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Interior

Vítima de estupro, menina indígena queria ser policial para 'se vingar do mal'

Adolescente que confessou crime teria tentando forjar álibi para a família não desconfiar de assassinato

Gabriela Couto | 12/09/2022 18:13
Indígena de 13 anos ainda brincava de boneca, mas já tinha sido violentada. (Foto: Arquivo pessoal)
Indígena de 13 anos ainda brincava de boneca, mas já tinha sido violentada. (Foto: Arquivo pessoal)

A dor de Aldineia Oliveira ainda é latente. A mãe da menina indígena de 13 anos que foi encontrada morta após dias desaparecida não se conforma com o fato de nunca mais poder ver a filha. “Quero que a justiça seja feita e ele apodrece na cadeia. Minha filha nunca mais vai voltar pra mim. Ele ainda volta pra mãe dele. Que a Justiça seja o mais rápido possível. Ele é um monstro”, disse em lágrimas.

Aldineia disse que a filha nunca saia de casa, ainda brincava de boneca e não conhecia o assassino. Apesar da pouca idade, ela já tinha sido sequestrada e violentada no ano passado. “Ela sonhava em ser policial. Dizia que queria se vingar de todas as pessoas que fizeram mal a ela. Eu explicava que não era assim que deveria se sentir. Ela chegou a se inscrever no cursos e pedia para o pai dela ajudar a pagar os estudos. Ficava feliz porque a gente incentivava ela.”

A menina saiu de casa na noite da última sexta-feira (2) após receber uma mensagem por celular. Poucas horas mais tarde, quando a adolescente já tinha sido morta estrangulada, o assassino confesso, adolescente de 17 anos da Aldeia Bororó, ligou para o celular da mãe perguntando da menina. “Ele falou que marcou encontro e ela não foi”, relata.

No dia seguinte ao crime, o adolescente apareceu na casa da família, de moto. “Ele veio aqui em casa 13h30 e eu estava junto com meu pai e minha filha. Chegou perguntando quem era a mãe da Ariane? Disse pra mim que gostava dela e queria namorar com ela. Quando eu olhei para ele, percebi que tinha algo de errado, unhas sujas, calças cheias de sujeira, parecia estar dopado e bêbado”, relembra.

No velório, boneca da adolescente sobre o caixão. (Foto: Arildo Terena)
No velório, boneca da adolescente sobre o caixão. (Foto: Arildo Terena)

Ele chegou a ir falar com o pai de Aldineia, o cacique da Aldeia Jaguapiru. “Meu pai perguntou se ele não estava mentindo? Ele era muito frio. Pedimos pra ele, que se estivesse com ela, que entregasse pra gente. Se eu soubesse naquela hora que ele tinha matado minha filha, eu derrubava ele.”

O próprio assassino disse que iria ajudar a procurar a menina. Sem sinal da adolescente, a mãe foi até a casa do criminoso e ele estava bebendo próximo da residência. “A mãe dele negou. Aí o capitão o questionou, e ele também negou. Disse que o primo dele que estaria envolvido. Chegou a tirar sarro da minha cara.”

Ontem (11), quando autor foi avisado por um amigo que o corpo da menina tinha sido encontrado, estava de malas prontas para fugir para a fronteira com o Paraguai. “Ele sufocou ela, porque não queria namorar com ele. E ele forçou. Minha filha estava pelada. Com a blusa erguida e a calça tirada. Ele ainda jogou o casaquinho amarelo em cima da cara dela”, diz a mãe revoltada com as cenas dos últimos dias.

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