Júlia Maria é a primeira fuzileira naval da história do Pantanal

Júlia Maria Nascimento de Paiva, de 22 anos, nunca achou que entraria para a história da Marinha no Pantanal sul-mato-grossense. A jovem foi a única mulher a se formar no curso de Operações no bioma em 36 anos. O treinamento é feito em Ladário e é um dos mais exigentes da Marinha do Brasil. Nesta edição, dos 100 militares que demonstraram interesse, 49 passaram no teste e menos de um quarto chegou à formatura: 23. Júlia, felizmente, foi uma delas.

Ao Lado B, a carioca conta que tudo aconteceu no tempo limite por causa da idade dela. De olho na oportunidade de ser fuzileira, ela não pensou duas vezes quando apareceu uma vaga por aqui. O treinamento durou 47 dias e foi intenso.

“Eu estudava para concurso. Na época, não tinha prova para mulher de fuzileiro naval. Assim que abriu a primeira prova, eu fiz, era a minha última por conta da idade. Graças a Deus, eu passei. Só eu me inscrevi no curso de mulher. Porém, algumas mulheres já tentaram antes, mas não conseguiram.”

A vontade de ser fuzileira é antiga. Ela lembra que, desde a infância, admirava a profissão em filmes e sonhava em ser uma um dia.

“Sempre quis e tive um apreço muito grande pela carreira militar. As dificuldades durante o curso foram ficar longe da família, as marchas e a própria água, mas, graças a Deus, me mantive forte. Todos os dias eram desafiadores. Como aluna, você não para para pensar muito. Quando pensava, era nas próximas refeições.”

O treinamento é realizado pelo 3º Batalhão de Operações Ribeirinhas. O principal objetivo é deixar o soldado apto para atuar tanto em áreas ribeirinhas de difícil acesso quanto no bioma pantaneiro, com patrulhas e combate em situações extremas.

“O concurso abriu vaga para mulheres em 2023. Em 2024 teve a primeira turma feminina. São duas turmas por ano. Eu sou da segunda turma feminina formada. O curso é voltado para operar e sobreviver no Pantanal, que é a maior planície alagada da América do Sul.”

Os militares formados passam a integrar o seleto grupo de operadores habilitados em operações no Pantanal. Júlia conta que nunca pensou em desistir, mesmo com todas as dificuldades.

“Nunca ocorreu. Desistir nunca foi uma opção para mim. Tinha vindo de muito longe, muitas pessoas acreditavam em mim. Eu precisava dessa formatura não só por mim, mas pela minha família também. Eu me sinto muito feliz e orgulhosa de mim mesma. Todo sacrifício valeu a pena no final”, completa.

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