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Interior

Quadrilha que lavou R$ 90 milhões escondia dinheiro até em panela elétrica

Delegado explica que os criminosos não atuavam com a lavagem de dinheiro para apenas um grupo, mas para várias pessoas

Maressa Mendonça | 17/06/2020 14:58
Com o grupo, agentes da PF apreenderam R$ 100 mil em dinheiro, além de celulares, cartões e anotações (Foto: Divulgação/PF)
Com o grupo, agentes da PF apreenderam R$ 100 mil em dinheiro, além de celulares, cartões e anotações (Foto: Divulgação/PF)

Grupo criminoso envolvido em esquema de lavagem de dinheiro, que movimentou em média R$ 90 milhões durante quatro anos, recebeu depósitos de ao menos mil contas bancárias distintas. Eles sacavam dinheiro em território brasileiro e depositavam em casas de câmbio da Bolívia, alegando que o dinheiro seria destinado a estudantes brasileiros cursando Medicina no país vizinho.

De acordo com o delegado Daniel Rocha coordenador da “Operação Hipócrates”, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira  (17) em Corumbá e também em Imperatriz (MA), foram cumpridos dois mandados de prisão e outros três de buscas e apreensão. Na casa de um dos criminosos, os agentes encontraram R$ 100 mil em espécie.

Em Corumbá, dinheiro era escondido até em panela elétrica, junto com algumas anotações.

No Maranhão foram cumpridos mais quatro dos outros cinco mandados de prisão. Um dos envolvidos não foi localizado, mas a polícia sabe que está foragido na Bolívia. Com outro, foram apreendidos mais R$ 13 mil.

À reportagem do Campo Grande News, o delegado explicou que os criminosos não faziam transações para um grupo específico, mas para várias pessoas envolvidas em crimes como tráfico de drogas, roubo, peculato, contrabando e descaminho.

Parte das anotações de quadrilha e "bolo de dinheiro" foram encontradas dentro de panela elétrica.
Parte das anotações de quadrilha e "bolo de dinheiro" foram encontradas dentro de panela elétrica.

Eles receberam dinheiro de mais de mil contas bancárias diferentes, sacaram em território brasileiro e depositaram em casas de câmbio na Bolívia. O delegado acredita que o valor movimentado pelo grupo no esquema de lavagem de dinheiro seja superior aos R$ 90 milhões.

Ainda de acordo com o delegado, em Corumbá foram presos dois operadores financeiros envolvidos no esquema. Eles não tiveram as identidades divulgadas.

As investigações apontaram que os criminosos realizavam saques em vários bancos diferentes e depositavam valores inferiores a R$ 10 mil para não chamar atenção da Receita Federal ou de qualquer outro tipo de fiscalização sobre a tentativa de evasão de divisas.

“Vamos analisar os materiais apreendidos e descobrir  o principal propósito do grupo”, pontuou o delegado. Segundo ele, os presos já foram interrogados e encaminhados para o presídio. “Eles deram algumas informações, mas mantêm a justificativa de que estavam enviando dinheiro para estudantes. Isto por si só já configura evasão de dividas”, completou Daniel Rocha.

O delegado comentou que também foram realizados o sequestro de bens e o bloqueio das contas dos investigados. No Maranhão foram sequestrados dois dois veículos avaliados em mais de R$ 100 mil e um outro carro com valor semelhante em Corumbá. Todas as ordens judiciais foram expedidas pela  3ª Vara Federal de Campo Grande.

Os criminosos foram indiciados e vão  responder pelos crimes de evasão de divisas (Art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86), lavagem de capitais (Art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98) e organização criminosa (Art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13), cujas penas somadas podem ultrapassar 20 anos de prisão.

A operação foi denominada “Hipócrates” em referência ao filósofo grego pai da medicina, já que o envio de dinheiro para estudantes brasileiros de medicina na Bolívia era utilizado como justificativa para a remessa ilegal dos valores ao país vizinho.

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