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Cidades

Noz da Índia é irregular, perigosa e não deve ser usada, alerta Saúde

Waldemar Gonçalves | 05/02/2016 15:48
Produto embalado é vendido pela internet e até no Mercadão (Foto: Natalia Yahn)
Produto embalado é vendido pela internet e até no Mercadão (Foto: Natalia Yahn)

“O fato de o paciente perder peso não significa que está emagrecendo. Pelo contrário, está perdendo conteúdo importante para o organismo vivo, como água e eletrólitos. Os produtos 'naturais' para emagrecer podem trazer diversos riscos à saúde e intoxicações graves, sendo CONTRA-INDICADO o seu USO”.

O trecho acima encerra nota técnica divulgada na tarde desta sexta-feira (5) pela Secretaria de Estado de Saúde. O documento, criado a partir da propagação do uso de produto conhecido como “noz da Índia”, que teria supostos ativos emagrecedores, é assinado pelo médico toxicologista do Civitox-MS (Centro Integrado de Vigilância Toxicológica), Alexandre Moretti de Lima, do coordenador do órgão, Karyston Adriel Machado da Costa, e pela superintendente geral de Vigilância em Saúde, Angela Cristina Cunha Castro Lopes.

Segundo a nota, o uso da noz da Índia “vem sendo divulgado na internet para emagrecimento, por suas propriedades laxativas, porém, existem diversas referências que citam sua toxicidade, principalmente das sementes não processadas, as quais contêm saponinas (toxalbumina) e forbol”.

O documento detalha que a dose tóxica é geralmente superior a três nozes. Mas, os sintomas já podem ser observados após a ingestão de apenas uma semente, “porém vai depender de paciente para paciente, levando em consideração idade, peso ou comorbidades (doenças potencialmente relacionadas ao uso das substâncias)".

Sintomas – A nota técnica detalha que os sintomas são: náuseas, vômitos, cólicas abdominais violentas, tenesmo e diarréia, evoluindo para sede intensa, secura nas mucosas, letargia e desorientação. Nos casos mais graves: desidratação acentuada, dilatação das pupilas, aceleração dos batimentos cardíacos e respiração irregular, até o aumento da temperatura corporal.

O documento do Civitox segue explicando que a diarréia intensa “pode levar a distúrbios hidroeletrolíticos graves, comprometimentos dos rins e alteração na condução cardíaca por perda de íons com o sódio e o potássio, essenciais na homeostase (equilíbrio) do organismo”.

Ainda há registros de câimbras, sensação de formigamento e dor de cabeça. “Lesões renais são observadas”, além de machucados na boca devido à simples mastigação de um caroço da semente.

Sem registro – A nota elaborada pelos médicos ressalta que “não existe no Brasil nenhum produto registrado contendo a espécie Aleurites moluccanus (nome científico da noz da Índia)”. “Assim, todos os produtos que estão sendo divulgados em sites na internet encontram-se irregulares e não devem ser utilizados”.

Antes do conclusão apontando que o produto é contra-indicado, o Civitox cita estudo feito na Argentina em que ficou constatada a venda de outro produto como sendo noz da Índia. No caso, tratava-se de “Chapéu de Napoleão”, de uso já proibido em países como México, Austrália e Argentina.

Morte – O caso da cantora gospel conhecida como Claudinha Félix, de 38 anos, trouxe à tona os potenciais riscos da noz da Índia. Familiares dela acreditam que problemas de saúde dela se agravaram em decorrência do uso do produto, levando-a a morte.

Depois da morte da cantora, o Campo Grande News ouviu médicos explicando que a noz da Índia não deve ser incidada em qualquer caso. Também constatou a venda livre do produto na interne e até no Mercadão da Capital.

Clique aqui para ver a nota técnica na íntegra.

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