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Arquitetura

Mais do que apenas louça em cerâmica, trabalho de Alexandra Camillo é uma pausa

Formada em Artes Visuais e amante do material desde então, Camillo é referência

Thaís Pimenta | 26/10/2018 07:45
Alexandra Camillo mostra peças de seu ateliê, que estão expostas no showroom do espaço. (foto: Thais Pimenta)
Alexandra Camillo mostra peças de seu ateliê, que estão expostas no showroom do espaço. (foto: Thais Pimenta)

Sensibilidade e equilíbrio são palavras que vêm à mente num primeiro contato com as cerâmicas da artista Alexandra Camillo, de 51 anos. De essência "arteira", como brinca, foi no curso de Educação Artística na UFMS (universidade Federal de Mato Grosso do Sul), quando se formou em 1995 ganhou o diploma de "artista" e, encantada com a argila e a cerâmica desde as aulas universitárias, fez do material base para estudos e para o trabalho desde então. 

Sua casa é quase toda tomada pelas peças produzidas nos fundos do prédio, espaço que virou ateliê. De um lado da construção, o showroom, e do outro, a entrada da casa. Mas mesmo que nos espaços físicos haja essa separação, no íntimo da artista as duas coisas se misturam: o pessoal, particular, e o trabalho, o ganha pão. Essa característica é própria de quem vive da própria criatividade.

"A gente começa a entender o tempo de outra forma porque a argila que vai virar cerâmica, antes de queimar, ela tem um tempo e ela precisa ser respeitada. Em alguns movimentos inclusive, se a gente dá um trato muito brusco ela pode responder com uma trinca. Se você não deixar ela secar no tempo dela, no tempo do forno, que vai aquecer e resfriar dentro de um outro período, quando você quebra estes processos você vai ter algumas respostas, e geralmente uma resposta que vai resultar em algum dano", explica ela, a respeito de um das várias simbologias que se tronaram aprendizado para a vida pessoal.

Até mesmo colheres estão na lista das louças produzidas. (Foto: Thaís Pimenta)
Até mesmo colheres estão na lista das louças produzidas. (Foto: Thaís Pimenta)
Xícaras são sua marca registrada e foi por onde ela começou (Foto: Thaís Pimenta)
Xícaras são sua marca registrada e foi por onde ela começou (Foto: Thaís Pimenta)
Conjuntos inteiros, mesmo que da mesma linha, saem diferentes porque o processo é todo artesanal. (Foto: Thaís Pimenta)
Conjuntos inteiros, mesmo que da mesma linha, saem diferentes porque o processo é todo artesanal. (Foto: Thaís Pimenta)

Hoje o trabalho da artista está voltado para as louças no material, uma virada que partiu do trabalho unicamente artístico para mais comercial. "A louça está na vida da gente todo dia então foi um processo natural de querer usar alguma coisa diferente. Desde criança eu já tinha isso, de querer botar uma mesa de forma diferente e as vezes tinham uns olhares de mãe né, dizendo que a mesa não estava bonita, mas pra mim estava, ao meu jeito", recorda ela.

Dentro do mundo a parte que é o das louças, Alexandra começou com as xícaras, artigos que fazem as pessoas reconhecerem seu trabalho autoral de longe - até hoje. E este começo não se deve ao acaso. "Minha família tinha plantações de café então eu me criei no meio disso. O café sensorial, as sensações que ele me traz até hoje". As xícaras em questão vem em formatos diferentes, com asa torcida ou, até mesmo, sem asas. 

Este trabalho envolve além da escolha da argila ideal - que inclusive sempre fica aparente na peça - o processo de selagem requer um estudo de esmaltes, ou seja, um processo todo a parte de todo resto, e é o que dá o toque pessoal, a marca registrada, ao produto. 

"As tonalidades das peças são feitas aqui. Eu compro estes vidrados cerâmicos e, conforme crio linhas autorais, preciso armazená-los aqui no meu ateliê porque como são feitos com base de matéria prima natural os lotes podem vir com grandes variações. É um processo que demanda tempo mas é justamente o que dá o acabamento que eu quero".

Processo de produção das peças acontece dentro de casa, nos fundos, no quintal que virou sua área de trabalho. (Foto: Thaís Pimenta)
Processo de produção das peças acontece dentro de casa, nos fundos, no quintal que virou sua área de trabalho. (Foto: Thaís Pimenta)

As peças menores, como os bowls para mergulhar sushis, por exemplo, Alexandra já consegue passar para sua ajudante, Maria Carolina, mas todo o restante é feito pelas próprias mãos.

"As que exigem serem construídas desde a base, inteiras, que passam pelo torno, sou eu quem faço. Ainda sinto muito a necessidade disso porque as peças tem a minha cara, minha personalidade. Minha vida é cerâmica".

Falando em trabalho em conjunto, Alexandra também ministra aulas de cerâmica no ateliê no Itanhangá Park. Sem pré requisitos, os alunos que a procuram, em maioria, nunca tiveram contato com o material mas, por determinado motivo, quiseram desbravar as argilas. As turmas são recorrentes, mensais, e todo o material é comprado no próprio espaço. 

Presente que ganhou em uma das idas para a China. (Foto: Thaís Pimenta)
Presente que ganhou em uma das idas para a China. (Foto: Thaís Pimenta)

"Hoje tenho ex alunos que estão vivendo de cerâmica e são companheiros de profissão", completa ela.

Do início de tudo, com o trabalho artístico desenvolvendo artigos de iluminação, como abajures e lustres, passando pela produção de cubas para lavabos, por exemplo, o foco hoje está nas louças. Os artigos ainda são feitos sob encomenda, caso receba alguma.

O lado artístico reflete sobre a sociedade contemporânea, com argila pura, geralmente sem esmaltação. Na china, tem dois trabalhos expostos no Museu da Cidade de Yixing. Na primeira Bienal de Cerâmica de São Paulo suas peças "Flores de Pedra" estão expostas no Centro Cultural Olido.

Já as louças estão em restaurantes como o Imakay, Natori, Rhyori, Recanto das Ervas, Nazca, Bamboo e Safari.  Pela primeira vez na Casa Cor 2018, o trabalho de Alexandra está no espaço do restaurante Barra Latina By Nazca e no Lounge de Artur, Joana e Miralba Moraes.

Mesmo que as cerâmicas de Alexandra estejam muito visadas hoje por restaurantes e chefs de cozinha, ela vende as peças individualmente e servem muito bem como presentes. "Minhas vendas são bem equilibradas, meio a meio para comércios e compras individuais". É possível encontrar peças a partir de R$ 15,00. 

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Cerâmica usada para servir Sophia no Barra Latina. (foto: Acervo Pessoal)
Cerâmica usada para servir Sophia no Barra Latina. (foto: Acervo Pessoal)
Livro recorda as primeiras peças que levou para museu chinês. (foto: Thaís Pimenta)
Livro recorda as primeiras peças que levou para museu chinês. (foto: Thaís Pimenta)

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