem autorização desde 2023; além disso, já havia sido interditado pelo Mapa.
“Constatamos que a fábrica estava em pleno funcionamento. As garrafas eram lavadas e reaproveitadas para envase de bebidas como vodka e vinho, o que caracteriza uma atividade industrial clandestina, sem acompanhamento técnico e sem registro no Mapa”, afirmou o delegado Wilton Vilas Boas.
Improviso e mistura de marcas - Durante a vistoria, os fiscais encontraram garrafas de várias marcas e formatos embaladas juntas, o que comprova o reaproveitamento irregular. “Eles montavam os fardos com o que tinham disponível. Dentro da mesma embalagem havia frascos de modelos diferentes, o que não ocorre em uma produção regular”, explicou um fiscal.
No local, foram apreendidas oito garrafas prontas para consumo, encontradas sobre a esteira de embalagem (“forno”) usada para montar fardos de seis unidades. Também foram recolhidos rótulos falsificados das marcas “Shirlof” (vodka), “Coquetel Alcoólico Shirlof Blueberry” e “Gin Shirlof”, sacos com tampas plásticas que imitavam as mesmas marcas, compostos químicos usados como aditivos, sacos de ácido cítrico e produtos industriais para alterar o sabor e a aparência das bebidas.
Os fiscais ainda relataram que as garrafas recicladas eram lavadas apenas com detergente comum e armazenadas sem as mínimas condições de higiene, o que reforça o caráter clandestino da produção.
De acordo com o Mapa, a fábrica foi interditada em março de 2023, e o registro de funcionamento foi cancelado definitivamente em 2024. Desde então, qualquer produção no endereço é considerada ilegal.
Um vídeo obtido com exclusividade pelo Campo Grande News mostra o passo a passo da produção, desde a lavagem das garrafas até o envase. Nas imagens, é possível ver o uso de frascos de diferentes marcas sendo lavados e preparados para receber o líquido, sem qualquer controle sanitário.
Segundo os fiscais, os funcionários aguardavam a chegada de álcool para continuar a produção no momento da fiscalização. “Eles produzem em série: lavam, enchem e embalam rapidamente para retirada”, contou.
Defesa nega fabricação - A advogada Talita Dourado Aquino, que representa o empresário Márcio Roberto Veron, preso durante a operação, sustenta que o local não produzia bebidas desde 2020 e que funcionava apenas para armazenar embalagens.
“O meu cliente foi surpreendido no local de trabalho, onde havia várias garrafas e objetos, mas sem produtos dentro. Foram encontradas embalagens vazias que seriam destinadas à venda e alguns materiais que ainda serão encaminhados para perícia. Até o momento, nada está comprovado”, afirmou.
O suspeito optou por permanecer em silêncio durante o interrogatório até a conclusão da perícia.
Crime e risco à saúde - Márcio Veron foi autuado em flagrante pelos crimes previstos no artigo 7º, incisos II e IX, da Lei 8.137/90, que tratam de crimes contra as relações de consumo, e cuja pena varia de dois a cinco anos de detenção.
A Decon alerta que bebidas fora dos padrões podem conter substâncias tóxicas, como o metanol, capaz de causar cegueira, falência de órgãos e até a morte. “O objetivo agora é rastrear toda a cadeia de produção, desde a origem do álcool até os canais de distribuição dessas bebidas falsificadas”, concluiu o delegado Wilton Vilas Boas.
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