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Economia

Queda do preço de petróleo significa benção e maldição ao mesmo tempo

Da redação | 25/08/2015 09:48
Plataforma de petróleo em Angra dos Reis. (Foto: Divulgação)
Plataforma de petróleo em Angra dos Reis. (Foto: Divulgação)

O preço do petróleo atualmente cota em níveis da última crise financeira entre 2008 e 2009 que abalou a economia mundial e da qual alguns países ainda não se recuperaram. Na sexta-feira, a marca Brent custou brevemente até abaixo do patamar de 40 dólares. Os motivos da queda recente não são óbvios. As economias americana e europeia estão crescendo de forma estável e modestamente e garantem que o temido impacto na China seja amortecido.

O gigante asiático mostrou resultados decepcionantes no consumo e comércio exterior o que ocasionou leve desvalorização da moeda desconhecida há muitos anos em um país onde o banco central teve de intervir diariamente para manter a cotação artificialmente baixa.

O crescimento econômico poderá se desacelerar temporariamente durante a processo de modernização iniciado pelo governo chinês. A maioria dos analistas espera contratempos que podem influenciar também a demanda por petróleo, mas até o momento não houve uma redução significativa de consumo que poderia explicar tanta preocupação com o petróleo.

Ao lado da demanda existem outros consumidores preocupados, a saber, o Brasil e a Rússia que se encontra em crises mais duradouras do que estimadas anteriormente. Este fato pode ter contribuído para o declínio da cotação. Ao mesmo há fortes impactos do lado da oferta onde o Irã retoma a produção e aumenta ainda mais o fornecimento de petróleo no mercado.

Adicionalmente, a Opep, maior conglomerado de produtores petrolífero, não enxerga motivos para redução de sua oferta e espera uma volta para níveis entre 55 e 60 dólares em breve.

Esta posição e a situação do mercado trazem impactos misturados para o Brasil e a Petrobras. A prática de importação de petróleo para produção de combustível se torna mais lucrativa para a estatal já que preços nos postos estão temporariamente fixados. Em contrapartida, a exportação da crescente produção do pré-sal fica mais difícil em um cenário com diversos produtores tendo custos de produção menores e capacidades não utilizadas.

Consequentemente, a atenção deve se voltar mais para o mercado interno. Um resultado disto já é visível na balança comercial que demonstra reduções desproporcionais na importação recente de petróleo e outros óleos.

A presente situação também tem impactos estratégicos para a Petrobras. Após todas as turbulências e perdas contábeis dos últimos meses, a empresa não teve apenas de cancelar diversos projetos de investimento, cortando US$ 90 bilhões durante os próximos cinco anos, mas precisa arrecadar o equivalente US$ 60 bilhões de dólares até 2018 através da venda de áreas de negócio como é o caso da BR Distribuidora. Caso o preço do petróleo continue baixo e não haja previsão para aumento da cotação a meio prazo, isto pode impactar o preços que a estatal consegue obter pelas vendas.

O desempenho da cotação e da Petrobras também têm impactos diretos e indiretos em toda economia. Possíveis perdas da maior empresa brasileira não somente implicam perdas para o orçamento do governo, mas até põem em risco um rebaixamento dos títulos pelas agência de classificação de risco, resultando em uma diminuição da capacidade de estimulação da economia por expansão fiscal.

Ao mesmo tempo, a cotação baixa do petróleo pode ser a oportunidade para a indústria brasileira desenvolver novos produtos e adotar tecnologias de produção até então não aplicadas. Mas é preciso aproveitar as condições favoráveis rapidamente para escalar os processos antes que o preço do petróleo suba novamente e destrua esta vantagem junto com um dólar valorizado. Desta forma, o cenário petrolífero é uma benção e maldição ao mesmo tempo.

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