Com apoio do MEC, cursinho popular ajuda jovens a ingressar na faculdade
Em MS, Instituto Luther King vai receber R$ 163 mil para dar continuidade com as aulas gratuitas na Capital
Em Mato Grosso do Sul, o Instituto Luther King é o único cursinho popular contemplado pelo MEC, com R$ 163,2 mil de auxílio, para continuar ajudando jovens de baixa renda a entrar na faculdade. Em 22 anos de atividades, o instituto, que fica em Campo Grande, já aprovou 3 mil alunos em universidades federais e estaduais.
RESUMO
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O Instituto Luther King, único cursinho popular de Mato Grosso do Sul contemplado pelo MEC, receberá R$ 163,2 mil em auxílio para continuar seu trabalho de preparação de jovens de baixa renda para o ensino superior. Em 22 anos de atividades em Campo Grande, a instituição já aprovou 3 mil alunos em universidades públicas. O instituto oferece 60 vagas e conta com 16 professores voluntários. Com o novo apoio do MEC, através da Rede Nacional de Cursinhos Populares, serão disponibilizadas 20 bolsas para estudantes, além de recursos para contratação de coordenadores e professores, suporte técnico e material didático por sete meses.
O Instituto Luther King e outros 383 cursinhos espalhados pelo País foram aprovados para integrar a CPOP (Rede Nacional de Cursinhos Populares). O programa tem como finalidade ampliar o acesso ao ensino superior para pessoas de baixa renda, egressas de escolas públicas, negras, quilombolas, indígenas e pessoas com deficiência, além de contribuir para a retomada do interesse dos jovens pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Em todo o País, o programa prevê atender 15 mil estudantes nos próximos sete meses. Em Campo Grande, o cursinho oferece 60 vagas, sendo que algumas já foram preenchidas no início do ano, mas ainda há disponibilidade para novos interessados realizarem a inscrição.
Coordenadora pedagógica do Instituto Luther King, Renilda dos Santos destaca a alegria de ver o cursinho selecionado pelo edital nº 01/2025 e o compromisso de representar Mato Grosso do Sul como o único curso contemplado pelo MEC.
“Estamos muito gratos, é muito satisfatório, é uma responsabilidade muito grande saber que você está ali. Estamos na busca de mais aprovações. Mais de 3 mil alunos foram aprovados nas universidades”, afirma.
O trabalho começou em 2003, com a primeira turma formada em 2004, e desde então o cursinho nunca parou de funcionar. A única mudança ocorreu no período pós-pandemia, quando a procura diminuiu. “Antes da pandemia tínhamos 140 alunos, mas depois sumiu a procura, agora está aumentando de novo, estamos com 60 vagas”, explica.
Com o apoio do MEC, parte dos recursos destinados ao cursinho será repassada diretamente aos alunos. Os estudantes matriculados e com frequência regular vão receber uma bolsa como incentivo para continuarem em sala de aula. Em Campo Grande, serão 20 bolsas ofertadas pelo cursinho popular.

Além disso, haverá suporte técnico e material didático para garantir a permanência dos estudantes e reduzir a evasão escolar. O CPOP prevê que o apoio de R$ 163,2 mil cubra a contratação de coordenadores e professores por sete meses, além de custear atividades técnicas e administrativas.
Atualmente, o Instituto Luther King conta com 16 professores voluntários. Agora, segundo a coordenadora pedagógica, será possível garantir ajuda de custo para esses profissionais que fazem o projeto acontecer ano após ano na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 603.
Professora de informática, Tânia Márcia foi a responsável por inscrever o instituto no edital da CPOP. Ela conta que ficou surpresa pela agilidade do processo. “Achei até muito muito rápido porque tem projeto que você abre, se inscreve e ele demora um pouquinho. Esse não, foi bem ligeiro”, conta.
Há 22 anos ela dá aulas no lugar onde começou primeiro como estagiária. As aulas de informática não atendem somente jovens do Ensino Médio, mas também adultos e idosos interessados em aprender a matéria ministrada em duas turmas no período vespertino e noturno. Ao todo, são 20 alunos, sendo dez por turma.
Tayeni Cristina Rafael Xavier, de 17 anos, é uma das alunas que neste ano está se preparando para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e para o vestibular da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) com apoio do Instituto Luther King.
A jovem concluiu o Ensino Médio no ano passado, na Escola Lino Villacha, no Bairro Nova Lima. Apesar de ter feito o vestibular, não conseguiu a tão sonhada vaga em Administração em uma universidade pública. Para 2025, a meta é ter um desempenho melhor e garantir a aprovação.
Ela conta que conheceu a iniciativa por meio do pai, que foi aluno do cursinho entre 2005 e 2006. “Eu descobri quando o meu pai fez. Ele foi aprovado para Geografia na federal. Quando não passei na federal, meu pai falou para eu tentar de novo. Aí eu procurei no Instagram”, comenta.
O fato de o curso preparatório ser gratuito foi decisivo para que ela conseguisse seguir estudando. “Ajuda bastante e eu achei que seria difícil até porque sou jovem aprendiz ainda”, completa.
O professor de História Bruno Genaro dos Reis Almada também conhece bem o cursinho, mas de outra forma: foi aluno em 2014 e, há três anos, voltou como voluntário para ajudar na preparação de jovens para o Enem, em forma de agradecimento pelo que recebeu enquanto estudante.
“É muito satisfatório, né? Porque um dia você foi ajudado; O cursinho aqui dá tudo para o aluno, a capacidade de se desenvolver mesmo. As aulas são boas, a estrutura é boa, tem sala climatizada, te dá um conforto. Ter a oportunidade de retribuir é muito bom, muito satisfatório”, conta.
Ele explica que os alunos chegam ao cursinho determinados a conquistar vagas em cursos como Medicina, Direito e licenciaturas. Apesar desse foco, Bruno reconhece que é um desafio preparar jovens vindos do ensino público para uma prova tão concorrida, em que muitos candidatos tiveram outro tipo de base educacional.
“Nós temos uma educação que desde a base ela tem um déficit. O cursinho não vai trazer para o aluno o conteúdo total daquela matéria, ele vai reforçar o que deveria ser aprendido. E aí vai o aluno se esforçar cada vez mais e conseguir. Aqui os alunos são bem comprometidos”, pontua.

Sobre a seleção do Instituto Luther King no edital do MEC (Ministério da Educação), o professor destaca que qualquer apoio é recebido de forma positiva para manter o projeto funcionando e garantir a continuidade do atendimento aos estudantes. “O Luther King é uma instituição que não tem fim lucrativo. Então qualquer ajuda é bem-vinda, é você parabenizar, dar uma ajuda para aqueles que estão ajudando a sociedade. Uma ação desta através do MEC é bem-vinda porque é difícil conseguir ajuda do poder público”, destaca.
Interessados em se inscrever no cursinho preparatório podem entrar em contato pelo WhatsApp (67) 3384-8919.
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