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Comportamento

A paz de Maria acabou há 12 anos, quando os 4 filhos foram "roubados" pelo pai

Hoje ela tenta encontrar os meninos, mas diz que não tem ajuda de ninguém no poder público

Thailla Torres | 06/07/2017 07:52
Uma das poucas fotografias que Maria tem de 3,
dos 4 filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma das poucas fotografias que Maria tem de 3, dos 4 filhos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Maria foi vítima do ex-marido. Vive com a angústia de quem perdeu o sossego há 12 anos, quando os 4 filhos desapareceram, segundo ela, sequestrados pelo pai.

A história de uma profunda dor começou em Cuiabá (MT), onde Maria Inez Gabriel Marcelino morava com o marido. Depois de mais uma briga, ela diz que decidiu pela separação e veio para Campo Grande em busca de ajuda. Quando voltou para pegar as crianças, elas já haviam sumido.

Maria tem 38 anos, nasceu e cresceu na aldeia Alagoinha, a 30 quilômetros de Sidrolândia. Quando conheceu o ex-marido, tinha apenas 16 anos de idade. Para viver um amor, ela decidiu ir embora da aldeia. "Ele dizia que era paraibano, morava aqui perto da aldeia trabalhando na região. Nos conhecemos e mudamos para Cuiabá em busca de emprego, eu era menor e tinha parado os estudos", narra.

A frente da violência, oito anos de casamento foram marcados pela tortura. "Minha família não tinha notícias da gente. Fui embora sem legalizar minha documentação e depois de algum tempo ele passou a me trancar dentro de casa, judiava de mim e das crianças", descreve.

Essa é Maria Inez que vive na aldeia Alagoinha, em Sidrolândia.
Essa é Maria Inez que vive na aldeia Alagoinha, em Sidrolândia.

Decidida pela separação, Maria conta que comprou uma passagem para Campo Grande e veio em busca da família, sem condições de trazer as crianças, ela recorda do aviso que acabaram sendo as últimas palavras trocadas entre os dois.

"Eu disse pra eles (filhos) que voltaria para buscá-los e ia pedir ajuda. Em Sidrolândia consegui ajuda da família. Voltei para Cuiabá uma semana depois e os vizinhos disseram que ele amanheceu e desapareceu com as crianças, sem deixar endereço e contato". 

Maria diz que na época tinha pouco conhecimento sobre leis. Com pouco dinheiro e sem ter para onde ir, resolveu voltar para Mato Grosso do Sul em busca de ajuda. "Procurei o Conselho Tutelar, mas nunca tive uma resposta sobre eles", afirma.

O último indício sobre o paradeiro dos filhos veio em 2016 quando procurou a Defensoria Pública e o Tribunal Regional Eleitoral. "Descobri que um dos meus filhos tem título de eleitor na Paraíba, mas ninguém conseguiu me explicar um jeito de entrar em contato".

Com um ofício e os registros de nascimento em mãos, ela tenta saber o paradeiro dos 4: Lucas Adriano Gabriel Alves, Gabriele Gabriel Alves, Junior Gabriel Alves e Carlos Eduardo Gabriel Alves, levados por Marinésio Cândido Alves.

Sem resposta, Maria convive com a dor de um silêncio e distância de quem ela, infelizmente, não viu crescer. "Meu sonho é reencontrar minhas crianças", reforça. 

Sem perder as esperanças, a maior vontade é dizer as crianças que nunca desistiu. "Não sei o que pode estar passando pela cabeça deles hoje. Imagino que ele tenha me dado como morta, quero que eles saibam que eu sempre amei", declara, emocionada.

O Lado B entrou em contato com a Defensoria Pública de Sidrolândia, mas até o fechamento dessa reportagem, não obteve resposta sobre o caso de Maria Inez.

Se alguém souber do paradeiro dos meninos, entre em contato com a gente, pelo Facebook do Lado B.

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