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Economia

Bancos vão ter de pagar multas milionárias por explorar idosos com empréstimos

Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) informou que multou os bancos Pan e Cetelem

Caroline Maldonado | 17/06/2021 14:08
Idosos são alvo de instituições financeiras que chegam a disponibilizar saldo sem consentimento do correntista (Foto: Kisie Ainoã) 
Idosos são alvo de instituições financeiras que chegam a disponibilizar saldo sem consentimento do correntista (Foto: Kisie Ainoã)

O abuso patrimonial é um dos casos frequentes no rol de crimes contra idosos. Aqueles familiares que só pensam no dinheiro dos pais e avós acabam contando com os bancos como “aliados”, porque as instituições financeiras atacam de todos os lados oferecendo empréstimos e, muitas vezes, os parentes pegam o dinheiro, mas não pagam as parcelas.

Os bancos vão além. Na segunda-feira (14), o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) informou que “multou o Banco Cetelem S.A em R$ 4 milhões por fraudes financeiras como oferta abusiva e contratação de empréstimos consignados com a utilização indevida de dados pessoais de consumidores idosos”. Em maio, o Banco Pan foi multado em R$ 8,8 milhões pelo mesmo motivo, segundo a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

Já ocorreu até de o banco depositar dinheiro na conta sem o consentimento do correntista. O caso aconteceu com o avô da presidente do Conselho Estadual do Idoso de Mato Grosso do Sul, Lílian Veronese.

“O banco depositou um valor que não foi solicitado. O assédio das operadoras de cartão também é insuportável. Hoje, elas colocam um limite que a pessoa acaba usando sem saber. Com essa pandemia, os idosos acabam sendo arrimo de família. Li um dado em que 85% dos idosos moram com pessoas que não trabalham e acabam usando o dinheiro do idoso sem autorização. Fazem empréstimo e não pagam. Muitas vezes, isso não entra na estatística, porque as pessoas têm receio de denunciar seus próprios familiares, mas já conversei com muitos nessa situação”, conta Lilian, que também é presidente da Comissão dos Direitos dos Idosos da OAB-MS.

Presidente do Conselho Estadual do Idoso de Mato Grosso do Sul, Lílian Veronese, faz alerta sobre abuso de bancos que assediam idosos (Foto: Arquivo Pessoal) 
Presidente do Conselho Estadual do Idoso de Mato Grosso do Sul, Lílian Veronese, faz alerta sobre abuso de bancos que assediam idosos (Foto: Arquivo Pessoal)

O assédio também vem de mensagens, ligações constantes e até no caixa eletrônico, conforme reclamam os idosos. Tanta oferta de empréstimo chega a causar um certo pânico em alguns. A aposentada Cleonice Gomes, de 78 anos, não vai ao caixa eletrônico sozinha de jeito nenhum, porque lá também tem “golpe”, segundo ela.

“Quando você pede o saldo, o banco não mostra e coloca um valor de empréstimo para confundir a gente e eu não sei como fazer para pegar meu saldo. Eu não confio. Espero a minha sobrinha para ir comigo sacar”, conta a aposentada, que lamenta pelas pessoas que além de enfrentar o assédio dos bancos, têm parentes que não respeitam seus direitos. “É triste ver que tem filhos e netos que só querem o dinheiro e maltratam o idoso. Quando a gente vê isso tem que denunciar, porque a pessoa não reclama por ser familiar, mas sofre”.

Violência - Dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), mostram o aumento constante nos números de denúncias de todos os tipos de crimes contra os idosos em MS. O número dobrou no primeiro ano da pandemia e de janeiro a maio de 2021, já foram feitas mais de 2 mil denúncias e registradas mais de 8 mil violações, das quais 5 mil são de Campo Grande. Segundo Lilian, ao longo dos últimos anos, a causa mais frequente de denúncia é negligência, em segundo lugar vêm os casos de humilhações e xingamentos e o terceiro é o abuso patrimonial, que acaba sendo facilitado por tanto assédio das operadoras de crédito.

Disk Denúncia - O MDH disponibiliza o whatsapp para denúncias de crimes contra os idosos. O número é (61) 9656-5008. Aqui em MS, também é possível denunciar ligando para o número 100 ou pelo site da Defensoria Pública. Clique aqui para acessar o site.

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