ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
OUTUBRO, DOMINGO  19    CAMPO GRANDE 24º

Economia

Proibição da tilápia ameaça exportações que renderam R$ 35 mi para MS em 2025

Ministério pode incluir a espécie africana, que domina 97% da produção de pescado de MS, em lista de invasoras

Por Jhefferson Gamarra | 19/10/2025 14:54
Proibição da tilápia ameaça exportações que renderam R$ 35 mi para MS em 2025
Peixe da espécie tilápia criado em cativeiro (Foto: Reprodução/Peixe BR)

O principal peixe cultivado no Brasil em Mato Grosso do Sul, a tilápia, pode ter seu cultivo proibido no país. A Conabio (Comissão Nacional de Biodiversidade), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, apresentou uma proposta para incluir a espécie africana na lista nacional de espécies exóticas invasoras. A decisão, prevista para a reunião do Conabio e do MMA no dia 8 de novembro, coloca a tilápia no mesmo patamar de alerta e controle do javali, com possibilidade de erradicação em áreas naturais, caso seja aprovada.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

A proposta da Comissão Nacional de Biodiversidade para incluir a tilápia na lista nacional de espécies exóticas invasoras ameaça uma importante fonte de receita em Mato Grosso do Sul. Entre janeiro e setembro de 2023, o estado exportou 1.325 toneladas do pescado, gerando US$ 6,58 milhões em receitas.A medida, que será avaliada em 8 de novembro, pode impactar significativamente a economia local, onde a tilápia representa 97,6% da produção de pescados. O estado é o quinto maior produtor nacional da espécie, que responde por 68% de toda a produção brasileira de peixes cultivados, segundo dados do Anuário da Piscicultura 2024.

A minuta, apresentada no último dia 3 de outubro durante reunião do Conape (Conselho Nacional de Aquicultura e Pesca), inclui peixes nativos fora de suas bacias hidrográficas, espécies híbridas e camarões, além da tilápia, como potenciais invasores. A preocupação ambiental se dá pelo fato de que, embora criada em cativeiro, a tilápia já teve registros de fuga para rios e represas, onde pode competir por alimento com espécies nativas, alimentar-se de ovos e larvas e alterar o equilíbrio ecológico. Além disso, a alimentação rica em fósforo usada nos viveiros pode comprometer a qualidade da água nos reservatórios naturais.

No entanto, a medida pode ter impactos econômicos significativos. Entre janeiro e setembro de 2025, Mato Grosso do Sul exportou 1.325 toneladas de filé de tilápia fresca, refrigerada, congelada e outras partes do pescado, principalmente para os Estados Unidos, gerando receita de US$ 6,58 milhões, o equivalente a R$ 35,6 milhões considerando a cotação atual do dólar (R$ 5,41).

Em 2024, o Brasil produziu 662.230 toneladas de tilápia, representando 68% de toda a produção nacional de peixes cultivados. Mato Grosso do Sul aparece como o 5º maior produtor de tilápia do país e o 8º na criação de peixes de cultivo, segundo o Anuário da Piscicultura 2024 da associação Peixe BR.

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2024 o estado produziu 22,1 mil toneladas de pescado no ano passado, das quais 21,5 mil toneladas eram de tilápia, equivalente a 97,6% do total.

O crescimento da tilápia em Mato Grosso do Sul nos últimos anos tem sido significativo. Segundo a Peixe BR, o estado subiu 15 posições no ranking nacional de produtores e vem conquistando destaque em mercados internacionais, especialmente nos Estados Unidos e Canadá, graças à profissionalização da cadeia produtiva e à modernização das empresas locais. A expectativa é de expansão da produção em 2025, mantendo o estado como polo de atração de investimentos no setor.

Em comunicado, a Peixe BR afirmou que acompanha com extrema preocupação a proposta, destacando que sua fundamentação carece de debate técnico amplo e de estudos atualizados e imparciais.

“Essa classificação, se aprovada, coloca a tilápia no mesmo patamar de alerta do javali, o que pode levar à erradicação da atividade piscicultora. A PEIXE BR atua firmemente, exigindo um debate técnico e imparcial que não desconsidere o impacto socioeconômico para milhares de famílias. Reforçamos nossa crença de que a ciência e a realidade produtiva devem caminhar juntas para garantir a segurança alimentar do País”, disse a entidade em nota.