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Em Pauta

Vítimas da Samarco agora sofrem de preconceito

Mário Sérgio Lorenzetto | 18/07/2016 07:10
Vítimas da Samarco agora sofrem de preconceito

Uma gigantesca barragem de rejeito de minério de ferro, conhecida como Fundão, pertencente à empresa Samarco, controlada por duas das maiores mineradoras do mundo - Vale e BHP Billiton - rompeu inteira sobre o pequeno povoado de Bento Rodrigues, distrito de Mariana, Minas Gerais.

Dezenove pessoas morreram só na primeira meia hora. Mas, nos dias que se seguiram, a vida de outras centenas de milhares que vivem ao longo dos 650 quilômetros percorridos pela lama, seria afetada para sempre. Todos que viviam em Bento Rodrigues mudaram para Mariana, o distrito, como se fosse uma nova Pompéia, tem seus escombros preservados pela lama. Mesmo destino tiveram os moradores de Paracatu de Baixo - foram para Mariana. Já os de Gesteira se dividiram, uma parte para Mariana e outra, para Governador Valadares.

Dilma só visitou a região afetada pelo maior desastre ambiental da história brasileira uma semana depois. No aeroporto de Governador Valadares, ela fez uma reunião de emergência com os prefeitos das cidades atingidas e em seguida discursou. Foi um constrangimento. Primeiro atrapalhou-se com o nome da empresa, que chamou de São Marcos. Depois como que desconhecendo a gravidade da situação, afirmou que o Rio Doce seria recuperado e "ficaria muito melhor do era". Por fim anunciou a multa imposta pelo Ibama de R$250 milhões, da qual a empresa recorreria e nunca pagaria. E se retirou.

Desde o dia do desastre, 5 de novembro de 2015, deu-se um jogo de empurra-empurra entre os diversos órgãos federais e estaduais. É o velho e carcomido "não tenho nada com isso" de nossas autoridades que só é substituído pelo " a culpa é do outro".

Nos últimos tempos, os antigos moradores de Bento Rodrigues vêm sendo vítimas de preconceito. Se não bastasse a destruição de seu vilarejo e de seu cotidiano, ainda sofrem com os tratos de muitos cidadãos de Mariana para onde foram levados. São como refugiados, alvos de pena por alguns e de ódio por muitos. Em razão da paralisação da Samarco, que afeta a economia de Mariana e aumenta o desemprego, muitos cidadãos de Mariana atribuem a crise aos recém-chegados. Há preconceito explícito. Um dos motivos é que aqueles que saíram de Bento Rodrigues recebem da Samarco cartão de alimentação e uma bolsa em dinheiro. Já os desempregados de Mariana, esses têm que se virar sozinhos.

Vítimas da Samarco agora sofrem de preconceito
Vítimas da Samarco agora sofrem de preconceito

Até quando brincarão de guerrilha?

Dilma Rousseff ao invés de brincar de guerrilha, inclusive internacional, deveria propor um novo governo à partir de setembro ou aposentar-se definitivamente e para sempre. Caso contrário, não se sabe para que deseja retornar.
Passou da hora de arquivar ideias mirabolantes, tiradas do arsenal de recursos para manter o poder a qualquer custo.

Uma nova eleição presidencial agora? Um plebiscito? Qualquer invencionice para ocupar as páginas dos jornais por quem foi esquecido? Que fique claro, só existe esse governo de Temer com dois meses incompletos, e há o de Dilma, de 17 meses anteriores a maio com um grande saldo de crise econômica, política e todas as demais que pensarem.

Essa é a realidade da política, de um governo que faz política, de uma democracia representativa. É verdade, de nível e gosto duvidoso. Mas é esse o Congresso que existe e não desesperem, pelo andar da história brasileira, o próximo será ainda pior.

Também são esses os mercados que existem. Não pode haver ilusões. Precisamos entender que existem mercados e não um mercado. Eles são dominados e dominam, ao mesmo tempo, por diferentes tipos de força e pressão. Muitas vezes antagônicas. Há o financeiro que quer o Temer. Há o produtivo que está ilhado pela crise do consumo, mal respirando, que ainda apresenta rachas - parte maior com Temer e os que sonham com os "bons tempos" de Lula.

Mas nenhuma das vertentes deseja Dilma. Há o da infraestrutura, sem o qual não existe crescimento e emprego, mas para ele não existe paciência, persistência e criatividade em soluções. Nesse último mercado, a maioria se pauta pela concorrência desleal que o governo Dilma tanto favoreceu. São tecnocratas que voltam o repetir o mesmo que disseram em todas as crises de todos os governos, os conceitos vagos, as saídas de sempre para onerar os cofres governamentais com suas obras que nunca terminam.

Só existem duas hipóteses: Temer ou Dilma. Só existem dois governos possíveis. Um tornou-se a negação do outro. Resolvam.

Vítimas da Samarco agora sofrem de preconceito

O dia em que o PT se tornou antagonista do PSDB.

Engana-se que pensa que o PT e o PSDB sempre foram rivais. Pelo contrário, andaram por um bom tempo de braços dados. Quem destruiu essa aliança foi Fernando Henrique Cardoso. Desde o impeachment de Collor, em 1992, Lula era o favorito na eleição presidencial. Muitos partidos queriam formar coligações com o PT - entre eles, o PSDB, partido com quem os petistas dividiam palanque e trocavam elogios. Em troca do apoio do PSDB, Lula planejava dar a vaga de vice da sua chapa para Tasso Jereissati e apoiar, em vez de José Dirceu, o tucano Mario Covas na eleição para o governo de São Paulo.

Quatro meses antes da eleição, as pesquisas mostravam que Lula tinha 42% das intenções de voto. O terreno para a vitória no primeiro turno estava preparado, mas de repente apareceu o Plano Real. O pior para os petistas é que o Ministro da Fazenda que apresentou a nova moeda, Fernando Henrique Cardoso, já havia anunciado que concorreria à Presidência.

A primeira reação de Lula e de outros petistas foi considerar o plano um engodo. Mostraria sua verdadeira face depois da eleição. Quando o plano se revelou um sucesso, os petistas mudaram de estratégia. Em vez de atacá-lo, passaram a afirmar que a inflação não era o principal problema dos brasileiros. Não deu certo. FHC ganhou a eleição de 1994 no primeiro turno. O PT e o PSDB, até então dois partidos amigos, se tornaram os antagonistas da política brasileira.

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Até o tereré ficou mais caro.

No Brasil existem 64 mil hectares de erva-mate em matas nativas e 96 mil hectares em áreas plantadas. Com um vigoroso crescimento nas exportações, saiu de 33 mil toneladas vendidas em 2011, para 36 mil toneladas no ano passado, o quilo da erva-mate paga ao produtor valia R$ 0,93 no mês passado, ante R$ 0,32 em 2011. É um grande salto de valorização para o agricultor. Em valores, o crescimento das exportações da erva-mate, foi ainda maior: US$ 101 milhões no ano passado, 66% a mais do que cinco ano atrás. Hoje, a erva-mate é vendida para a Alemanha, Estados Unidos, Espanha e França.

O Brasil é o maior produtor mundial. Com 160 mil hectares colhidos em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, a produção anual é de um milhão de toneladas. A erva vem deixando os produtores eufóricos pois só a Coca Cola distribuirá mais de 400 mil litros, graciosamente, para os atletas que virão para os Jogos Olímpicos, uma jogada ousada para promover sua bebida feita com a erva-mate e conquistar espaço lá fora. Mas o tereré ficou mais caro.

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