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Comportamento

Depois de sumir e ser resgatada por cachorro, taça Jules Rimet passou por aqui

Registros históricos de Higa não levavam em consideração que, anos depois, o troféu seria roubado e derretido no Rio

Thaís Pimenta | 17/06/2018 07:10
Grupo de jogadores mirins tiveram o prazer de segurar a taça durante passagem por aqui. (Foto: Roberto Higa)
Grupo de jogadores mirins tiveram o prazer de segurar a taça durante passagem por aqui. (Foto: Roberto Higa)

A taça da Copa do Mundo com mais história nesses 88 anos de disputa é a Jules Rimet. Com desenho da deusa grega Nice, representando o triunfo e a glória, passou por Campo Grande em 1971, um ano depois da vitória do tricampeonato, num trajeto em que visitava as capitais brasileiras para, só então, estacionar de vez na sede da Confederação Brasileira de Futebol, no Rio de Janeiro.

Na época, os sortudos campo-grandenses que tiveram a honra de segurar o primeiro troféu criado pela Fifa não tinham noção de que, anos depois, em 1983, ficaríamos só com a réplica da taça, já que a versão original se perdeu depois de ser roubada e derretida nos morros cariocas. 

O fotógrafo Roberto Higa era ainda um jovem com câmeras fotográficas na mão, estilo irreverente e faro jornalístico aguçado, por isso acompanhou o trajeto feito pela Jules Rimet desde que chegou no Aeroporto Internacional de Campo Grande. ''Ela desfilou pelo centro da cidade e depois partiu para outra capital'', conta ele.

Jules Rimet desfila no Fordinho em 1971 pela rua 14 de Julho. (Foto: Roberto Higa)
Jules Rimet desfila no Fordinho em 1971 pela rua 14 de Julho. (Foto: Roberto Higa)

Antônio Mendes Canale era o prefeito de Campo Grande e pode segurar o troféu, assim como o general Pitaluga, que aparece nos registros de Higa admirando a taça.

''O antigo Presidente da Associação Comercial e Presidente da Liga Esportiva Municipal, Nelson Borges de Barros e o jornalista Valdir Cardoso também estavam presentes na apresentação da Jules Rimet em Campo Grande e aparecem discretamente nessas fotos'', conta.

Depois de descer no Aeroporto, o troféu seguiu no antigo Fordinho, conhecido como Pé de Bode, um carro de 1930, pela Avenida Costa e Silva, foi para a grande Afonso Pena, pela 14 de Julho, e voltou para o Aeroporto, para continuar seu trajeto até o misterioso fim.

''A Jules Rimet também foi segurada por um grupo de jogadores mirins daqui, os Dentes de Leite de Campo Grande, que tinham entre 6 a 10 anos'', completa Higa.

General Pitaluga admira a taça do mundo, que mais pra sempre seria roubada, no Rio. (Foto: Roberto Higa)
General Pitaluga admira a taça do mundo, que mais pra sempre seria roubada, no Rio. (Foto: Roberto Higa)

O troféu oficial - foi erguido por Bellini (1958), Mauro (1962) e Carlos Alberto Torres (1970) mas acabou vivendo peripécias dignas de filme. Não por acaso veio a se tornar um, ''O Roubo da Taça", de 2016, que narra o sumiço nos anos 30, um resgate por um cão em 66 e roubo da sede da CBF no início dos anos 80.

Muito importante, o troféu foi o primeiro criado pela Fifa para parabenizar a melhor equipe do mundo. O oferecimento da taça como recompensa pela conquista da primeira Copa do Mundo de Futebol foi proposta protocolada pelo Comitê Executivo da Fifa em 28 de maio de 1928.

O então presidente da Federação, Jules Rimet, ordenou que fosse feito um troféu, em ouro. Para a confecção da taça foi contratado o artesão francês Abel Lafleur, ficando pronta em abril de 1929. Por sugestão de seu idealizador, a posse definitiva do troféu ficaria com o país que conseguisse vencer um total de três edições da Copa - algo que reputou extremamente difícil, imaginando que nenhum país fosse capaz de atingir esta marca.

Um novo congresso da entidade, realizado em Luxemburgo, a 1 de julho de 1946, decidiu que o nome da taça homenagearia seu idealizador, passando desde então a chamar-se Taça Jules Rimet.

O primeio sumiço acontece em 1966, às vésperas da Copa na Inglaterra, quando foi encontrada embrulhada em papéis de jornal pouco antes do início do Mundial por um cão chamado Pickles, no subúrbio de Londres. O animal ficou famoso e a taça foi entregue aos britânicos, que venceram a Alemanha na decisão.

Porém, como nós fomos os primeiros tricampeões do mundo, Jules Rimet era nossa. Guardada da CBF, ficava exposta em uma redoma de vidro, sem muita segurança, enquanto que sua réplica, trancafiada a sete chaves. 

Foi em 20 de dezembro de 1983 o dia de seu último sumiço e de seu ''possível'' fim, isso porque não existem provas de que Jules Rimet foi derretida. O troféu foi roubado da CBF por três pessoas, uma delas, Sérgio Peralta, representante do Atlético-MG na Confederação. Dias depois, a imprensa mundial noticiava, com assombro, que o mais importante símbolo das conquistas futebolísticas havia sido derretido, fato que até hoje improvado.

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Presentes olham com admiraçao para o troféu. (Foto: Roberto Higa)
Presentes olham com admiraçao para o troféu. (Foto: Roberto Higa)
Antonio Mendes Canale beijo a taça. (Foto: Roberto Higa)
Antonio Mendes Canale beijo a taça. (Foto: Roberto Higa)
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