ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, TERÇA  14    CAMPO GRANDE 18º

Comportamento

Depois de perder 4 filhos, Patrícia superou a dor e vive a realidade de ser mãe

"Eu nasci pra ser mãe. O que antes era um sonho, hoje é a minha realidade", diz Patrícia que perdeu quatro gestações.

Thailla Torres | 05/02/2018 08:14
Família reunida, com os quatro filhos que Patrícia sempre sonhou. (Foto: Arquivo Pessoal)
Família reunida, com os quatro filhos que Patrícia sempre sonhou. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 34 anos, a técnica em enfermagem Patrícia de Godoi Carvalho carrega na memória a saudade de quatro filhos que partiram. Mas o sonho de ser mãe fez ela dar a volta por cima. Depois de quatro perdas, hoje ele tem quatro crianças para cuidar e 8 gestações que fazem parte da história da família. Como superou os medos, o luto e teve forças para encarar uma gravidez novamente? Patrícia conta no Voz da Experiência.

Foto durante a última gestação. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foto durante a última gestação. (Foto: Arquivo Pessoal)

Sempre quis ser mãe. Lembro como se fosse hoje, estava com 18 anos e ainda namorava Murilo, que hoje é meu esposo. Descobri minha primeira gravidez que não foi planejada, mas recebida com muito amor e gratidão.

Morava no interior de São Paulo, tive um pré-natal muito tranquilo. Os exames davam sempre normais para uma rotina de pré-natal. Isso tudo há 15 anos.

Os médicos diziam que eu estava evoluindo bem para fazer um parto normal, o que era um desejo meu. Mas tivemos que aguardar toda a evolução da gestação até chegar a data prevista. Mas no dia 16 de setembro de 2002, mesmo após uma gravidez, relativamente, normal, meu bebê faleceu, 12 horas após o nascimento.

Três dias antes comecei a sentir dores. O médico dizia que era normal, que estava em trabalho de parto, mas fui e voltei do hospital várias vezes. Voltei no outro dia, mas nada de aumentar a dilatação. Continuava a perder um pouco de líquido, mas eu continuava escutando que aquilo tudo era normal.

Na terceira ida ao hospital, fui internada de vez, mas não evolui bem. Foram aproximadamente 10 horas de um parto muito complicado e traumático. Mas estava feliz porque meu bebê, tão esperado, nasceu com 3,8 kg e 50 cm. Uma criança linda e, aparentemente, saudável.

Cerca de 12 depois o pediatra trouxe a primeira informação que fez meu coração sofrer. Ele disse que houve um 'problema' e que, se sobrevivesse, o bebê teria sequelas como nunca andar ou falar. Também falou que ele corria o risco de morrer por outras complicações de saúde, mas que naquele momento, o mais importante era tirá-lo das crises convulsivas.

Foi um choque pra gente, mas meu coração de mãe tinha fé que ele ficaria bem. Meia hora depois de todas as informações do pediatra, ele voltou ao quarto e me disse que havia feito o possível, mas meu filho não tinha resistido.

Ainda hoje não sei explicar aquele sentimento. Perdemos o chão e entramos em choque. Quem imaginaria uma gestação normal, de uma criança tão grande, gordinha e linda, pudesse terminar assim, tão de repente. Era Gabriel o nome dele, tornou-se nosso anjo.

Gêmeos recém-nascidos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Gêmeos recém-nascidos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Dois anos depois, engravidei novamente, mas tive um aborto bem no início da gestação. Em uma nova tentativa de ser mãe, engravidei em 2004, quando já morava em Nioaque. Fiz todo acompanhamento com um novo especialista que apenas diagnosticou que minha taxa de progesterona era baixa. Em pouco tempo sofri outro aborto.

Meu sonho era ter quatro filhos. Mas foram tantas tentativas sem sucesso e frustrações que resolvemos esperar. Mas nada abalou minha vontade de ser mãe e a de Murilo, meu esposo, de ser pai.

Depois de algum tempo voltamos ao mesmo médico, em Jardim. Começamos uma nova investigação, que mais uma vez só detectou a taxa reduzida de progesterona. Comecei uma reposição hormonal e um tratamento estimulação ovariana, um procedimento que estimula o ovário a liberar mais óvulos em um mesmo ciclo, onde de forma natural seria liberado somente um.

Meu marido também passou por uma série de exames e nenhum problema foi encontrado. Começamos a estimulação em 2011 e durante os ciclos de tratamento, cheguei ovular dos dois ovários no mesmo mês e nada. Foram três ciclos de tratamento, mas nada de conseguir engravidar.

Terminamos o procedimento arrasados, eu e meu esposo. Lembro como se fosse hoje, cheguei em casa, chorei muito, fiquei de joelhos e decidi mais uma vez conversar com Deus.

Pedi que se fosse da sua vontade, que eu pudesse ser mãe de um filho que nascesse do meu útero. Caso contrário, iria adotar uma criança e amá-la do mesmo jeito.

A resposta – Depois daquele dia, entendi que tudo tem um tempo certo. Parece que quando resolvi escutar a minha fé, veio o tão sonhado positivo. Fiquei grávida de um menino.

Passei a fazer acompanhamento, em Campo Grande, com a médica Sandra Valéria. Foi uma gestação tranquila e acompanhada com muito zelo. Até que vi o rostinho do meu menino, nasceu em 17 agosto de 2012, sem qualquer dificuldade.

Um ano e meio depois decidi engravidar novamente. Estava feliz, segura e radiante em ser mãe. Quando sofri o terceiro aborto na vida. Dessa vez uma nova série de exames diagnosticou a trombofilia, ocorrência que na prática, contribui para o entupimento de veias.

Depois desse diagnóstico, tive medo de engravidar novamente. Mas meu menino cresceu e pediu irmãozinho. Foi quando veio a sexta gestação, mais uma vez tranquila e com o nascimento do meu segundo menino que hoje está com 1 ano e dois meses de vida.

Nove meses depois do nascimento, descobri que estava grávida de novo, mas dessa vez não foram os problemas de saúde e nem os abortos que apareceram de surpresa. Foi a notícia que eu estava grávida de gêmeos.

A cada ultrassom, com os corações batendo certinhos, era um sonho. Me lembrava de quantas noites chorei e pedi a Deus por um filho, agora a vida havia me presenteado com dois, eu não tinha do que reclamar.

Durante a gestação fiz tratamento com anticoagulantes. Enquanto a cada exame eu via que os dois estavam se formando direitinho, sem complicação alguma e eu voltava para casa rezando, em agradecimento por duas vidas que estavam prestes a chegar.

Gabriel e Mateus vieram ao mundo na semana passada, para completar a felicidade, 4 anjos que Deus me entregou para cuidar aqui na terra. Sou uma mãe e mulher realizada!

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Nos siga no Google Notícias