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Em Pauta

Nem todo mundo queria o homem na Lua

Mário Sérgio Lorenzetto | 20/07/2019 08:13
Nem todo mundo queria o homem na Lua

Há exatos cinquenta anos, mais de um milhão de norte americanos dirigiram, voaram e foram de barco para o Cabo Canaveral, na Flórida, testemunhar o lançamento da Apollo 11, que culminaria, quatro dias depois, com a vitória sobre a União Soviética na Corrida Espacial.

Menos de um mês depois, cerca de 500 mil jovens pegaram carona e atravessaram os EUA para o Festival de Woodstock, no interior de N.York. Dançaram e cantaram na chuva e na lama com canções de críticas ao país, especialmente pelo envolvimento na Guerra do Vietnã. Como esses dois eventos, que pareciam transcorrer em mundos separados, foram tão próximos?

Nem todo mundo queria o homem na Lua

Deveriam os EUA gastar US$20 bilhões para vencer uma corrida?

Uma das respostas está nos protestos contra os gastos de US$20 bilhões para vencer uma batalha da Guerra Fria, colocando o homem na Lua. Muitos desejavam que esses gastos estivessem relacionados com o enfrentamento das desigualdades raciais, na saúde, na educação contra a poluição e as diferenças salariais entre homens e mulheres. Para os que protestaram, as missões Apollo eram parte do "establishment", uma engrenagem no complexo "industrial-espacial-militar", que trabalhava clandestinamente para reequipar tecnologicamente aqueles que lutavam no Vietnã.

Nem todo mundo queria o homem na Lua

Protestos nas universidades e nas ruas.

Uma organização denominada "Students for a Democratic Society" organizou manifestações anti-NASA em campus universitários em todas as regiões dos EUA. Afirmavam que os gastos na NASA eram uma arma que destruía recursos para a educação. Eles não estavam sozinhos. O movimento dos direitos civis para os negros marchou para as proximidades da NASA com 25 famílias negras pobres em dois vagões desalinhados e puxados por quatro mulas. Questionavam a "distorcida sensação de prioridades nacionais" que deixava 20% de seus cidadãos sem comida, roupas e abrigos adequados.

Ambientalistas também foram às ruas. Culpavam os lançamentos da Apollo por contaminação do Cabo Canaveral. Também diziam que a corrida espacial só servia para distrair os norte americanos dos crescentes problemas de poluição.

Nem todo mundo queria o homem na Lua

Os Kennedy lutam pelos cortes orçamentários da NASA.

Logo após Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisarem na Lua, o senador Ted Kennedy argumentou que "uma parte substancial do orçamento espacial deveria ser deslocada para resolver problemas em casa". O Congresso logo concordou. Reduziu o orçamento da agência espacial em mais de 20%. Também desmantelou as pesquisas que visavam maiores poderes tecnológicos para a Guerra do Vietnã. No ano seguinte, lançou o que se tornaria conhecido com Landsat, o primeiro de muitos satélites a coletar dados por cientistas ambientais visando rastrear a poluição do ar, da terra e da água. Logo a seguir, criaram o primeiro corpo de astronautas mulheres. Em 1972, a NASA criou seu próprio escritório de projetos urbanos. A ideia era reequipar áreas de moradores pobres com alta tecnologia para aquecimento e resfriamento das residências. Os aparelhos tinham alta eficiência energética e foram usados na cápsula da Apollo 11. Hoje, a corrida espacial tornou-se uma empreitada comercial.

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