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Em Pauta

Um mundo de criados. Até criados tinham criados

Mário Sérgio Lorenzetto | 04/08/2020 07:00
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Era uma época de criados. As casas tinham criados do mesmo modo que hoje as pessoas possuem aparelhos domésticos. Até trabalhadores comuns tinham criados; e mesmo certos criados tinham criados.
Os criados faziam mais do que prestar serviços práticos; eram um indicador essencial de status. As pessoas se aferravam à necessidade de ter criados, quase tanto como à própria vida.


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Karl Marx tinha criados e dormia com um deles.

Karl Marx, o pensador do comunismo, vivia no Soho, em Londres. Cronicamente endividado, muitas vezes não tinha comida para colocar na mesa. Mas empregava uma governanta e um secretário pessoal. A casa era tão superlotada que o secretário - um homem chamado Pieper - tinha que dormir com Marx na mesma cama. Mesmo assim, de algum jeito, Marx conseguiu arrumar momentos de privacidade para seduzir e engravidar a governanta, que lhe deu um filho. Algo bastante comum não só na Inglaterra, mas muito mais no Brasil, sempre com uma população ultra erotizada.


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Criadagem ou prostituição?

Logo após a libertação dos escravos no Brasil, uma em cada três moças - de qualquer cor de pele - era empregada doméstica. Outra terça parte se compunha de prostitutas. Para a grande maioria, essas eram as únicas opções. Era um mundo sobretudo feminino. As mulheres empregadas no serviço doméstico superavam os homens em dez para um. A maioria deixava a criadagem por volta dos 35 anos, em geral para casar, e muito poucas permaneciam no mesmo emprego por mais de um ano. Era um trabalho duro e ingrato.


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Antes do dia raiar....

Os criados em todos os níveis trabalhavam longas horas, arduamente. Tinham que cortar a lenha e acender o fogo, engraxar todos os sapatos dos patrões, dos filhos e dos parentes e ainda limpar e aparar os lampiões. Tudo isso antes que a família começasse a se mexer pela casa. O destino de um criado era passar em torno de 17 horas por dia trabalhando duro, dentro e fora da cozinha, carregando carvões em brasa, o desjejum ou latas de água quente. Antes do advento do encanamento interno, era preciso levar água para cada quarto e retirá-la depois de utilizada. Também tinham de limpar os urinóis e as "commodes" (cadeiras com urinol).


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"Amiga do criado", o primeiro eletrodoméstico.

Limpar as facas - guardadas envolvidas em banha - era um trabalho tão pesado que uma máquina de limpar facas se tornou um dos primeiros aparelhos para poupar o trabalho manual. Era basicamente uma caixa com uma manivela que fazia girar uma escova dura. Uma dessas caixas foi vendida como a "Amiga do criado". E era mesmo, sem dúvida.

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