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Interior

Ponte está sem proteção em um dos pilares desde 2003

Silvio Andrade, especial para o Campo Grande News | 24/09/2018 10:16
Ponte Rio Paraguai dolfin demolido apos acidentes. (Foto: Silvio Andrade)
Ponte Rio Paraguai dolfin demolido apos acidentes. (Foto: Silvio Andrade)

Depois de 15 anos do primeiro choque de embarcações contra a ponte rodoviária sobre o Rio Paraguai, na rodovia BR-262, em Corumbá, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) anuncia, finalmente, a reconstrução de um dos quatro dolfins (blocos de concreto para proteção da estrutura contra colisão) destruído após acidente em 2003.

O coordenador-substituto da Ahipar (Administração da Hidrovia do Paraguai), órgão vinculado ao Dnit, engenheiro Paulo Keniti Inoue, informou que a obra foi licitada e aguarda-se apenas que as águas baixem para o início das obras, orçadas em R$ 3,2 milhões. O que restou da estrutura do dolfin está encoberto pela correnteza do Rio Paraguai devido à cheia.

Por conta desse atraso na implantação da proteção a um dos pilares, local definido tecnicamente com P5A, cinco acidentes de grande e média proporções ocorridos no período colocaram em risco a estrutura da ponte, que chegou a ser interditada. Houve tentativa de reconstrução em 2004, mas a obra foi paralisada após a morte de um operário.

Situação de emergência

Após dois violentos choques de embarcações contra o pilar sem proteção, em 2011 e 2014, causando deslocamento em sua estrutura pré-montada, o Ministério Público Federal (MPF), por meio de inquérito civil, cobrou do governo federal e da concessionária da rodovia a reparação do dolfin para garantir a segurança aos usuários da hidrovia e da BR-262.

Ponte sobre o Rio Paraguai, acidente em 2011. (Foto: Silvio Andrade)
Ponte sobre o Rio Paraguai, acidente em 2011. (Foto: Silvio Andrade)

Em 2014, o Município de Corumbá e o Governo do Estado declararam por 180 dias situação de emergência, por conta da colisão de uma embarcação de bandeira paraguaia em um dos pilares da ponte. Segundo os laudos técnicos, o impacto deslocou um dos blocos de sustentação, posteriormente alinhado pela empresa que construiu a ponte.

O tráfego ficou parcialmente interrompido e na época o Estado justificou a situação de emergência temendo o desabastecimento e colapso na cadeia econômica da região. Mas foi uma tentativa de pressionar o governo federal a reconstruir o dolfin. A obra foi anunciada, porém o dinheiro (R$ 4 milhões) não foi liberado, e o projeto acabou esquecido.

Ponte sobre o Rio Paraguai, acidente em 2011 abriu vão de 20 cm na ponte. (Foto: PRF)
Ponte sobre o Rio Paraguai, acidente em 2011 abriu vão de 20 cm na ponte. (Foto: PRF)

Área de risco constante

O primeiro grande acidente que abalou a estrutura da ponte inaugurada em 2001 foi em maio de 2011. O empurrador “Dona Carmen”, também de bandeira paraguaia, transportando 16 barcaças de farelo de soja boliviana bateu no pilar central, deslocando parte da superestrutura em 20 centímetros. A passagem foi interditada e a região ficou isolada por vários dias.

Outros dois choques foram registrados, em novembro de 2016 e abril de 2017. No primeiro, barcaças se desprenderam da margem do rio e bateram na estrutura, após forte temporal. Os operadores da via reclamam de falta de sinalização náutica no local. A Marinha determinou o desmembramento dos comboios na passagem sobre o vão central da ponte.

Um anteprojeto da obra do dolfin, elaborado pelo Dnit em 2014, detalha os danos causados ao bloco de proteção do pilar P5A, danificando sua superestrutura de concreto e parcialmente suas fundações. Menciona que a causa maior dos acidentes seria “resultado de possível equívoco no posicionamento da ponte ou eventual alteração da linha de fluxo do rio”.

O dolfin em questão, segundo o estudo, é primordial para sustentar a estrutura da travessia por estar situado na linha de maior velocidade do canal do rio. O primeiro choque, que abalou o bloco, posteriormente demolido, “revelou a fragilidade do dispositivo ante a grandeza de impactos maiores, como o que afetou a ponte em 8 de maio de 2011”, diz o documento.

Ponte está sem  proteção em um dos pilares desde 2003
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