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Comportamento

Dormir com os filhos é risco ou forma de criar crianças mais calmas e seguras?

Thailla Torres | 01/11/2016 07:10
Glê já compartilhou a cama com o filho João e Maria Luiza. (Foto: Arquivo Pessoal)
Glê já compartilhou a cama com o filho João e Maria Luiza. (Foto: Arquivo Pessoal)

A escolha gera polêmica quando o assunto é a segurança e o desenvolvimento das crianças. Mas muitos pais acreditam que a ideia da cama compartilhada ajuda a criar filhos mais tranquilos e seguros. Quem decide viver assim, dorme ao lado dos pequenos, na mesma cama.

No entanto, pediatras alertam que a decisão deve ser vista com muito cuidado, para evitar acidentes e também não influenciar no crescimento emocional.

Camila Bruna Zantetti é mãe da Stella, de 4 anos e Heloísa, 1. As duas aproveitaram a cama compartilhada com a mãe desde que nasceram.

A mais velha até teve experiência no berço, mas a mãe passou dificuldades com a amamentação e tinha de acordar a cada trinta minutos para atender a filha. "Eram só alguns minutos de sono por noite", lembra Camila.

O cansaço foi decisivo para que a mãe decidisse de vez pela cama compartilhada. “Fiquei uns 10 dias dormindo no quarto dela, amamentava, tinha que colocar para arrotar, depois colocava no berço e isso demorava quase uma hora. E isso o tempo todo, daí comecei a ficar esgotada e eu acabei retornando para o meu quarto com ela”, justifica.

Camila compartilha a cama com as filhas no período da amamentação. (Foto: Arquivo Pessoal)
Camila compartilha a cama com as filhas no período da amamentação. (Foto: Arquivo Pessoal)

As mudanças, segundo Camila, foram positivas para os dois lados. “Eu pude continuar com a amamentação, estimular a produção de leite e me sentir segura. Porque as vezes é horrível esse distanciamento”.

A ideia é também uma quebra de paradigma, já que algumas mães “condenam” a ação dizendo que é exagero ou excesso. Mas para Camila, é uma oportunidade única, já que os filhos terão todo o tempo para serem independentes. “Eu senti essa necessidade e não tenho medo porque sei que eles não vão dormir comigo para o resto da vida. E elas crescem crianças seguras e com confiança nos pais”.

Quando a filha passou a dormir com o pais, o espaço ficou pequeno e o marido teve de arrumar outro quarto. Camila acredita em um distanciamento natural após o nascimento e isso não tem a ver com dividir a cama com a criança. “Existe sim uma diminuição do ritmo da atividade sexual, mas foi pelo meu cansaço físico e de cuidar de outro bebê. Mas quanto a isso, independente do quarto, a gente usa outros cômodos da casa”, explica.

Para Glê Schmitt, que é mãe do João Pedro, de 5 anos, Maria Luiza, 2 e Maria Flor, 3 meses, a escolha foi para manter o afeto. “Eles passam muitos ciclos e se sentem sozinhos, querem estar perto da mãe. A gente consegue ter noites mais tranquilas”, diz.

A mudança na rotina noturna também teve peso por conta do desconforto. “É muito cansativo, acordar no outro quarto, sentar na cadeira para amamentar e as vezes até correr o risco de pegar no sono. Então é uma segurança que a gente tem. Sem contar que eles se sentem muito mais protegidos, nem que seja para estar ali e fazer um carinho assim que eles acordam”, diz a mãe.

Quando o assunto é tempo, não existe uma data certa para deixar a cama dos pais. Cada mãe escolhe o período ideal ou aguardam a escolha da criança. No entanto, as mãe afirmam que dificilmente os filhos permanecem por muito tempo, já que começam a não sentir mais a necessidade da cama dos pais. “Não existe idade ideal, enquanto houver o aleitamento materno e se a criança não tem problema para dormir, o processo tem que acontecer naturalmente. No meu caso eu parei quando ela não sentia mais necessidade de dormir no meu quarto”.

Já para Glê, a iniciativa foi dela de incentivar os filhos a dormir na cama. “Fomos aos poucos adaptando. A gente fazia eles dormirem na cama de casal e logo depois a gente levava para o quarto. Foi cerca de uma semana até estarem adaptados e saberem que na hora de dormir, iriam para a cama”, conta.

Para a pediatra Lilian Carvalho, a única restrição é com os cuidados. “A grande questão é o pai ou mãe não dormir em cima da criança. Fora isso, acho que é importante pensar no lado psicológico. Toda criança precisa ter o próprio universo, ele precisa sentir outros prazeres. Agora se a mãe sente essa vontade, o maior cuidado é para não sufocar a criança em todos os sentidos”, explica a médica.

Entre as recomendações para evitar acidentes, a cama deve estar enconstada, para que a criança durma entre a parede e a mãe. Os pais nunca podem dormir com os filhos após terem ingerido bebida alcoólica ou tomado uma medicação em que vai ser difícil acordar.

Camila também reforça sobre o cuidado de deixar o filho ao lado da mãe. "A mãe geralmente já está mais habituada a qualquer som ou movimento do bebê, temos um sono mais leve", justifica. Atenção com roupas, cobertores e travesseiros, também são levados em conta para que excessos não sufque o bebê. 

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