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Economia

Enersul precisa de R$ 900 milhões para quitar dívidas e não ser sucateada

Aline dos Santos | 10/04/2014 14:40
Enersul  tem que pagar dívidas de R$ 202 milhões até dezembro. (Foto: Simão Nogueira)
Enersul tem que pagar dívidas de R$ 202 milhões até dezembro. (Foto: Simão Nogueira)

A Enersul, que será assumida pelo Grupo Energisa, precisa de ao menos R$ 900 milhões para equacionar a dívida deixada pelo Grupo Rede e fazer investimentos que evitem o sucateamento da empresa, que conta com 909 mil clientes em 74 municípios de Mato Grosso do Sul.

Amanhã, o novo dono fará assembleia extraordinária na sede da empresa, em Campo Grande, para avaliar a emissão títulos de crédito para captar R$ 400 milhões. No entanto, o valor é 20% menor do que os R$ 474 milhões apontados no plano de recuperação apresentado para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Para o economista e especialista em regulação elétrica, Fernando Abrahão, é prudente a tentativa de trocar uma dívida mais cara por outra mais barata, devido à redução dos juros.

“Porém, somente isso não resolve, apenas equaciona, momentaneamente, o cenário das dívidas da Enersul, contraídas de 2009 a 2011. A pergunta que se faz é onde estão os investimentos?”, questiona. Segundo ele, nos últimos dois anos nada foi investido pela Enersul.

Endividada – No plano de recuperação, a Energisa informa que “do endividamento total da Enersul, identificamos R$ 474 milhões os quais fariam sentindo o pré-pagamento mediante a emissão de uma nova dívida”. Ao todo, o saldo devedor dos empréstimos e financiamentos da Enersul chega a R$ 571,5 milhões. Do montante, R$ 202 milhões vencem até dezembro deste ano.

“Do ponto de vista técnico, as perspectivas são temerárias, com a provável incapacidade econômica e financeira da companhia. Os efeitos são nefastos, com o sucateamento do parque energético, com possibilidade de comprometimento da qualidade e da continuidade do fornecimento de energia”, salienta o especialista.

Pequeno negócio – O fato de a Energisa ter assumido as oito distribuidoras do Grupo Rede, estrutura bem maior do que detém, também preocupa quem atua no setor. “É dez vezes menor do que a empresa comprou. É como o supermercado de bairro comprar o Pão de Açúcar”, compara o economista.

No relatório da administração, relativo a 2013, a auditoria independente aponta incertezas para o futuro da empresa. “Neste momento, estas situações indicam a existência de incerteza significativa que levanta dúvida relevante quanto à capacidade de continuidade da Companhia e, portanto, em eventual cenário de não cumprimento do plano de recuperação e caducidade da concessão, a Companhia pode não ser capaz de realizar seus ativos e liquidar seus passivos no curso normal dos negócios. Até a presente data não obtivemos evidência de auditoria apropriada e suficiente para concluirmos sobre estas múltiplas incertezas”, aponta o relatório.

A Aneel é responsável por acompanhar o cumprimento do plano de recuperação. Em caso de descumprimento de metas, a agência pode decretar a caducidade do contrato. Desta forma, segundo Fernando Abrahão, a concessão retorna para o governo federal, que faz nova licitação.

Investimento – A falta de injeção de recursos leva a empresa a não atingir metas de qualidade. “Em 2012, a concessionária foi obrigada a devolver aos consumidores, a título de compensações decorrentes de transgressão dos indicadores de qualidade, valores na ordem de R$ 1,8 milhão”, afirma o economista.

Um dos indicadores é relativo a desligamentos, que ocorrem com mais regularidade na zona rural. Em 2013, o déficit de investimento foi orçado em mais de R$ 80 milhões.

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