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Comportamento

Dos anos 90, posto Platinão tinha até cinema e fila para almoço em restaurante

Paula Maciulevicius | 10/11/2016 08:22
Memória de viajantes, o Platinão marcou campo-grandenses. (Foto: Marina Pacheco)
Memória de viajantes, o Platinão marcou campo-grandenses. (Foto: Marina Pacheco)

A 30 quilômetros da cidade, a placa do "Platinão" era alegria quando avistada por motoristas e passageiros. Mesmo quem tinha acabado de sair para viajar, já sentia fome antes de deixar Campo Grande e na volta, o ponto de parada também era obrigatório, mesmo estando tão pertinho de casa. Inaugurado em 1994, o posto tinha até cinema, barbearia e clientes chegavam a fazer fila para almoçar no restaurante. Memória de viajantes, o posto marcou campo-grandenses. 

Construído por Mário Neves, foram dois anos até a obra ficar pronta. No total, a área do posto tem oito hectares. Hoje, quem conta a história já é a segunda geração, há dois anos João Marcos Neves assumiu o posto ao lado do irmão, Jorge. "Meu pai quem construiu aqui, porque a gente já tinha um posto em Santo Antônio da Platina. Minha família mexe com posto de combustível desde o meu avô, no Paraná", conta João. E daí veio o nome "Platinão", da cidade natal dos proprietários, Santo Antônio da Platina, no Paraná. 

À época, havia um projeto da Esso, chamado "Grande Parada", semelhante à estrutura de franquias, os postos dentro do programa deveriam ser nos moldes americanos. "Tanto é que o layout deste posto é bem diferente dos outros. Aí a gente entrou neste projeto para fazer esse. Se chamava Platinão Grande Parada quando lançou", explica o diretor executivo.

Fachada anterior, quando o posto ainda era bandeira Esso. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fachada anterior, quando o posto ainda era bandeira Esso. (Foto: Arquivo Pessoal)
Conveniência nos moldes americanos, na década de 90.  (Foto: Arquivo Pessoal)
Conveniência nos moldes americanos, na década de 90. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pelos corredores, jogos eletrônicos e fliperamas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pelos corredores, jogos eletrônicos e fliperamas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em plena BR-163, rodovia que faz o Norte e o Sul do País, o posto foi pensado para atender principalmente caminhoneiros. "Nossa venda maior é a de diesel e aqui era um bom ponto para ser posto, por isso viemos para cá e começamos a construir", recorda João Marcos.

Quando inaugurado, em setembro de 1994, o posto tinha até cinema, salas para banco, uma conveniência com roupas e calçados e ainda sala de jogos com fliperamas e as máquinas da época. 

"O cinema chegou a funcionar sim, não como os comerciais, mas era uma sala com projetor e cartazes dos filmes", conta João.

Cabeleireiro no posto desde a inauguração, Dijalma Pereira lembra como se fosse ontem do dia. "25 de setembro de 1994". À época ele tinha recém saído do Senac, onde era instrutor de cabeleireiro e morava nas Moreninhas, onde os donos bateram na porta da vizinhança, por ser mais próximo do posto. 

"Eu tinha um salão lá, mas o movimento estava meio devagar e quando ia inaugurar, o pessoal foi fazer uma entrevista com quem morava nas Moreninhas, porque o transporte era mais fácil", recorda Dijalma, de 52 anos. 

De início, a entrevista que foi fazer era para o restaurante, segmento que ele também tinha conhecimento, mas na conversa com o recrutamento, teve a indicação de ir conversar com o dono para montar a barbearia. "E acabou dando certo e estou aqui há 22 anos", resume. 

O forte do salão é corte e barba, mas nas mulheres, Dijalma também chega a cortar cabelo e fazer tintura. E nos bons tempos, a média de clientes dele era de 20 por dia. "Uma coisa muito marcante era o cinema. Foi o primeiro posto no padrão americano a ter cinema e loja de conveniência tão completa", detalha. Além dos filmes da época, o cinema também passava novelas. 

Outro ponto curioso era o padrão americano de abastecer. "Os próprios motoristas que abasteciam, enchiam o tanque, o corote, lavavam vidro. Como era na Europa e nos Estados Unidos, mas infelizmente não foi bem sucedido", lembra. Pelas estradas serem ruins, os motoristas por vezes chegavam exaustos. "E naquela época os caminhões também não eram confortáveis, por esse fato era muito cansativo para eles descer da cabine", explica.

A clientela da barbearia de Dijalma é do País todo. Do Pará ao Rio Grande do Sul e às vezes até argentinos que vem trazer mercadoria para o Brasil.

Fachada da conveniência no passado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Fachada da conveniência no passado. (Foto: Arquivo Pessoal)
Como era servido o almoço. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Como era servido o almoço. (Fotos: Arquivo Pessoal)
Restaurante tinha até fila para receber clientes.
Restaurante tinha até fila para receber clientes.

O auge do Platinão foi dos anos 90 até o início de 2000. Passado este período, com a saída da Esso do País, o projeto ficou para trás. "Foi desativando aos poucos, porque o projeto inicial tinha um custo operacional muito alto. Aí a gente começou a diminuir", explica João.

Com a nova geração chegando, ele e o irmão, um projeto de reforma começou a ser executado para criar uma sala de lazer, chamada "sala do caminhoneiro", com televisão, internet e sinuca e ainda e ainda eventos entraram no cronograma, como o porco no rolete que já teve uma edição e terá a próxima dia 20 deste mês. 

A lavanderia continua presente e também será reformada, junto das suítes de banho, com cabines individuais para os caminhoneiros. "Nosso maior público são os caminhoneiros, é o que sustenta a empresa. Por dia, são 600, mas como temos outro pátio para eles, as pessoas quem passam na frente não tem essa noção", explica João Marcos. 

O atendimento também é grande para com turistas e os próprios motoristas de Campo Grande. Com buffet desde o café da manhã, o rodízio do churrasco no almoço e a feijoada aos sábados custa R$ 29,90.

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De longe, placa animava quem ia viajar e quem estava de chegada. (Foto: Arquivo Pessoal)
De longe, placa animava quem ia viajar e quem estava de chegada. (Foto: Arquivo Pessoal)
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