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Esportes

Paratleta de MS, que está entre as 4 melhores do mundo, aposta tudo em 2015

Vania Galceran | 25/12/2014 14:27
Gabriela em uma das competições (Foto: Reprodução/Facebook)
Gabriela em uma das competições (Foto: Reprodução/Facebook)

São 87 medalhas desde 2011, quebras de recordes e mais e mais conquistas. Em 2014, foram 27 prêmios: 18 medalhas de ouro, 8 de prata e 1 troféu de melhor atleta.

Gabriela Ferreira (16), a paratleta que está conquistando o País, é uma menina simples, que mora com a mãe e 3 irmãos no bairro Aero Rancho, em Campo Grande. É velocista e considerada a quarta melhor do mundo na categoria adulto. A jovem atribui ao esporte a guinada em sua vida. Deficiente visual desde que nasceu, Gabriela foi uma criança tímida e sofria discriminações.

A garota começou nas competições em 2011, nas Paraolimpíadas escolares. Mas ela mesma conta que passou a levar a sério o esporte só em 2012. De todas as conquistas as mais importantes foram o Sulamericano e o Open.

Mas para Gabriela o grande ano está chegando, 2015 vem com grandes competições como Parapan (Canadá). Ela está treinando muito para ser convocada e, se for, será o primeiro ano de Parapan adulto e também em um mundial. "Isso é muito bom pra uma carreira de atleta. Em abril vou conseguir o índice para o Parapan adulto aí, se eu for, tenho que conseguir índice para o mundial", essa é minha meta, comenta a atleta .

Lá, o passo mais importante será conseguir o índice para as Paraolimpíadas do Rio de 2016. "O ano que vem será um ano de vitórias, de choro de conquista. Com fé em Deus, tudo dará certo. Sei que isso é muito difícil mais vou me focar nos treinos" conta entusiasmada Gabriela.

Hoje, campeã, a adolescente é paparicada por todos a sua volta e já viajou o mundo para disputar corridas, sempre apoiada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro. O destaque mais recente ocorre nas Paraolimpíadas Escolares, em São Paulo, quando levou três ouros, sendo um no salto à distância e outras duas nas corridas de 100 e 400 metros.

História da Gabi - "Quando minha mãe estava grávida, um gato mordeu a barriga dela e eu tive toxoplasmose. Tenho 30% de visão no olho direito e 20% na outro. Porém, está reduzindo com o passar do tempo. Também tenho um pouco de dificuldade auditiva", explica.

Mas o esporte veio pra mudar completamente tudo na vida de Gabriela, desde criança ela pratica esporte. Primeiro a mãe incentivou a menina a jogar basquete, mas ela não se adaptou. Também passei pela natação e vôlei.
Em uma escola municipal onde estudava, um professor tinha um projeto de esporte e convidou Gabriela para participar, mas não era voltado para deficientes e sim para a comunidade em geral.

Até aí ela conta que não tinha intenção de se tornar atleta. A primeira competição que disputou e deu aquela "coceirinha que só esporte causa", diz, foi na disputa da Maratoninha Caixa.

"Venci, disputando com pessoas que não tinham deficiência. Ganhei uma bicicleta e fui convidada para treinar mais a sério. O esporte significa tudo para mim. Antes, eu era uma menina fechada. Não tinha amizade com ninguém. Não saía de casa a não ser para ir para a escola. A partir do momento que eu comecei a treinar, as coisas começaram a mudar. Fiz amizades. Viajei por vários países. Estive, por exemplo, na Argentina, Chile, Inglaterra e França. Hoje eu disputo tanto campeonatos escolares como os adultos.", conta orgulhosa.

Gabriela treina de segunda a sexta-feira, das 16h às 17h30, na escola onde estuda. Depois das aulas, treina na pista, que é mantida pelo professor, atletas e pais , no fundo da escola. "Infelizmente, não temos uma pista oficial. Sou a única atleta a participar destas competições de alto nível que não tem uma pista oficial para treinar, ams apesar das dificuldades eu quebro recordes nas competições", desabafa.

Na primeira competição escolar que participou, a atleta bateu o recorde brasileiro do salto à distância. Com isso, o leque de competição para adultos começou a ser aberto . Hoje Gabi, não disputa mais nos saltos. Ela corre nos 100, 200 e 400 metros.

Aliás, também já bati o recorde brasileiro dos 400 metros na competição de adultos.A menina que está no 2º ano do ensino médiona escola Manoel Bonifácio, diz que é complicado conciliar estudos e treinos, além das competições, mas com o apoio dos professores ela tem conseguido. Nos planos já tem uma faculade de Educação Física e Fisioterapia.

E depois Gabriela pretende trabalhar com projetos de atletismo voltados para o público especial."Quero incentivar o esporte entre os deficientes físicos. Planejo também continuar competindo até onde meu corpo aguentar", afirma.

A família é a base estrutural de Gabriela, a mãe, os 3 irmãos e o pai, além é claro do professor Daniel Sena, que é mais que um membro da família. Contabilizando as medalhas até o ano passado, eram 68. De menina tímida e discriminada Gabriela passou a ser campeã.

Uma trajetória que, segundo ela, não a colocou de cabeça baixa em nenhum momento, sempre buscou algo pra levantar sua auto-estima. Superação é a palvra que motiva Gabriela. "Sem dúvida, 2014 foi um ano incrível pra mim, mas não vejo a hora de 2015 chegar e que eu sirva de exemplo, pra quem não teve um bom ano, que tenham a capacidade de superar seus obstáculos.", finaliza.

Gabriela reproduzindo a pose do campeão de tênis Rafael Nadal. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gabriela reproduzindo a pose do campeão de tênis Rafael Nadal. (Foto: Arquivo Pessoal)
No pescoço "algumas" das conquistas e ao lado o técnico e parceiro Daniel Sena. (Foto: Arquivo Pessoal)
No pescoço "algumas" das conquistas e ao lado o técnico e parceiro Daniel Sena. (Foto: Arquivo Pessoal)
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