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Cidades

Uso de córrego por siderúrgica revolta a vizinhança

Redação | 17/09/2010 13:58

Vizinhos à mineradora Vetorial, que conseguiu esta semana o direito de usar água do Córrego em Piraputanga, em Corumbá, atribuem à atividade da empresa os problemas que eles enfrentam com o abastecimento de água.

Segundo os moradores, a atividade extrativista do minério, que utiliza a água para lavagem do produto, e a de beneficiamento, que usa grande quantidade do líquido para resfriamento do ferro gusa, é a grande responsável por essa diminuição.

O morador Augusto César Alves da Silva diz que o receio é ver o Piraputanga ter o mesmo destino do córrego que abastecia a região de Urucum, ou seja, secar. Para ele, que vive há 23 anos no local, a vazão do córrego é hoje 40% menor.

"Antigamente, numa época de seca, ela diminuía, mas com as chuvas restabelecia. Agora não, diminui na seca e quando chove, não volta ao que era, não está recuperando mais", observa.

"A população da cidade também perde porque acabarão os balneários, não terá onde passear nos domingos. Vai vir lá da sua casa, em Corumbá, pra encontrar aqui sequidão?", questiona.

Moradores da região conhecida como Igrejinha, ainda em Maria Coelho, também reclamam da falta de água. Um dos braços do córrego Piraputanga que abastecia a região secou há cerca de 3 anos como explicou ao Diário a moradora Edeutrudes Correa de Oliveira. Ela ainda lembra de como era a vida quando tinha água em abundância.

"Como corria normalmente, cada um tinha sua mangueira pra casa, puxava do córrego. Ocupava pra tudo, pra beber, molhar a planta, quem tinha plantação, horta, lavar roupa."

Hoje, ela e mais dezoito famílias dependem da água trazida por caminhão-pipa contratado por uma das empresas que atuam na região. Conforme a dona de casa, há vezes que falta água e é preciso ligar para a empresa trazer mais.

Os moradores reclama, ainda, da diferença de tratamento entre o cidadão e a empresa.

"As pessoas não podem mais puxar um bico de água, uma mangueira de água de quase uma polegada, que é quase nada. O promotor não libera e para a empresa Vetorial estão conseguindo liberar a água para trabalhar o forno, que é uma quantidade enorme, sendo que para o ser humano ali não consegue um biquinho de água. Tem que olhar para os moradores que cuidam, zelam, não empresas que só exploram", diz Augusto.

Autorização- Na quarta-feira, o TJ (Tribunal de Justiça) concedeu mandado de segurança à Vetorial permitindo o uso da água do córrego. Com essa decisão, a empresa vai iniciar processo de licenciamento ambiental para ampliar a produção em 150%, de 12 mil para 30 mil toneladas do produto, situação que significa uma maior retirada da água do córrego para o resfriamento das placas de ferro.

A autorização do TJ livra a Vetorial de uma das obrigações do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) firmado entre a antiga que previa o impedimento do uso da água do córrego firmado em 2008 entre a MMX, antiga proprietária da siderúrgica, e o Ministério Público Estadual, Prefeitura Municipal de Corumbá, e Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul.

Após a compra da MMX, a Vetorial verificou que em sua licença constava a condicionante que não autoriza a captação de água para fins industriais e o lançamento direto ou indireto de qualquer material poluente no córrego Piraputanga ou qualquer outro córrego da região. A empresa alega que precisa da captação para poder funcionar.

O Ministério Público Estadual não deverá recorrer do mandado de segurança. Segundo a Assessoria de Imprensa do MPE-MS, a instituição deverá se manifestar apenas quando houver um julgamento definitivo do caso, no Tribunal do Justiça, o que não há data para ocorrer.

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