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Comportamento

Do Nordeste para MS, coco é ritmo junino desvendado por Glauber Alagbê

Oficina é ministrada pelo músico e historiador até o fim deste mês

Thaís Pimenta | 05/06/2018 06:41
Cerca de oito alunos estavam presentes já na primeira aula de coco. (Foto: Saul Schramm)
Cerca de oito alunos estavam presentes já na primeira aula de coco. (Foto: Saul Schramm)

Junho chegou e com ele as festividades juninas. As quadrilhas características da época, animadas pelo forró e pelos xotes, foram influenciadas por ritmos datados num passado bem distante. Muita gente não sabe, mas tem origem em um ritmo nordestino, o coco. Marcado pela leva dos instrumentos de percussão – ganzá, surdo, pandeiro e triângulo – o estilo é pouquíssimo conhecido em Mato Grosso do Sul e o historiador e mestre em música africana recifense, Glauber Alagbê, morador de Campo Grande há 11 meses, resgata toda essa cultura com seu conhecimento.

Glauber define o coco como o sapateado do nordeste, e nos explica plausivalmente o porquê. ''O ritmo vem da mistura da música africana com indígena, nascido em 1820, logo após a libertação dos escravos, na revolução pernambucana. Além do som, em si, o coco carrega a função social de, quando os casais se formavam, casavam-se, as famílias e amigos mais próximos levavam pra dentro da nova casa, barro, e como forma de presentear o casal, socavam o barro para formar o piso da casa no ritmo da música, com seus tamancos'', pontua.

O som, que nasce a partir do samba de velho, nunca deixou de ser escutado mas, ainda de acordo com Glauber, é no mês de junho, com as chuvas, que a tradição social do coco volta a ser praticada. ''Para resgatar, as famílias comemoram a chuva sapateando no chão''.

Trazido para Campo Grande em razão de uma história de amor, Glauber transformou sua casa no Santa Luzia em um centro cultural e estreou no primeiro sábado (02) de junho a Oficina de Coco, com encontros que seguem durante todo o mês. ''Minha intenção é reunir desde quem entende um pouco de percussão até aqueles que se interessam pela cultura nordestina. Trago o momento histórico do movimento, ensino o básico de percussão pra finalmente ensinar o pessoal a fabricar todos os instrumentos de percussão que formam a orquestra do coco''.

Glauber é de Recife e mora em Campo Grande há 11 meses. (Foto: Saul Schramm)
Glauber é de Recife e mora em Campo Grande há 11 meses. (Foto: Saul Schramm)

Cerca de oito alunos já acompanham a oficina desde a primeira reunião mas ainda é possível se inscrever nas aulas por R$ 100,00. Glauber adianta que dia 23 deve realizar uma festa junina aberta ao público no centro cultural e convida a todos que tenham interesse de comparecer.

Na cidade Glauber ainda não conheceu ninguém que faça coco, mas elenca o pessoal da orquestra de rua Vai quem Vem, o Mestre Mato Grosso e Caio Inácio como músicos que reproduzem o ritmo vez ou outra. A nível Brasil, as maiores referências do ritmo são Mestre Galo Preto, o único ainda vivo, Mestre Ferrugem e Mestre Nascimento Grande.

Em outubro, o músico estreia seu espetáculo solo ''Africanidades brasileiras'' na Europa e, por aqui, deve realizar apresentações em parceira com o Sesc. Com sobrenome vindo de sua religião, Alagbê agradece por estar em Campo Grande e por fazer parte da construção a história da cidade.  Para saber mais ligue (67) 99288-3501.

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Oficina segue até o fim do mês de junho e ainda recebe inscrições. (Foto: Saul Schramm)
Oficina segue até o fim do mês de junho e ainda recebe inscrições. (Foto: Saul Schramm)

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