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Comportamento

Fernandinho Beira-Mar, choro e furtos: José viu de tudo em guarita

José Gregório Melgarejo, de 57 anos, trabalha como porteiro na guarita do prédio do Fórum

Bárbara Cavalcanti | 21/07/2021 06:20
José trabalha na guarita do Fórum de Campo Grande desde o dia em que o prédio inaugurou. (Foto: Henrique Kawaminami)
José trabalha na guarita do Fórum de Campo Grande desde o dia em que o prédio inaugurou. (Foto: Henrique Kawaminami)

José Gregório Melgarejo, de 57 anos, trabalha como porteiro na guarita do prédio do Fórum de Campo Grande, na Rua Barão do Rio Branco, há quase uma década. Apesar de ninguém enxergá-lo quando as janelas já estão fechadas, o sorriso que vira e mexe aparece já o tornou um figurão do pedaço, e cheio de histórias para contar.

Como sua posição é observar, ele já viu de tudo um pouco: pessoas emocionadas, gente que que usa o vidro como espelho, furto e até traficante buxixado, como Fernandinho Beira-Mar.

De acordo com José, é visível no semblante das pessoas que elas passam por fortes emoções no local. “Já vi muita gente entrando com o semblante tranquilo, mas saindo daqui chorando, muito emocionado. Fico inclusive me perguntando sobre o que será que a pessoa passou”, comenta.

Seu José na guarita. Só com a porta da guarita aberta, é possível vê-lo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Seu José na guarita. Só com a porta da guarita aberta, é possível vê-lo. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele começou a trabalhar como porteiro muito antes do prédio no Jardim dos Estados existir. A carreira dele começou em uma portaria de um condomínio. A função exigia muito esforço e tinha poucas folgas, o que serviu de motivo principal para seu José procurar outro local de trabalho. Na Rua Barão do Rio Branco, ele já está desde a inauguração, mas foi em fevereiro de 1991 que ele passou no concurso no setor judiciário.

Começou como zelador, até a entrada da empresa terceirizada. Foi aí que passou para a função de porteiro e segurança na guarita.

Entre os casos memoráveis, seu José relata uma operação que julgou vários policiais do DOF envolvidos em corrupção. “Isso ainda foi no prédio antigo. Eu fiquei de segurança lá. Lembro que fiquei empolgado, ainda era jovem, dá aquela emoção. Mas hoje em dia, até já me acostumei, então dificilmente me empolgaria assim como antes”, ri.

José trabalhou nos vários turnos diferentes, desarmado, mas dá graças a Deus nunca ter passado por uma situação que envolveu risco de vida. “Nunca tive problema, desde a época em que eu ficava aqui sozinho. O único caso mais grave, foi quando uma vez, vi um furto de uma moto de uma funcionária daqui do Fórum. Quando vi, chamei a polícia e deu tudo certo no final”, detalha.

Ainda outro caso, foi quando ele viu o julgamento do Fernandinho Beira-Mar em 2009. “Ainda não tinha o prédio que tapava a vista à entrada do Tribunal de Júri. Então vi ele passar, mas foi só de longe”, comenta.

A guarita onde ele fica, guarda o estacionamento dos carros oficiais e dos magistrados. “Vejo eles entrando e saindo, conheço vários. Todo mundo que passa por aqui cumprimenta, são educados”, expressa.

Hoje, ele trabalha na guarita que dá acesso ao estacionamento dos carros oficiais e magistrados. (Foto: Henrique Kawaminami)
Hoje, ele trabalha na guarita que dá acesso ao estacionamento dos carros oficiais e magistrados. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com o insulfilme, seu José relata que já passou por situações engraçadas, onde a pessoa do lado de fora usa o vidro de espelho, sem saber que tem alguém atrás. “É engraçado, tem gente que para aqui, se penteia na frente e eu estou vendo tudo de dentro. Mas nunca dei susto em ninguém não, deixo todo mundo se arrumar á vontade”, comenta.

A aposentadoria já está próxima, a previsão é de 2023. Do tempo de serviço, ele leva boas lembranças. “Eu sempre gostei daqui, nunca tive o que reclamar. Mas agora realmente só penso na aposentadoria”, brinca.

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