Qual o melhor horário para trabalhar?

Acordar e observar uma praça na China é um deleite para os sentidos. Centenas, talvez milhares de pessoas - jovens, crianças e idosos - "dançando" o tai-chi-chuan, em uma coreografia sincronizada. O exercício chinês que não chegou ao Ocidente é praticado antes do raiar do sol. A multidão de pessoas acorda às 04:30 horas, no máximo às 05:00 horas, vai à praça e, depois toma um banho para estar pronta para os estudos ou trabalho.

A última moda na África do Sul ocorre às 05:00 horas. Em um local secreto comunicado apenas aos participantes - realizam-se as "Secret Sunrise". São festas para dar continuidade a uma noite de exageros? Não! São sessões de ioga e dança para começar um dia de trabalho. Para estas pessoas, às sete da manhã, hora que muitos outros estão acordando, uma boa parte do dia está cumprida e ainda falta um dia inteiro.

Apesar de ser apologista de que cada pessoa deve respeitar o seu ritmo e a sua produtividade, defendo até que as empresas e escolas deveriam ter isso em consideração e permitir que as horas de trabalho fossem cumpridas em diferentes horários, afinal, as tecnologias vieram para nos libertar de uma série de amarras como essa.

Não tenho dúvida de que o ser humano foi naturalmente feito para acordar com o nascer do sol e adormecer quando já não há luz natural. E, dessa forma, trabalhar e estudar para que o nosso humor agradeça e não sejamos tomados pelo mau humor de horários que militam contra nosso organismo individual.

Há madrugadores aos montes. Há dorminhocos muito mais. Ambos podem produzir muito mais. A inflexibilidade de horários pertence ao século passado. Há poucos anos passamos pelo debate público de mudar os ponteiros de nossos relógios para que eles se igualassem aos de São Paulo, os dorminhocos vociferaram....com razão. Seus organismos reagiriam com mau humor à mudança. Mas os madrugadores saíram perdendo...queriam aproveitar a vida fora da cama. Com a mesma essência, a prefeitura de Campo Grande está impondo horários a seus servidores. Debates acalorados se formaram. São discussões superadas pelas práticas empresariais da humanidade. A saída está na tecnologia e na flexibilidade dos horários. Basta ter vontade e organizar... e não ser um déspota.

Umberto Eco se foi. Mas o eco de suas palavras ficará.

Eco era antes de tudo um libertário. Defendia que, mais do que combater os mitos, o importante era não "deixar que eles surjam". Era uma crítica direta às sociedades, como a nossa, que criam e nutrem mitos e heróis e estes acabam por escravizá-las. Ele sabia que os mitos não nascem por geração espontânea. Foram alimentados e fomentados por seus seguidores. Isso fazia com que o grande pensador italiano defendesse que a discordância política, a crítica ao poder da coloração que fosse, era, em vez de uma traição, o sal que impede que os valores da democracia e da liberdade se corrompam. Uma vacina contra qualquer variante do fascismo. Por ideias como essa, Eco foi discriminado no Nobel. Mas ele lutou sem nunca se dobrar aos mitos. Infelizmente, não há um Eco no Brasil, falta coragem e estatura. Sua morte empobrece o mundo das ideias.

Despedida de Umberto Eco. O pensamento fica.

Algumas ideias pronunciadas por Umberto Eco, um dos mais insignes pensadores, que se despediu de nós deixando a riqueza de suas ideias, a única riqueza que pode interessar à humanidade.
"Alguém que é feliz a vida toda é um cretino. Por isso, antes de ser feliz, prefiro ser inquieto."
"Nada inspira mais coragem ao medroso, do que o medo alheio."
"Certas coisas se sente com o coração. Deixa falar o coração, interroga os rostos, não escutes as línguas."
"Apenas os pequenos homens parecem normais."
"Os que não podes amar, teme-os."
"A concissão é a essência da inteligência."
"Terroristas não saqueia para possuir, nem matam para saquear. Matam para punir e purificar através do sangue."
"Talvez a missão daqueles que amam a Humanidade seja fazer com que as pessoas se riam da verdade, porque a única verdade consiste em aprender a libertar-nos da paixão insana pela verdade."

Bolívia: Primeira contagem de votos derrota o último bastião da esquerda latino-americana.

Apuradas quase 76% das atas que contabilizam os votos dos bolivianos, o "NO", voto contra a permanência por mais quatro anos de Evo Morales no poder, obteve 55,4% e o "SI" chegou a 44,6%. Evo Morales, o último bastião da esquerda latino-americana poderá sofrer sua primeira derrota em 10 anos.

A votação se transformou na grande oportunidade para a oposição boliviana para impor a primeira derrota ao governo esquerdista no discurso, mas de prática conservadora no cuidado com as finanças públicas. Sua boa gestão, ao que tudo indica, não foi suficiente para mudar o estado de ânimo dos bolivianos preocupados com a queda do padrão de vida que obtiveram com o aumento na arrecadação do gás, que com a queda internacional do preço do petróleo também vem sofrendo uma queda drástica.

Some-se às dificuldades econômicas um escândalo que estourou em plena campanha eleitoral que viu surgir a figura de Gabriela Zapata, uma namorada e mãe de um filho de Evo Morales que foi colocada em um emprego almejado por todos - Zapata é gerente comercial da empresa chinesa CAMC, empreiteira que tem sete contratos com o governo boliviano. A denúncia é de tráfico de influência em prol da namorada. Pior ainda, um grupo de tresloucados partidários de Evo Morales ateou fogo em um prédio da administração municipal de La Paz, opositora de Evo Morales, matando seis pessoas e ferindo outras 18. Os vândalos incendiários foram liderados por um dirigente do partido de Morales que decidiu saquear o prédio público para queimar documentos que incriminariam o presidente da República. Derrota na Argentina, derrota na Venezuela, desistência do presidente do Equador em concorrer à reeleição...a esquerda latino-americana voltará a ser oposição.

Nossa paciência diminuiu com a internet.

Não há como contestar que a internet nos trouxe enormes vantagens. A facilidade de acesso à informação, a facilidade com que podemos ignorar as distâncias, passar menos tempo nas bibliotecas ou nem mesmo frequentá-las. Agora, basta pedir para o Google. Em décimos de segundos ele dará milhares de respostas. Mas há um novo problema. Se demorarmos mais de um minuto para acessarmos a internet ficamos furiosos. Um minuto só! Nosso limiar de paciência diminuiu.

As informações mais bem-sucedidas, que têm mais probabilidade de serem consumidas, são apenas pedaços de informações. E isso é muito complicado pela tendência das ideias rasas, sem aprofundamento algum.