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Em Pauta

Cemitério dos vivos. Memórias de um carcereiro preso

Mário Sérgio Lorenzetto | 29/01/2017 08:23
Cemitério dos vivos. Memórias de um carcereiro preso

Ele agora via-se submetido a sérios caprichos de inimigos ferozes, irresponsáveis, causadores de males inúteis. Após tanto tempo cuidando das chaves da prisão, era um presidiário. O fato de ter sido preso mudara o modo de como via o mundo. Passou a reavaliar seus conceitos e valores.

Começou a se prender ao lado bom das pessoas e muitas vezes se surpreendera com a caridade de seus companheiros de cela. Também começara a perceber a loucura de alguns presos. Loucos e criminosos vivem em franca simbiose nas prisões. A lembrança da noite, do pesadelo extenso, do calor, do companheiro coçando as pelancas, afligia suas manhãs. Naquele estado, o estômago vazio, a garganta seca, ia estirar-se novamente na tábua suja, asfixiar-se, ouvir gemidos, roncos, pragas, delirar, aproximar-se da loucura. O tédio o aproximava do tresvario. A falta do que fazer o irritava profundamente. O dia é de tédio e ele passou a procurar meio e modos de fugir dele. Sofria. Arrependia-se de tudo, de não ter seguido os caminhos batidos, de ser apenas mais um. O automatismo, renovado com frequência nas cadeias, era uma tortura. Os livres não imaginam a extensão do tormento. Ele e seus companheiros carcereiros-presidiários, andavam a toa, desarvorados. Perdiam-se em conjecturas. Até quando permaneceriam presos? Que futuro nos reservariam? Provavelmente não haveria mais lugar na sociedade. Seríamos fantasmas. Só agora entendia, vivia em um cemitério de vivos.

Continuaríamos vagando tristes. Inofensivos e desocupados. Para nós não havia a possibilidade de fuga, direito primitivo de todo prisioneiro. Em uma prisão sempre há algum tipo de nivelamento entre os que se encontram presos - dinheiro, títulos, posição social... Para eles, tudo se diluía. O cigarro, a maconha, o álcool, materiais de higiene... eles bem sabiam, são fundamentais em uma prisão. Adquirem novo valor, não só pela escassez, mas por servirem de ponte nas relações entre todos que vivem e trabalham nos presídios. Passam a estar em um armário superior ao do vício, são essenciais para a sobrevivência. Amaciam a estadia naquele cemitério.

Faltava-lhe ar, luz, liberdade. Em condições normais balanceamos as nossas possibilidades, e não vamos além dela. A sociedade nos determina, com rigor, os atos possíveis. Dentro da cadeia, essas limitações desaparecem, anulam-se as fronteiras. Ele agora via que podia mover-se de um lado para outro, indiferente às restrições da sociedade, alheio às conveniências. Movia-se até bater o nariz em uma porta de ferro. Esse é o único obstáculo em uma prisão. Todos os demais códigos, normas e relações fluidificaram-se, quase desapareceram. Os deveres incutidos lá fora não existem. Ilustrado, não podia fazer valer minha ilustração. Educado, passei a ser tomado por mais um ignorante, com medo de aumentar as humilhações. A vida não me tinha mais sabor.

Um dos horrores de qualquer reclusão é nunca se poder estar só. No meio daquela multidão sempre há um que vem falar isso ou aquilo. Há os que se degradam no sexo. Até mesmo com indiferença. Esse nojo e esses escrúpulos esmorecem com o tempo. Inicia-se um tempo de indecisa piedade. Até a piedade míngua e tende a desaparecer. Ele sentia repulsa, mas aprendera a respeitar os outros. Em algumas condições, todos se animalizam rapidamente. Tornara-se mais instintivo. O rumor noturno dos ventres, a horrível imundície, as cenas ignóbeis na latrina, rixas de quando em quando, por motivos fúteis ou por nenhum... a princípio abalavam. Tornaram-se quase naturais. É uma experiência de tirania. Ele, que ontem brincava de gato e rato com os presos, era tiranizado.

Cemitério dos vivos. Memórias de um carcereiro preso

Educação fracassada. O professor ensina o que não sabe

Sabe onde fica a constelação de Peixes? Não sabe? Nem eu. Essa é a realidade para 38% dos professores do Mato Grosso do Sul. Elas não sabem porque estão dentro da sala de aula. Não entendem a matéria para a qual foram contratados. O número é absurdo, inaceitável. Saiba, porém, que não estamos entre os piores quadros do país. Só há 5 Estados em melhor situação. E não são apenas as escolas públicas que vivem essa situação crítica, as particulares vivem o mesmo dilema.

O quadro é extremamente crítico para as aulas de Física e de Química (Artes e Filosofia são quase inexistentes). É de estarrecer, 71% dos professores de física não sabem nada da matéria. Em regra são professores de matemática que, por necessidade e facilidade, são "adaptados" para lecionar a matéria. Essa "gambiarra" se eterniza em nossas escolas, assemelha-se à falta de pediatras nos postos de saúde. A explicação é que os jovens não desejam a profissão, ela não os remunera de acordo com as exigências. Para agravar o quadro falimentar educacional, quase inexistem perspectivas de melhoria. Há necessidade de faculdades para formação de professores por área no país. A única experiência, com alguma fama, para esse resultado está na Faculdade do Sesi de São Paulo.

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Cerveja: Ale, Lager ou Lambic? Conheça os tipos

Saiba que a diferença entre as principais cervejas está no tipo de fermentação e pague uma de cervejeiro.

A cerveja é uma bebida tão antiga que já existia antes de Jesus Cristo transformar água em vinho. Acredita-se que ela tenha surgido há mais de 7 mil anos, na região da Suméria (atual Iraque e Kuwait). Mas a prova da existência da cerveja, uma receita encontrada por arqueólogos, é bem mais "jovenzinha". Datada de 1800 antes de Cristo, não é apenas uma receita para fazer cerveja, também é um hino à Ninkasi, a deusa suméria da cerveja. É isso mesmo, os sumérios eram tão simpáticos que escolheram uma deusa para a cerveja. Também levavam o negócio da cerveja tão a sério que estabeleceram uma lei, muito rigorosa, que punia com a pena de morte quem descumprisse os princípios de produção e de venda. Um pouquinho mais de água na cerveja e a espada cortava o pescoço do "criminoso".

Muita coisa mudou desde então. A receita da cerveja saiu do Oriente Médio e invadiu a Europa e a África. Outros povos aprenderam a fazer cerveja e foram criadas novas maneiras de produzi-la. Com isso, centenas de novos estilos surgiram e a cerveja se tornou uma das bebidas mais consumidas do mundo. Apesar de hoje existir uma enorme diversidade de cervejas no planeta, os estilos (IPA, pilsen, malzbier e tantos outros) são classificados em três grandes famílias (nem tanto, duas grandes e uma pequena). As mais populares são as Ales e as Lagers, que ocupam cerca de 99% do mercado cervejeiro mundial. Mas, afinal, qual a diferença entre as famílias? A principal se encontra nos métodos de fermentação. Enquanto em uma, a fermentação ocorre na superfície do mosto (líquido formado pelo lúpulo e pelo malte), em outra, é na parte inferior do mosto que ocorre a fermentação. Tem até cerveja que faz uso do método "selvagem" - deixa a fermentação ocorrer sem controle rígido da temperatura ou das bactérias - o que resulta em um sabor quase sempre surpreendente. Veja as características de cada família e pague uma de cervejeiro com os amigos.

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