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Em Pauta

A Groenlândia, que Trump quis comprar, é uma tumba

Mário Sérgio Lorenzetto | 09/11/2019 09:05
A Groenlândia, que Trump quis comprar, é uma tumba

Groenlândia é um território inóspito. Essa ilha, que Trump colocou em todas as capas dos jornais ao anunciar sua intenção de comprá-la, demonstra que qualquer sociedade corre o perigo de ser derrotada pela natureza. O presidente dos EUA, um negacionista das mudanças climáticas, perdeu a chance de tirar uma lição importante sobre o clima se chegasse a se interessar pela história desse imenso território gelado: entre quatro e seis civilizações desapareceram por não saberem respeitar as condições dadas pela natureza. O último grupo humano vencido pela Groenlândia foram os destemidos vikings.

A Groenlândia, que Trump quis comprar, é uma tumba

Maias, Ilha da Páscoa e Groenlândia - o ambiente derrota os humanos.

Até o século passado, os estudos sobre o fim de civilizações como maias, o povo que habitou a Ilha da Páscoa e a Groenlândia, buscavam o fator detonante dessas civilizações em aspectos exteriores a elas. Pensavam exclusivamente em guerras, invasões e enfermidades. Todavia, neste século, os estudiosos passaram a introduzir um fator inquietante: uma sociedade pode colapsar por causas internas. Sobre a Groenlândia, já há um certo consenso entre os poucos especialistas que existem. São cinco os fatores que detonaram os vikings que viviam na Groenlândia: o impacto dos noruegueses vikings sobre o meio ambiente, a mudança climática (uma parte era quente e uma parte era gelada), a perda dos contatos amistosos e comerciais com a Noruega, o aumento do trato hostil com os inuits (esquimós) e a atitude conservadora e xenófoba dos que viviam na Noruega frente aos que viviam na Groenlândia.

A Groenlândia, que Trump quis comprar, é uma tumba

A história dos vikings na Groenlândia.

Conduzidos por Erik, o Vermelho, os vikings chegaram a essa ilha em torno do ano 1.000. O nome da ilha em inglês, Greenland, terra verde, provém daquela época. Até hoje debatem se foi um erro ou se tratava de fake news para atrair mais colonos. Durante 400 anos prosperaram como uma comunidade agrícola, mas principalmente pelo comércio das presas de marfim da morsa, muito apreciado na Europa medieval. Todavia, o mundo deixou de ter notícias deles em pouco tempo. Em 1721, o missionário luterano Hans Eged viajou a essa ilha com a intenção de convertê-los ao protestantismo. Quando chegou, só encontrou ruínas e silêncio. Os inuits que continuaram vivendo na Groenlândia explicaram que os vikings tinham sido extintos há muitos séculos. Mas eles não foram os únicos. Os estudiosos afirmam que a Groenlândia foi a tumba de quatro a seis sociedades. Provocaram enormes danos no meio ambiente e, no caso dos vikings, perderam o comércio de marfim das morsas para o marfim dos elefantes africanos e asiáticos.

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Por que algumas sociedades tomam decisões catastróficas?

A maioria das decisões nefastas tomadas por algumas sociedades tem a ver com a destruição do meio ambiente. Um presidente que está passando como elefante em uma loja de louças pelos consensos internacionais em torno das mudanças climáticas, que despreza os que defendem o planeta, poderia ter encontrado muitas pistas a essa interrogação na Groenlândia viking. Mas se limitou a rir de uma menina valente e a por um preço em algo que não pode ter.

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