Apartamentos que também levam a marca "Homex" sentem o peso da desvalorização
Na região da comunidade, têm apartamentos à venda a partir de R$ 74 mil
Condomínios nos bairros Centro-Oeste, Paulo Coelho Machado e Varandas do Campo estão dividindo espaço com um estigma difícil de driblar. Os moradores têm reclamado da desvalorização de seus imóveis, construídos pela antiga Homex, nome que virou símbolo de abandono depois de deixar obras inacabadas na Capital.
RESUMO
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Imóveis próximos à comunidade Homex, em Campo Grande, sofrem desvalorização. Moradores relatam dificuldades na venda e a associação do local a um bairro desestruturado e inseguro. Apartamentos são anunciados com valores a partir de R$ 74 mil, com alguns proprietários aceitando entradas de apenas R$ 5 mil. A construtora mexicana Homex faliu em 2013, abandonando as obras e resultando na invasão da área, hoje com cerca de 1,4 mil famílias. A situação gera desconforto aos moradores dos arredores, que se sentem prejudicados pela desvalorização e estigma. A Prefeitura busca regularizar a área desde 2017 e, em 2023, sancionou lei para oficializar a regularização fundiária. Em 2020, a Caixa Econômica Federal e a massa falida da Homex foram condenadas a indenizar moradores por atraso na entrega das obras, inicialmente previstas para 2012.
Em 2013, um dos projetos abandonados pela empresa mexicana foi invadido, tornando-se popularmente conhecido como “comunidade Homex”. Atualmente, abriga cerca de 1,4 mil famílias, totalizando mais de 5 mil pessoas, mas passa por processo de regularização e ganha obras de estrutura financiadas pelo Município.
Mas o estigma ficou e tem derrubado valores no entorno, reclamam outros donos de prédios da Homex. A síndica do Residencial Andorinhas, Valdineia Azevedo, mora no Bairro Varandas do Campo. Ela é um exemplo de quem tem percebido a desvalorização.
“Não existe uma comunidade Homex, existe uma empresa que construiu os nossos imóveis e acabam desvalorizando. Já ocorreu uma época, há 6 anos, um apartamento chegou a 15 mil”, pontuou.
Ela ainda se diz injustiçada. “A gente passa por esse transtorno, hoje nós pagamos IPTU caríssimo, as pessoas invadiram a área e estão tendo mais benefícios. Ficamos inconformados, é um bairro bonito, mas a gente fica nesse desconforto quando fala comunidade. As pessoas perguntam se moramos na favela”, reclamou.
Os valores, segundo ela, despencaram em toda a região. O Campo Grande News encontrou apartamentos naquela região sendo vendidos a partir de R$ 74 mil. Em outros casos, o desespero leva à exigência de apenas R$ 5 mil de entrada, e o restante do pagamento com parcelas mensais de R$ 500.

No Residencial Bem-Te-Vi, um apartamento é vendido por R$ 98 mil; no Residencial Aroeira, por R$ 99 mil. Há também quem prefira arriscar e anuncie por valores entre R$ 130 mil e R$ 155 mil.
A cozinheira, Damares Rodrigues, de 42 anos, reconhece a desvalorização, mas acredita que existem outros motivos que vão além da invasão.
“Poderia estar mais valorizado, mas eu gosto muito de morar aqui. Tem criminalidade, já fui roubada aqui, mas é uma região que tem ônibus, posto de saúde, escola do lado, praças, movimento de pessoas. Só comércio que não tem nesse canto, tem que ir na Cafezais. O pessoal pergunta ‘você mora na Homex? É perigoso?’ E eu digo que é perigoso como qualquer outro bairro. São pessoas que tem uma visão errada daqui”, explicou.
Tomando um caminho proativo, a síndica do Condomínio Arara Azul, Mariana Gois, diz que a opção foi cuidar mais da aparência do residencial para que, justamente, não fique na lista dos desvalorizados. E, segunda ela, a fórmula deu certo.
“Desde 2020 aqui mudou muito, os nossos imóveis aumentaram para 60% de valor de venda, era 130 mil, passou para 160 mil, mas por conta da administração, que organizou o condomínio. Aqui já foi muito perigoso, mas hoje em dia não é mais. É claro que tem criminalidade, como em Campo Grande toda, em qualquer outro bairro.”
Entenda – Ontem (21), a prefeita Adriane Lopes (PP) entregou 620 contratos de regularização fundiária da comunidade Homex, dando mais um passo para acabar com a invasão que durava anos.
O projeto da construtora previa a construção de três mil casas em Campo Grande. A empresa chegou em 2010 com a promessa de investir R$ 200 milhões na Capital.
No entanto, já em 2013 o plano foi abandonado. Posteriormente, os terrenos da empresa, que receberiam os residenciais, foram invadidos, formando a comunidade.
Desde 2017, a Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) tem realizado estudos de viabilidade para a regularização da área.
Em 2022, a Prefeitura obteve na Justiça o direito de realizar uma permuta para fins de regularização fundiária do local. Em 2023, foi sancionada a Lei nº 10.885/23, que oficializou a regularização fundiária da Homex.
Antes disso, em julho de 2020, a Justiça Federal de Campo Grande condenou a Caixa Econômica Federal e a massa falida da Homex a pagarem indenização por danos morais aos moradores, devido ao atraso de quatro anos na entrega das obras. A princípio, os contratos assinados em 2012, tinham previsão de entrega em 300 dias.

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