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Comportamento

Mãe aprendeu a admirar filho homossexual e cria encontro para famílias de gays

Elverson Cardozo | 18/02/2015 06:23
Renata e o filho, Robert. (Foto: Arquivo Pessoal)
Renata e o filho, Robert. (Foto: Arquivo Pessoal)

A administradora Renata Andrade Rodrigues, de 48 anos, já sentia e, no fundo, sabia que o filho era gay, mas a confirmação, por parte dele, só veio aos 18 anos. Na época, a notícia foi um alívio, mas, querendo ou não, pesou. “A gente não quer acreditar, fica meio assim, perdida”, resume.

Apesar de não ter expulsado o rapaz de casa, nem ter feito qualquer escândalo, como acontece em alguns casos, levou certo tempo para ela se dar conta de que o filho não estava só “passando por uma “fase”.

Em nenhum momento da vida, Robert Andrade Rodrigues Palheta, de 30 anos, passou por essa tal fase, que alguns ainda insistem em dizer. “Nunca tive muitos conflitos com minha sexualidade. Desde muito pequeno, sabia que era diferente”, conta.

A mãe, Renata, entendeu. Aceitou, enfim, que o filho era gay e passou a admirá-lo ainda mais. Ele, por outro lado, encontrou dentro de casa um apoio para os momentos mais difíceis, aqueles que o preconceito ainda produz. “Resolvi contar a ela porque sabia que era minha amiga e, por mais que fosse difícil, ela entenderia com o tempo”, lembra Robert.

A relação dos dois se fortaleceu. Para quem vê de fora, chega a ser exemplar porque, pelo que relatam, é cercada de amor, cumplicidade e respeito. “Quem gostar de mim e aceitar meu filho tem minha amizade e meu respeito”, diz a administradora.

Renata, como mãe, deveria ser regra em muitos lares, mas, infelizmente, é exceção. Ela sabe disso e trabalha para mudar essa realidade.

Encontro - No dia 26 de fevereiro, das 19h às 21h, a administradora promove, na SAS (Secretaria de Assistência Social), o 1º Encontro de Pais, Mães e Familiares de LGBTS de Mato Grosso do Sul.

O objetivo do evento, que ganhou o apoio da Comissão da Diversidade Sexual da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seccional de Mato Grosso do Sul, é discutir violência e o preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.

Com a ajuda do filho, Renata quer proporcionar um espaço para troca de experiências e, assim, criar uma rede de apoio. “A idéia é montar um trabalho de terapia familiar. No começo eu mesmo vou fazer visitas a outras mães e contar minha história para tentar ajudar famílias. Nessa reunião a gente vai dar o segundo passado para montar uma ONG”, adianta.

Mas não é só isso. A intenção é, principalmente, mostrar a esses pais e familiares que sexualidade não é doença, nem define caráter e que, portanto, preconceito não é algo comum e muito menos aceitável.
“Chegou a nossa hora de dar as mãos para nossos filhos. Essa vai ser minha batalha, que sempre foi um sonho”, confessa.

Orgulhoso, Robert, diz que apoia a mãe em tudo e, por isso, está com ela nessa empreitada. “Sempre tivemos vontade de ajudar o próximo. Meus amigos, por exemplo, sempre tiveram problemas em casa, ao contrário de mim”, comenta.

Sobre o encontro, que é aberto ao público, o texto de divulgação, no Facebook, deixa tudo ainda mais claro: “Será a primeira ocasião em que pais, mães, avôs e avós, irmãs e irmãs, tios e tias de pessoas LGBT poderão se encontrar para troca de experiências e fortalecer o combate ao preconceito e à discriminação por que passam os seus”

Na rede social, a página do evento tem como imagem principal uma margarida, onde se lê, ao centro, “família” e, nas pétalas, palavras como compreensão, respeito, igualdade, cuidado, diálogo, abraço e perdão.

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