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Comportamento

No "João Sapinho", festa de Nossa Senhora é tradição desde 1984

Adriano Fernandes | 13/10/2015 09:47
Em nome da fé, devoção e em agradecimento, a multidão de fiéis seguiu em procissão por Nossa Senhora Aparecida.
Em nome da fé, devoção e em agradecimento, a multidão de fiéis seguiu em procissão por Nossa Senhora Aparecida.

Na comunidade de Nossa Senhora Aparecida, perto de Camapuã, distante mais de 130 quilômetros da Capital, há 20 anos o costume é sempre o mesmo. Todo dia 12 de outubro, uma multidão de fiéis movidos pela devoção se reúne no lugar conhecido como “João Sapinho”, para a já tradicional procissão em louvor à santa, padroeira do Brasil.

O apelido engraçado dá nome ao local onde foi construída a igreja, na zona rural da cidade, e é uma dessas tantas curiosidades que a gente encontra no interior do Estado. A programação de comemorações começa cedo, logo as 7h30. Antes dos 3,5 quilômetros de caminhada pela MS-422, o ponto de encontro é no “postinho”, um bar à beira de estrada desses onde todo mundo é bem vindo e recebido sempre com um sorriso no rosto.

O local recebe os fiéis que chegam de carro, ônibus ou até a pé, como foi o caso do taxista Edivaldo Borges de 35 anos, que encarou ao lado de mais quatro amigos, 38 quilômetros de estrada.“Foi um gesto de agradecimento, por tudo de bom que nossa senhora tem feito de bom por mim, para minha família. Dividi com meus amigos o que pretendia fazer e eles se oferecem pra me acompanhar”, explica o rapaz que garantiu que irá fazer o mesmo, nos anos seguintes.

Cerca de 700 pessoas acompanharam toda procissão, conduzida por cânticos e orações tradicionais da igreja católica. No percurso, o andor florido da santa era carregado pelos fiéis. A ordem ou o tempo que cada fiel pode dividir a função é espontâneo e respeitado por todos.

Cerca de 700 fiéis acompanharam toda procissão.
Cerca de 700 fiéis acompanharam toda procissão.

Aos 71 anos, o senhor João Sapinho, que na verdade se chama João Trindade das Neves, conta que a criação da festa e da procissão de Nossa Senhora Aparecida surgiu na região como parte de uma promessa dele e sua esposa, em 1984.

“Éramos avalistas de um amigo em uma dívida que ele não iria mais conseguir pagar. Eu iria perder o pouco que eu tinha, caso a dívida recaísse sobre mim. Foi quando pedi o auxílio a Nossa Senhora Aparecida e ela me atendeu”, lembra o senhor João. Nos primeiros cinco anos de festa, a procissão se resumia sendo em círculos ao entorno da igreja, até literalmente ganhar a estrada.

Desde então, foi criado o dia de comemorações, que além da procissão também tem missa, o chamado “terço cantado”, hasteamento do mastro com a imagem de Nossa Senhora Aparecida e queima da fogueira.

A típica comida de fazenda também é um detalhe a parte. No cardápio, nunca pode faltar o arroz, o feijão, saladas e uma grande variedade de carnes. “Em média uns trinta quilos de arroz, fora tomates e os doces pra sobremesa”, diz a dona Aparecida Divina Fernandes de 50 anos, uma das cozinheiras e organizadoras da festa.

O nome, que também gera curiosidade, segundo ela, foi dado graças a outra benção de nossa senhora. “Quando nasci, meus pais prometeram que se o parto corresse bem, meu nome seria uma homenagem a ela”, explicou.

Por curiosidade, também pergunto ao senhor João o porquê do apelido, sapinho. “Porque é o nome dado pra quem mora na lagoa, ora. Foi dado por amigos, ainda nos tempos de escola”, responde. Lagoa também é o “apelido” de um dos bairros da cidade de Camapuã, onde o senhor “sapinho” morou quando era jovem.

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