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Interior

Prefeitura reduz transporte escolar e alunos percorrem até 3km a pé

Mães estudantes da zona rural acordam antes das 4h para ir até ponto na rodovia onde ônibus passa para pegar crianças

Liniker Ribeiro | 26/02/2018 11:37
Encontro entre o secretário de Governo e motoristas do transporte escolar de Paranaíba (Foto: Prefeitura/Divulgação)
Encontro entre o secretário de Governo e motoristas do transporte escolar de Paranaíba (Foto: Prefeitura/Divulgação)

Um decreto da prefeitura de Paranaíba, a 422 quilômetros de Campo Grande, vem causando descontentamento em pais de alunos da região rural da cidade. Tudo porque, de acordo com a nova determinação do município, os ônibus que antes buscavam crianças em até 3 quilômetros de distância das principais rodovias, agora não passam de 2 Km. A medida faz com que os estudantes e familiares acordem ainda mais cedo para percorrer longas distâncias a pé.

"O problema é que a gente tem que acordar os meninos bem mais cedo, por volta das 3h, para ter que andar cerca de 2,9 km até o ponto, no escuro, passando por buracos e correndo risco de encontrar animais de todos os tipos pelo caminho", reclama a trabalhadora rural Roselene Luz dos Santos, de 42 anos.

A reclamação da mãe de três crianças, de 6, 14 e 15 anos, ainda está ligada ao fato de muitos pais terem de deixar suas obrigações no serviço para acompanhar seus filhos até a BR-158, onde o ônibus passa pegando os estudantes. "A gente anda tudo isso para nem horário fixo ter, cada dia o transporte passa em um horário diferente. Todo mundo que mora na fazenda tira leite e tem que parar com as obrigações para levar os meninos", afirmou ela.

Um grupo de aproximadamente 30 pessoas chegou a se reunir, na manhã de hoje (26), em pontos de maior movimento pela cidade, como praças, para chamar atenção das autoridades. Os pais também estiveram na Câmara do município para pedir ajuda dos vereadores. Eles afirmam já ter gente perdendo o emprego, por dar prioridade para acompanhar os estudantes no caminho até o ponto.

Além de mãe, a jovem Jéssica de Souza Ramos, de 25 anos, também é aluna e depende do transporte escolar para estudar. Assim como muitos pais, a jovem confirma a dificuldade enfrentada diariamente. "É complicado levantar uma criança de 5 e outra de 8 anos, às 3h, para andar 1,5 quilômetro até o ponto do ônibus", revelou Jéssica destacando ainda, que leva aproximadamente 4 horas para chegar a escola.

A mãe comentou ainda que mora em uma região de reserva, às margens de um rio, deixando o trajeto ainda mais perigoso. "A gente fica mais de hora esperando no sereno e até debaixo de chuva", declarou.

Para o vereador Paulo Henrique, a situação merece um retorno o quanto antes do atual prefeito, Ronaldo Miziara. "A educação você tem que recuperar as crianças para que elas não abandonem a oportunidade de estudar. Já é difícil fazer com que as pessoas deixem essas áreas mais afastadas da cidade para estudar, com uma situação dessas fica ainda mais complicado", comentou.

Mudanças - O Campo Grande News tentou contato com o prefeito do município, mas fomos informados que o mesmo se encontra em viagem e deve retornar somente amanhã. De acordo com a assessoria de comunicação, as mudanças fazem parte de uma readequação das leis municipais com a legislação estadual.

"A Lei 3488, de 12 de janeiro de 2008, estabelece diretrizes para acessibilidade do processo escolar e já prevê os 3 quilômetros mínimos de distância. Além disso, um termo de ajustamento de conduta, estabelecido pelo Ministério Público, exigi a construção de um aterro sanitário por parte do município e, como serão usados recursos próprios, foi preciso reduzir custos em todas as áreas, sendo o transporte afetado na parte da educação", afirmou a assessoria.

Apesar das mudanças, a prefeitura promete ainda, rever os termos até a metade do ano. Na semana passada, o secretário de Governo confirmou que em encontro com motoristas do transporte escolar que a medida deve ser repensada, conforme a assessoria do município."Até o mês de julho deve ser feito uma nova avaliação, mas os casos vão continuar sendo analisados caso a caso", revelou a assessoria.

Outro ponto importante, é que os alunos, que antes frequentavam escola apenas três vezes na semana, passaram a ir nos cinco dias normalmente previstos no calendário escolar.

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