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Cidades

Testemunhas dizem que PM pegava dinheiro e fazia ameaças

Redação | 20/07/2009 17:34

Testemunhas disseram nesta segunda-feira à Auditoria Militar que o capitão da PM (Polícia Militar) Paulo Roberto Teixeira Xavier, entrava nos estabelecimentos, pegava dinheiro e placas de caça-níqueis, fazia ameaças aos responsáveis e ainda os obrigava a mentir.

As testemunhas, que terão os nomes preservados por questões de segurança, foram ouvidas pela Auditoria Militar e confirmaram depoimento já prestado ao MPE (Ministério Público Estadual).

São pessoas que mantinham caça-níqueis em seus comércios. Antes de falarem, elas assumiram o compromisso de dizer a verdade, sob pena de serem presas e processadas pelo crime de falso testemunho.

Dinheiro e placas- Uma das testemunhas é um jovem que tem um bar na avenida Júlio de Castilhos. Ele contou que em fevereiro deste ano, Xavier e um outro policial entraram no bar dele, arrombaram uma sala onde havia caça-níqueis, mandaram os 10 clientes que estavam no local saírem e abaixaram a porta.

Em seguida, pegou dinheiro que estava nas máquinas e disse que o comerciante "estava trabalhando para o grupo errado". Nesse dia, Xavier, segundo o jovem, estava fardado, junto com outro homem, "gordinho e que usava óculos".

Outra testemunha, uma mulher que mantinha uma sala na rua Dom Aquino exclusivamente para jogos, declarou que Xavier esteve no local por duas vezes.

Na primeira, pegou R$ 3 mil que estavam nas cinco máquinas e ainda com a mulher e colocou no bolso da calça dele. "Depois ele disse: lindinha, você não viu nada, está tudo certo", contou a mulher.

Segundo ela, ele também tirou as placas das máquinas e falou que ela estava "no lado errado". Depois disso, ela foi encaminhada para a Polícia Civil, junto com os caça-níqueis.

Na segunda vez, quando a mulher chegou ao local, Xavier a aguardava em frente. Eles entraram e ele mandou três jogadores que estavam no local sair, e ainda pegou dinheiro que havia no bolso de um deles.

Segundo ela, o oficial da PM pegou pouco dinheiro que havia nas máquinas. Tinha pouco dinheiro porque fazia cinco dias que os caça-níqueis estavam no local, pois outras tinham sido apreendidas recentemente.

Nas duas vezes que Xavier foi ao local, ele estava com outro policial, segundo a mulher, e com uma viatura, que ela não detalhou as características.

Outra testemunha, um homem de 61 anos, disse à Justiça que em novembro do ano passado, Xavier e um outro policial, soldado gordinho, de acordo com ele, invadiram a casa dele.

Utilizando um pé-de-cabra, os dois policiais arrombaram a porta de entrada da casa. "Eu segurei o que deu", disse a testemunha.

Já na sala onde havia os caça-níqueis, Xavier pegou as placas das máquinas, as guardou e depois chamou outros policiais.

Xavier e o soldado, conforme a testemunha, estavam fardados e em um Renault Logan. Eles ainda levaram o olho mágico da porta arrombada.

O homem foi parar na delegacia de Polícia Civil. e segundo ele, Xavier o fez falar aos policiais civis que havia sido ele quem havia denunciado à PM a existência de caça-níqueis no local.

Segundo a testemunha, foram levadas somente máquinas novas, as antigas foram deixadas no local. Xavier pediu a ele R$ 2 mil, dinheiro que ele alega não ter dado.

As máquinas sob a responsabilidade dessas três pessoas, conforme dito por elas, eram de responsabilidade de um homem identificado por Antônio, morador do Paraná.

Xavier sabia que essas pessoas não trabalhavam para o grupo dele, que de acordo com o MPE, era chefiado pelo major da reserva da PM, Sérgio Roberto de Carvalho.

Por isso, entrava nos locais e fazia as apreensões, forjando uma ocorrência normal. Depois, oferecia máquinas do grupo dele a estas pessoas.

Ameaças e cárcere privado - O comerciante da Júlio de Castilhos e mulher, disseram à Justiça que receberam ameaças e foram mantidos em cárcere privado por Xavier.

A mulher disse à Justiça que ficou com o oficial da PM e o outro policial, de 20h até cerca de meia-noite, da segunda vez em que ele foi na sala dela.

Ela contou que nesse tempo foi ameaçada pelo oficial e que ele queria R$ 5 mil. Segundo ela, o oficial dizia que colocaria maconha no local, para incrimina-la por tráfico de drogas.

Já o comerciante falou que no dia em que Xavier esteve no bar dele, foi mantido sob cárcere também. Ele foi colocado em um Renault, no banco traseiro, e andou no veículo, junto com Xavier e um motorista por cerca de 20 minutos.

Nesse tempo, o oficial falou ao celular e ouviu claramente ele dizer "foda-se". Em seguida, o comerciante foi deixado há cerca de 10 quadras do bar. Xavier dizia ao rapaz que colocaria cocaína no comércio dele.

Propostas -Após as apreensões forjadas por Xavier, o comerciante e a mulher receberam propostas de trabalhar com caça-níqueis do grupo dele.

Quinze dias após ter sido ameaçado pelo oficial, o comerciante recebeu proposta de colocar máquinas de outro grupo no local.

A mulher detalhou as propostas. Ela contou que foi procurada por Márcio, proprietário de uma relojoaria no prédio da rodoviária, para trabalhar com o patrão dele.

Segundo ela, Márcio propôs a ela 20% sobre o lucro e proteção contra apreensões. Com as outras máquinas, ela ficava com 30%.

Ela disse que os comentários entre pessoas que atuam com caça-níqueis, era de que Carvalho era o "patrão" de Márcio.

O homem de 61 anos que teve a casa invadida, falou que conhece a mulher e que sabia que ela havia sido refém e que Márcio trabalhava para Carvalho.

Acusação - O MPE aponta Carvalho como chefe da jogatina. Além de caça-níqueis em bares, ele tinha dois cassinos na Capital e ainda era responsável por um que funcionava no hotel El Pantanal, em Corumbá.

Xavier, segundo o MPE, era o responsável pela segurança. Ele tinha o apoio do também policial Marco Massaranduba.

Os três e o também policial Odilon Ferreira, foram presos na operação Las Vegas, deflagrada em maio deste ano.

Além da manutenção da jogatina, eles respondem por outros crimes, como: ameaça, cárcere privado e corrupção. Responde também por crimes militares.

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