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Esportes

Calendário obriga jogador a trabalhar oito meses para se sustentar em 12

Helton Verão | 06/10/2013 09:15
Guilherme é um dos atletas que amargam o desemprego no aguardo por 2014 (Foto: Arquivo Pessoal)
Guilherme é um dos atletas que amargam o desemprego no aguardo por 2014 (Foto: Arquivo Pessoal)

Estamos no mês de outubro e o ano já acabou para muitos profissionais do futebol. Não que isso seja um luxo, na verdade, dos mais de 700 jogadores inscritos na Série A e B do Estadual, muitos chegam a esta época e embarcam nas “férias” forçadas, desempregados, esperando pela temporada 2014. O calendário de Mato Grosso do Sul é o principal culpado pela incomoda situação. Aqui, é necessário trabalhar de oito a nove meses para sobreviver os 12.

Um dos destaques da última edição do Campeonato Sul-Mato-Grossense da Série A, o melhor goleiro da competição atuando pelo Cene, Guilherme Marquini é um dos exemplos. Depois que a competição acabou, muito se falou pouco se viu. O atleta ficou desempregado por pouco mais de três meses, até receber o convite do Olímpia, do interior de São Paulo para atuar na o Campeonato Paulista B1, e agora já amarga há um mês o status de desempregado novamente, morando com os pais, no interior Paulista.

“Vejo como uma grande provação, como se eu estivesse no deserto, sem alimentos e água, mas tão perto de um grande milagre. Mas ao mesmo tempo nos sentimos mendigos de diretores e clubes, que oferecem um baixo salário e vai dificultando a valorização. Quem tem objetivos e sonhos acaba sofrendo um pouco com isso. O futebol oferece dinheiro, pra quem está num grande clube”, comenta Guilherme sobre trabalhar até nove meses para se sustentar em 12.

O goleiro vê o calendário como principal problema, pois vários clubes participam só do estadual e depois não tem mais nenhum campeonato. “Quando ele (campeonato) estiver quase acabando, os atletas já tem que ter algo engatilhado, conversado com outro clube”, ressalta o goleiro, lembrando que este não foi seu caso.

Os jogadores acabam necessitando de manter a forma sozinhos, em academias e treinando em campos próximo de onde moram. “Já estou negociando com dois clubes para a Série A de MS em 2014”, revela Marquini.

Rodado por clubes de Mato Grosso do Sul nos últimos anos, o lateral direito Thiago Souza já atuou no Comercial, e este ano jogou no Urso de Mundo Novo, também está desempregado, morando com a família, em Praia Grande, litoral paulista. “Graças a Deus não sou “gastão”, mas no início do ano tem que analisar a proposta de contrato, ver qual é a melhor situação, se o contrato for curto, fazer um planejamento para poder durar os meses que vamos estar desempregados”, conta o lateral de 30 anos, que ainda sustenta uma filha.

Thiago já jogou no São Paulo e na Portuguesa Santista (Foto: Arquivo pessoal)
Thiago já jogou no São Paulo e na Portuguesa Santista (Foto: Arquivo pessoal)
Clayton em ação pelo Urso este ano (Foto: Arquivo Pessoal)
Clayton em ação pelo Urso este ano (Foto: Arquivo Pessoal)

Outro conhecido jogador do futebol sul-mato-grossense, o goleiro Clayton, de 34 anos, já passou por clubes como Nova Andradina (2009), Aquidauanense (2010), Ponta Porã (2011), Corumbaense (2011) e Urso (2013). Casado e pai de uma filha de 10 anos, nos tempos de desempregado ele recorre aos campeonatos de várzea, para tirar uma grana extra.

“O mundo da bola é complicado, são poucos que conseguem trabalhar um ano “de 12 meses”, tenho trabalhado oito meses por ano. Temos que trabalhar com a cabeça para ter um estoque nessa época de vacas magras. Mas pra não dá ficar parado, jogo alguns campeonatos semi profissionais que da pra tirar uns R$ 150 a R$ 200 por fim de semana”, lembra Clayton.

Pós carreira – Os dois jogadores na casa dos 30 anos já tem outra preocupação, planejar o que fazer depois da aposentadoria. “Tenho alguns cursos técnicos pra ter pra onde correr no futuro. Talvez na área da informática, tenho um grande conhecimento ou seguir a carreira de vigilante”, almeja Clayton.

Já o lateral Thiago Souza, planeja jogar mais dois anos e diz ter bem encaminhada sua vida no ramo do empreendedorismo. “Pretendo jogar mais dois anos e depois dar continuidade no projeto que tenho de uma microempresa para fabrica fraldas para criança”, projeta Souza.

Solução – A FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) tem planejada alterações para o calendário do futebol. De acordo com o vice-presidente Marco Antônio Tavares, a criação da Copa Verde, anunciada no início deste semestre e que poderá começar acontecer em 2014.

“Assim poderíamos melhorar e movimentar o futebol quase que 11 meses do ano. Primeiro o Estadual Série A, depois outra competição para escolhermos um representante na Copa do Brasil, uma seletiva para a Copa Verde e depois a realização da mesma. O campeão enfrentaria o vencedor da Copa Nordeste e pode levar a vaga para a Copa Sul-Americana, sem esquecer da Série B”, explicou Tavares.

O dirigente recomenda os clubes a investirem nas categorias de base. “Os times não vêem nas categorias de base como investimento. Assim eles teriam uma estrutura própria, o Guaicurus é exemplo, começou com o sub 17, com o mesmo grupo foi ao sub 19, está na Série B e vai disputar a Copa São Paulo de Futebol Júnior, tudo com o mesmo plantel”, recomendou o dirigente.

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