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Comportamento

Nas ruas, Silvio não cansa de explicar como é ser "pai hippie" e educar filhos

Pelas ruas de Campo Grande, são muitos os olhares quando o hippie aparece com os filhos

Thailla Torres | 25/02/2019 07:44
Judá acompanha o pai no trabalho aos sábados, quando está de folga da escola. (Foto: Kísie Ainoã)
Judá acompanha o pai no trabalho aos sábados, quando está de folga da escola. (Foto: Kísie Ainoã)

Levando uma vida diferente há 20 anos, o plano de Silvio sempre foi morar em muitos lugares, desapegado de bens caros e vendendo artesanatos. Ele alcançou este sonho, encarando os desafios de ser um homem hippie. Mas, nos últimos anos, a liberdade cruza com olhares de quem questiona como ele cria os filhos nesse movimento.

Basta alguns minutos observando Silvio Paulo da Silva Junior, de 34 anos, ao lado do filho, sentados no calçadão da Praça Ary Coelho para perceber os olhares em volta. O comportamento é de desconfiança, explica o artesão. “Maioria quer saber se eu cuido dele, se ele frequenta a escola”, diz.

Silvio está sempre explicando sobre a criação dos filhos. (Foto: Kísie Ainoã)
Silvio está sempre explicando sobre a criação dos filhos. (Foto: Kísie Ainoã)

Mas o hippie não cansa de se explicar, até porque a vida como nômade hoje depende dos filhos. “Por onde eu passo eu falo: eles estão na escola. E só viajamos para outra cidade quando o ano letivo acaba”, diz.

Na manhã de sábado, Silvio foi para a praça com o filho Judá, de quatro anos, mas é pai de outras três crianças, uma de 10 meses, outras de seis e nove anos. Ele garante que os mais velhos já estão matriculados em uma escola pública do bairro Coophavilla II, onde mora com a família que chegou a Campo Grande no último Natal.

“O estudo deles é muito importante, a gente coloca na escola e vive geralmente um ano na cidade até escolher outro caminho”, conta. Mas se o lugar for promissor, a família estende a permanência.

A infraestrutura da cidade também tem peso na hora de escolher uma nova moradia. “Tem que ser uma cidade com feiras pra eu poder vender e muitos parques e praças para as crianças brincarem”.

Quanto à criação e o comportamento dos filhos, Silvio diz que encara as dúvidas do povo com naturalidade. “As pessoas se preocupam com elas, mas chegam à escola espertas e são crianças normais”.

Os pequenos levam uma vida normal, diz o pai. (Foto: Kísie Ainoã)
Os pequenos levam uma vida normal, diz o pai. (Foto: Kísie Ainoã)

Ao contrário do que muita gente pensa, Silvio explica que a vida como hippie não o impede de dar tudo o que a família precisa. “Também temos celulares, as crianças tem material, roupa e alimentação. Vivemos o capitalismo mesmo, não tem como eu fugir desse sistema”.

O importante, segundo ele, é o respeito. “Ensino a eles que independente da escolha, nós seres humanos somos iguais e devemos ser respeitados em todas as suas condições”.

Embora muitos os considerem “estranhos” e questione o comportamento, Silvio não abre mão de estar sempre de passagem, em busca de novas paradas e aventuras. “A gente enfrenta muito preconceito, olhares, mas eu não me importo, continuarei fazendo o meu trabalho, viajando, levando minha família pra ver o mundo”.

Nascido no Rio de Janeiro, ele diz que se identificou com o estilo de vida ainda na adolescência. “Eu morava perto da praia, gostava de surfar”, diz. “E o que me chamou atenção foi liberdade, ficar preso num padrão me dá agonia”.

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