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Economia

Capital tem 3 novas farmácias por mês, mas tem gente que acha pouco

Elverson Cardozo | 29/07/2013 06:25
Redes ficam lado a lado. Segundo especialistas, isto é um estímulo para a boa concorrência. (Foto: Cleber Gellio)
Redes ficam lado a lado. Segundo especialistas, isto é um estímulo para a boa concorrência. (Foto: Cleber Gellio)

Difícil achar alguém que discorde. A opinião, por onde se anda, parece ser unânime: Campo Grande tem farmácias que não acabam mais. É praticamente uma a cada esquina. Os dados oficiais não deixam mentir.

Segundo levantamento da Jucems (Junta Comercial de Mato Grosso do Sul), há 440 empresas dessa natureza operando em Campo Grande. Só neste ano, foram abertas outras 19, ou seja, praticamente 3 por mês, de janeiro até junho.

Levando em consideração o número de habitantes em Campo Grande que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), é de 786.797 mil (levantamento de 2010), a cidade possui uma farmácia para cada 1,7 mil moradores.

Para quem entende do assunto, é fácil dizer o porquê de a Capital ter tantos estabelecimentos assim. “O comercio de medicamento é o tipo de negócio que mais cresce hoje no país. As pessoas estão ganhando dinheiro com isso”. A constatação é do presidente do Conselho Regional de Farmácia em Mato Grosso do Sul, Ronaldo Abraão, que, apesar dos problemas, como a falta de fiscalização por parte dos órgãos competentes, por exemplo, vê com bons olhos essa “boom” no setor.

É preciso, disse, olhar para os dois lados. A comodidade do consumidor é um ponto positivo. O problema é quando a farmácia deixa de ter lucro, que é o que geralmente acontece por conta da concorrência, e começa a encarar, nas palavras dele, “procedimentos alheios à atividade”. “Começa a vender, por exemplo, carvão e picolé, ao invés de dar atenção à saúde”, simplificou.

No centro, disputa também é acirrada. (Foto: Cleber Gellio)
No centro, disputa também é acirrada. (Foto: Cleber Gellio)

É por isso, completou, que o Conselho luta para que, nas farmácias, não tenham “produtos alheios à saúde”, mas falta ao órgão o primordial, disse o presidente: “O poder de polícia, de interditar. Essa é uma atribuição da Vigilância Sanitária, do Procon, Delegacia do Consumidor, Promotoria Pública. O Conselho só tem ação sobre o profissional farmacêutico”, explicou.

Consumidores também reclamam dessa situação. Para a estudante do terceiro ano do ensino médio, Yasmin Ajpert, 16 anos, às vezes falta bom senso ao empresário.

“É uma farmácia e não um mercado”, protestou, ao comentar que, dia desses, precisou comprar um antibiótico, foi em duas redes e não encontrou o medicamento, mas, nas gôndolas tinha de tudo. “São muitas empresas, mas deveria ter mais o que a gente busca na farmácia. O que a gente vê, muitas vezes, são cosméticos e produtos de comer”, afirmou.

Estudante do ensino médio, Yasmin reclama da falta de medicamentos nas redes. “É uma farmácia e não um mercado”, disse.
Estudante do ensino médio, Yasmin reclama da falta de medicamentos nas redes. “É uma farmácia e não um mercado”, disse.

Apesar da reclamação, Yasmin ainda acha bom que a cidade tenha tantos estabelecimentos assim. O advogado Bruno Ribeiro Vilela, de 26 anos, concorda e amplia o discurso. “Favorece a concorrência e redução de preços. É um atrativo a mais, especialmente as mais novas, que oferecem produtos com valores mais baixos”, comentou.

Na avaliação do presidente do CRF, essa é a parte boa. “Existem promoções, descontos para aposentados. Isso tudo beneficia o cidadão”, ressaltou, exemplificando. Para o Conselho, o que importa, afirmou, é que o trabalho seja pautado na ética e que o estabelecimento conte, obrigatoriamente, com um farmacêutico para orientar a população.

O diretor-presidente da Junta Comercial, Wagner Bertoli, também avalia como positiva a abertura de novas farmácias na cidade. Ele acredita que, por conta da concorrência, a qualidade reflete o atendimento dispensado aos clientes, por isso, “é altamente conveniente que essas empresas venham para cá”.

Cliente, o porteiro Neidino da Silva, de 49 anos, concorda que o “boom” das drogarias tem favorecido a todos, mas, ainda assim, acredita que a classe precisa dar atenção a outra prioridades para favorecer quem, de fato, dá lucro.

Ele mora no Taquarussu, e reclama que, mesmo com tantas farmácias na cidade, poucas atendem 24 horas, especialmente nos bairros. “Você tem que sair e se deslocar para outras regiões”, disse.

Porteiro Neidino da Silva quer mais farmácias 24 horas, especialmente nos bairros. (Foto: Marcos Ermínio)
Porteiro Neidino da Silva quer mais farmácias 24 horas, especialmente nos bairros. (Foto: Marcos Ermínio)

O porteiro também cita a variação de preços, com diferenças consideráveis de uma rede para outra, e defende o uso de uma tabela de valores, com alterações periódicas, mas não a cada semana.

A título de esclarecimento, o presidente do Conselho explicou: “Não é obrigatório que tenham farmácias 24 horas em todas as regiões, mas se tiver, é obrigatório que tenha farmacêutico presente, durante todo o período”.

Em situações específicas, onde uma cidade não tem um estabelecimento funcionando em tempo integral, as empresas devem aderir ao um rodízio obrigatório de plantões, para que a população não fique desassistida.

Estatísticas - Segundo levantamento do CRF-MS, atualmente há 368 empresas dessa natureza registradas no órgão, incluindo farmácias e drogarias, com e sem manipulação de formulas. Em 2011 eram 211 e em 2012, 305. Isso significa que o aumento, em três anos, foi de 26,4%.

Em todo o Estado, o ampliação, no mesmo período, foi de 11%. Em 2011 eram 782. Em 2011, o número saltou para 826. Atualmente são 868 estabelecimentos registrados. De acordo com o último relatório de atividade fiscal, fechado no dia 30 de julho, há 1.236 farmácias em Mato Grosso do Sul.

Os números da Capital divergem dos índices apresentados pela Jucems. Segundo o órgão, até o momento existem 440 empresas desse setor operando na cidade. Em 2011 foram constituídas, com microempreendedores individuais 34 empresas, contra 41 em 2012 e 19 em 2013, também até o dia 30 julho.

Em todo o Estado, o número de estabelecimentos registrados chega a 1.566 mil. Em 2011 foram constituídas 106. Em 2012, foram 127 e em 2013 (até o dia 30 de julho), 76.

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