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Comportamento

Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa

Cabeleireira recebeu mais de 20 mil pedidos desde que o Campo Grande News mostrou os cabelos de bananeira

Por Natália Olliver | 04/12/2025 18:44
Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Marilza Eleotério viralizou e recebeu pedidos de toneladas de cabelo de bananeira (Foto: Henrique Kawaminami)

Após o sucesso dos cabelos de fibra de bananeira nas redes sociais com a matéria do Campo Grande News, a vida da cabeleireira Marilza Eleotério de Barcelos Silva mudou. O celular não para de tocar e até gente falando em outras línguas aparecem nas mensagens que ela já não consegue responder. Agora, pessoas da Inglaterra querem que ela exporte toneladas de cabelo para o outro lado do oceano Atlântico.

Com 3,5 milhões de visualizações e 20 mil pedidos, o jeito foi fazer uma força-tarefa e pedir ajuda até para os vizinhos para dar conta de não deixar ninguém sem resposta. Com tanta repercussão, até músicas e poesias foram feitas para ela.

O Lado B voltou à casa de Marilza, no Lagoa Park, e encontrou o cenário igual, mas os troncos de bananeira aumentaram na frente da casa.

Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Para conseguir dar conta da demanda Marilza quer contratar pessoas (Foto: Henrique Kawaminami)

Ela conta que recebeu alguns e está plantando 300 pés de bananeira em um terreno emprestado pela comunidade próxima chamada Agrovila, no bairro Jardim Tarumã. A ideia é usar o material quando ele estiver no tempo. O local também servirá de depósito para os troncos de bananeira, já que o barraco onde Marilza mora é pequeno.

“Caiu minha ficha faz pouco tempo. Eu não acreditei que seria possível, não estava preparada para essa demanda de pedidos. Temos mais de 20 mil e não estávamos preparados, foi uma surpresa. Fui capa da Folha de São Paulo, nunca imaginei isso. Foi muito rápido. De uma semana para a outra, depois do vídeo, mudou totalmente minha vida.”

Ao todo, são 7 pessoas de países como África, Índia, Itália e Inglaterra interessadas em comprar os cabelos de bananeira de Marilza. Entre as propostas com quantidades exorbitantes, também apareceram pedidos de kg no Brasil. Tudo o que chega para ela tem passado por um setor jurídico para análise. O objetivo é, além da assistência legal do trabalho, impedir explorações e golpes.

Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
A cabeleireira precisa fazer mais máquinas para conseguir entregar os pedidos (Foto: Henrique Kawaminami)

“O pessoal que quer parceria com a gente da Inglaterra quer em grande escala, em toneladas. É muito cabelo. Eu achei que estava atendendo muito com 20 mil kg; agora serão toneladas. O trabalho é bem manual. Estou pensando em contratar pessoas e fazer mais máquinas. Preciso de parceiros que têm bananais e jogam fora os troncos. Estou com dificuldades. Eu quero muito atender essa parceria de tonelada. O Sebrae tem me dado muita assessoria e me ajudado muito no que preciso.”

Segundo ela, a meta é conseguir chegar às primeiras toneladas até fevereiro. Para isso, será preciso dobrar a quantidade de cabelos produzidos. A ideia é colocar pessoas da própria comunidade para ajudar, sendo remuneradas, claro.

“O pior que fiz foi criar a coisa, agora são pequenos pontos para conseguir fazer. A gente tem até fevereiro para ver se vamos conseguir, não sei se vamos descartar a ideia. Eu quero entregar a tonelada. Vamos começar com o que conseguirmos entregar, seja 1, 2 ou 3. Vamos fazer mais máquinas porque uma pessoa consegue fazer 2 kg por dia, então, se tiver mais, consigo produzir mais cabelo.”

Segundo ela, o preço da exportação vai mudar, mas não sairá muito mais caro que os R$150 por 100g de cabelo que ela já cobra. A alteração é necessária pelas taxas impostas aos produtos lá fora.

Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
"Viver em barraco é um alívio para Marilza, que já morou até embaixo de uma ponte (Foto: Henrique Kawaminami)

“Estou vendo um parceiro do Espírito Santo, que tem um grande bananal lá, para a gente mandar a máquina e extrair os fios de lá. Eles enviam prontos para nós. Juntando todos os pedidos, deve dar umas 2 toneladas porque foi muito pedido. A gente está com prazo de entrega longo. Os do Brasil consigo atender até o final de janeiro, o resto tem que esperar. Agora, são dois meses de espera.”

Vida na lona e madeira

Na comunidade Lagoa Park, as maioria das casas são barracos feitos de madeira e lona, como o de Marilza. Para ela, estar ali é um alívio. A cabeleireira sonha em ter um lar de alvenaria, mas não cogita sair dali.

“Tudo começou aqui. O que eu quero é construir minha casa, de dois andares, igual a do vizinho, de alvenaria. Fazer um espaço melhor, talvez não consiga atender a demanda do produto aqui, mas minha moradia vai continuar. Foi aqui que as portas se abriram, que Deus permitiu que eu fosse reconhecida. Agora, acho que vou conseguir.”

Ela explica que as maiores dificuldades de morar em uma comunidade assim são o calor. Como a casa é de lona, quando chove, molha dentro da residência de três cômodos e, quando faz calor, o material da casa não perdoa.

“A gente vive em barraco e, quando é quente, é muito quente; quando é frio, é muito frio. A gente sonha com a nossa casa, com uma casa de dois andares. Eu nunca morei em comunidade; aqui é a primeira vez e já morei em lugares bem complicados. Sou filha de pescador e já moramos em casa só de lona, embaixo da ponte. Minha vida não foi tão fácil. Acho que a gente vive até no paraíso agora, comparado ao que vivi quando criança.”

Após bombar com bananeira, Marilza já tem toneladas pedidas da Europa
Vida de Marilza mudou após reportagem do Lado B sobre cabelos com fibra de bananeira (Foto: Henrique Kawaminami)

Marilza relembra o passado e conta que, apesar da realidade dura, mesmo na infância, ela viveu feliz e continua: “Crescemos sempre unidos, em um lar amoroso. Não tinha privilégio, mas estávamos todos juntos.”

Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

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