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Economia

No 1º ano, Bosque dos Ipês aposta em lazer e ainda é alvo de dúvidas

Liana Feitosa e Caroline Maldonado | 17/08/2014 14:34
Grupo investiu R$ 350 milhões em shopping (Foto: Divulgação
Grupo investiu R$ 350 milhões em shopping (Foto: Divulgação

Com investimento de R$ 350 milhões, o shopping Bosque dos Ipês está comemorando seu primeiro ano de instalação em Campo Grande, após adiamentos e dúvidas sobre a viabilidade de um projeto, aliadas, principalmente à distância do emprendimento e ao fato de se localizar em uma região antes estigmatizada pela violência e sem um centro comercial forte. Passados os primeiros 12 meses, a reclamação sobre o afastamento continua, mas o estabelecimento confirmou a previsão de trazer valorização e outros investimentos para a região.

Estão em obras nas proximidades do shopping uma loja que é novidade na cidade, a Leroy Merlin, de material de construção, decoração e produtos da linha "faça você mesmo" e ainda a segunda unidade da Havan. Para se consolidar, o Bosque dos Ipês também está investindo pesado na realização de eventos, que vão de corridas a shows, como vai ser o caso do Festeja Campo Grande, que acontecerá no fim deste mês, com artistas de sucesso nacional.

A estratégia tem efeito. A estudante Natália Martins, 18 anos, que mora no bairro Moreninhas, cruza a cidade para ir ao shopping, que fica na saída para Cuiabá, na região norte da cidade. "Amei essa ideia do shopping Bosque trazer shows. Ele ganhou minha preferência por causa dessa iniciativa de fazer eventos", disse.

Dois lados - Para quem vive ali, do lado, e viveu a expectativa da construção, desde 2010, o shopping trouxe valorização de mercado, mas ainda assim alguns moradores reclamam do reajuste no IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), da falta de asfalto e dos serviços de saúde pública na região. Outros acreditam que o desenvolvimento virá com o tempo e já comemoram o fato de ter mais uma opção de lazer e as oportunidades de emprego, que devem aumentar com a futura instalação das lojas da Havan e da Leroy Merlin, na região.

Para Márcio de Oliveira, o preço elevado dos imóveis faz com que muitos interessados deixem de comprar. "As pessoas tem pedido até R$ 50 mil por um terreno pequeno, mas não estão conseguindo vender. Se um interessado compara os preços daqui com o de bairros vizinhos, que são até mais próximos do centro, vê que os valores daqui estão muito acima. Acaba não compensando investir nessa região", explica.

De acordo com o morador, empolgados com a instalação do shopping, muitos empresários abriram depósitos de material para construção à espera de um aquecimento no setor, que logo teve fim. “Mas, agora, estão todos parados, as vendas estão muito paradas. Ninguém compra terreno, ninguém constrói, ninguém vende", lamenta.

Aos 69 anos, 20 desses como morador do Nova Lima, o borracheiro Chiquinho Rocha acredita que o novo centro comercial trouxe o aumento do IPTU e dos imóveis, mas o desenvolvimento econômico ainda não veio. "Quando comprei esse lote aqui, tudo na região estava na faixa dos R$ 2 mil, R$ 3 mil. Hoje, um terreno com o mesmo tamanho está R$ 40 mil. O pessoal também reclama muito que o aluguel subiu", diz.

Estudante atravessa a cidade para ir ao shopping na região norte (Foto: Marcelo Calazans)
Estudante atravessa a cidade para ir ao shopping na região norte (Foto: Marcelo Calazans)
Borracheiro lamenta a alta no IPTU na região (Foto: Alessandro Martins)
Borracheiro lamenta a alta no IPTU na região (Foto: Alessandro Martins)

O movimento no comércio ainda não cresceu com a vinda do shopping, de acordo com empresários da região. Para a comerciante Maria Clarice, somente com investimento público, os bairros serão beneficiados. "O shopping não melhorou a nossa vida, nem trouxe mais movimento no comércio. Não é o shopping que vai melhorar as coisas. Quem sabe, quando (as autoridades) melhorarem as ruas, a saúde e o bairro, as outras coisas melhorem também", conclui.

Vantagens - Em contrapartida, o empreendimento milionário está atraindo novos negócios, que aquecem o mercado de trabalho e geram expectativa por parte de moradores das redondezas. Na Consul Assaf Trad, estão em fase de construção duas lojas que devem abrir mil vagas de emprego, a segunda loja da Havan na cidade, que terá 15 mil metros quadrados com uma réplica da Estátua da Liberdade, e a loja de materiais para construção e decoração Leroy Merlin, que terá 10 mil metros quadrados. As empresas ainda não informaram as datas de conclusão das obras e inauguração das lojas.

O grupo grupo JCC (Jereissati Centros Comerciais), que administra o Bosque dos Ipês, era o dono do terreno onde vai se instalar a Leroy Merlin e comprou a área justamente pensando em atrair projetos parceiros. Também é prevista a construção de um prédio de escritórios ao lado do shopping, com investimento estimado em R$ 60 milhões, da construtora Landix, de acordo com o diretor de projetos do grupo JCC, Murilo Loureiro.

Segundo Murilo, o primeiro ano foi desafiador, porém de resultados animadores. Loureiro avalia que o shopping conseguiu quebrar paradigmas. "Hoje as pessoas já começam a ver que é um shopping democrático, que recebe pessoas de todas as classes. No início, muitos pensaram que era um shopping com clientela seleta, mas agora as pessoas estão entendo o crescimento da cidade e se acostumando ao fato de que ainda outros empreendimentos virão para aquela área”, avaliou o diretor.

O superintendente do Bosque dos Ipês, Rafael Arnaldi, lembra que o centro comercial se instalou antes da finalização do projeto do residencial vizinho, o Alphaville, e ainda assim vem atingindo um número desejável de clientes, que vêm de todas as partes, inclusive do interior do Estado. "Nosso desafio foi se provar viável. Sobre a frequência, é uma curva crescente de fluxo de pessoas. Nós conseguimos nos consolidar sem o Alphaville e agora que ele está crescendo e deve ter 1.200 residências, nós estamos muito otimistas, pois o shopping consolidou o entorno”, afirma.  

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