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Em Pauta

Entre as Torres Gêmeas e a Tunísia. A insurreição da direita

Mário Sérgio Lorenzetto | 08/06/2021 07:00
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Quando começou a nova política do século XXI? Há aqueles que creem que tudo começou em 11 de setembro de 2001, com o atentado contra o World Trade Center. Essa é a maneira como muitos pensadores contam o início deste século. É a forma de colocar o século sob o signo do medo, da "ameaça terrorista" que nunca passa, que, para combatê-la, acaba se tornando uma forma de governo que bebe na violência. Coloca nosso século sob o signo da paranoia, da fronteira ameaçada, da identidade invadida. Como se a única demanda política que existisse fosse a segurança e a proteção policial. A queda das Torres Gêmeas mudou o mundo. Protagonizou a insurreição da direita. Essa é uma forma de enxergar o mundo. Vencedora no Brasil. Mas não é a única.


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Um verdureiro criou uma revolução global molecular.

Para tantos outros, o século XXI começou em uma pequena cidade da Tunísia chamada Sidi Bouzid, no dia 17 de dezembro de 2010. Começou longe dos holofotes, longe dos grandes centros. Começou na periferia. Nesse dia, um verdureiro chamado Mohamed Bouazizi decidiu reclamar ao governador regional e exigir a devolução de seu carrinho de frutas, que fora confiscado pela polícia. Vítima constante de extorsões policiais, Bouazizi foi ao prédio do governo com uma cópia da lei em punho. O policial que o recebeu, rasgou a lei e lhe desferiu um tapa na cara. Bouazizi então, tocou fogo em seu próprio corpo. A Tunísia entrou em convulsão. Seguiram-se tantas outras no Oriente Médio. Veio a Primavera Árabe. Mas o incêndio não pararia por lá. Alastrou-se para N.York com a Occupy, na Plaza del Sol de Madrid, em Istambul, em Tel-Aviv, em Santiago de Chile.... e chegou ao Brasil.


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Uma insurreição da direita.

Não se equivoquem. O que houve no Brasil foi uma insurreição. E quem a comandou foi o conservadorismo. Cansado da desfaçatez da esquerda, exausto de desesperanças e provocações, ungiu o que encontrou pelo caminho: Moro e Bolsonaro, sua criação. Essas forças , dispersas, encontraram-se nas redes sociais... e chegaram ao poder. São setores expressivos da população que continuam pedindo um golpe militar. Temem o retorno da esquerda ao poder, dai a solução golpista. O cenário que está sendo desenhado é de uma insurreição contra outra insurreição futura. Mas, há espaço para a mesmice, a velharia esquerdista?


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O que se avizinha é uma insurreição molecular.

Pouco importa o nome do partido. Seus estatutos são arcaicos. Suas ideias são obsoletas. Um bando de esclerosados. O que temos pela frente é uma insurreição molecular. O termo, que está sendo empregado no mundo todo, foi criado por Álvaro Uribe, ex-presidente linha dura da Colômbia. Foi ele quem conclamou os seus à luta contra "a revolução molecular". Uribe tem razão. Normalmente, são os políticos de direita - melhor preparados - os primeiros a entender o que está acontecendo.


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Um conjunto de levantes populares.

Não se trata da velharia marxista. Nem mesmo será de esquerda, ainda que ela consiga comandá-la, por falta de opção. Serão levantes populares. Desempregados, aqueles que não conseguem se recuperar da pandemia, os que não se esquecerão da falta de vacinas, familiares que perderam seus entes queridos, os que devem muito aos hospitais. Essa é a linha de frente da insurreição molecular. Mas, também acolherá ambientalistas, aqueles que comem um mísero pedaço de pão por dia, aqueles que foram jogados nas ruas, feministas, artistas, professores e seus alunos... serão sublevações que operarão transversalmente, de forma não hierárquica, sem os tradicionais chefetes de meia tigela. Esse é o futuro que se aproxima. A tendência é de uma insurreição de direita contra uma insurreição molecular. Melhor se preparar.

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