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Comportamento

No mesmo dia e igreja, casal faz Bodas de Ouro do amor que durou 6 anos em carta

O casal até tentou fazer as mesmas fotos, para relembrar o casamento que superou anos de distância

Thailla Torres | 18/01/2019 08:45
Casal entrou na Igreja São José na última terça-feira para comemorar 50 anos de casamento que foi celebrado ali, em 1969. (Foto: Vicente Barros)
Casal entrou na Igreja São José na última terça-feira para comemorar 50 anos de casamento que foi celebrado ali, em 1969. (Foto: Vicente Barros)

No sorriso de Heber para Maria Silva mora uma gratidão pela parceria que completa 50 anos de história. Médico ginecologista, os dois lutaram de mãos dadas com a distância e os desafio da profissão. Antes do casamento, foram seis anos de namoro por cartas e ligações telefônicas que demoravam 5 horas de espera. Tempo que muita gente abriria mão nos dias de hoje, mas que faz o casal olhar para trás e dizer o quanto valeu a pena resistir aos obstáculos.

"Eu fazia faculdade de Medicina fora daqui. Naquele tempo era difícil vir para Campo Grande, principalmente pela situação financeira. E carta demorava dias para chegar até aqui. Mas a gente dava um jeitinho", lembra Heber Ferreira de Santana, aos 76 anos.

Casamento na São José em 1969. (Foto: Arquivo Pessoal)
Casamento na São José em 1969. (Foto: Arquivo Pessoal)
Bodas de ouro na mesma igreja, ao lado de amigos e familiares. (Foto: Vicente Barros)
Bodas de ouro na mesma igreja, ao lado de amigos e familiares. (Foto: Vicente Barros)

As bodas de ouro foram comemoradas na Igreja São José e não à toa. Escolheram o mesmo dia e instante do dia em que disseram sim, há cinco décadas. O casal também tem verdadeiro apreço pela região porque foi ali que os olhares se cruzaram quando o amor surgiu. "Naquele tempo não íamos em bailes, mas toda semana, na casa de alguma família haviam eventos com música, bebidas e conversas. Foi em um desses momentos que conheci Heber. Não demorou muito para virar namoro", lembra a esposa Maria Silvia Albuquerque de Santana, aos 71 anos.

Era tudo bem diferente mesmo. Namoro, só se fosse de mãos dadas e na presença da família. "Quando a gente se encontrava, alguém acompanhava ela", lembra Heber. Mas o que ela nem imaginava era encarar um namoro com tanta distância. "Quando começamos a namorar eu fazia Medicina e só nos casaríamos depois de me formar. Ela me esperou por seis anos", diz o marido.

Ansiedade define o passado narrado pela distância. "Naquele tempo uma ligação telefônica demorava horas, eu esperava de quatro a cinco horas para conseguir falar com ele", lembra Maria. No hospital, Heber fazia o mesmo roteiro em busca de alguns minutos com a namorada por telefone. "Eu ía até o PBX daquele tempo, pedia para fazer uma ligação para ela, em seguida voltava ao trabalho e só depois de 6 horas me chamavam para atender a ligação. Era muita espera", diz o marido. Mas a saudade e as palavras de amor também vinham por cartas. "Guardo tudo com carinho até hoje".

Os dois casaram depois de 6 anos de namoro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Os dois casaram depois de 6 anos de namoro. (Foto: Arquivo Pessoal)
E comemoraram os 50 anos  cheios de histórias e desafios. (Foto: Vicente Barros)
E comemoraram os 50 anos cheios de histórias e desafios. (Foto: Vicente Barros)
O beijo apaixonado do casal ao lado da família. (Foto: Vicente Barros)
O beijo apaixonado do casal ao lado da família. (Foto: Vicente Barros)

Em 2018, nasceu o desejo de comemorar os 50 anos de união com direito a memórias do primeiro "sim". Ao lado do cerimonialista GIl Saldanha, o desafio era fazer com que tudo acontecesse como no primeiro dia. "Normalmente os casais escolhem o sábado ou sexta para as comemorações, mas como tudo tinha que ser como o do casamento, fizemos a festa em plena terça-feira", diz Gil. 

Com uma cerimônia de 1 hora e 40 minutos, amigos e familiares celebraram o amor. Entrar 50 anos depois na igreja onde o casal disse sim foi emocionante, lembra Maria. "Principalmente ao ver os amigos e pessoas que estiveram conosco há 50 anos, especialmente, um dos padrinhos do religioso que entrou com alianças e veio de São Paulo especialmente para nossa festa. Isso nos deixou muito feliz".

O padre que celebrou a missa não foi o mesmo porque o padre do casamento, Francisco Agreiter, já faleceu. "Então fizemos questão de prestar uma homenagem na nossa missa, foi muito bonito e diferente".

O casal também ganhou dos amigos uma escultura que reproduz uma das últimas viagens em amigos. Além de mais de 5 mil reais em dinheiro que serão doados ao Hospital São Julião. "Ganhamos muitos presentes da família, mas resolvemos transformar o dinheiro que ganhamos em solidariedade". Por um site, o convidado podia dar o valor que quisesse. "Já temos tudo, nossa casa, nossa família, nossas coisas, por isso escolhemos doar".

Com 3 filhos e 5 netos, agora Heber e Maria só desejam que o perdure por mais algumas décadas. "Hoje em dia as pessoas casam pensando vão separar se algo não der certo. Mas casamento precisa de compreensão, paciência e vontade de superar obstáculos, não se pode desistir no primeiro desafio. Todo mundo é diferente, temos que aprender a lidar com o outro e entender a dificuldade de cada um, isso se chama cumplicidade".

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Lembrança dos amigos de viagem. (Foto: Arquivo Pessoal)
Lembrança dos amigos de viagem. (Foto: Arquivo Pessoal)
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