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Comportamento

ONG foi criada no meio da Nhanhá para mostrar que ali há esperança

Conhecido pelo tráfico de drogas, o bairro é foco de críticas e denúncias há anos na Capital

Aletheya Alves | 06/03/2022 09:28
Fundador da Núcleo Huminitário da Nhanhá, Chris Robert de Oliveira Peixoto. (Foto: Aletheya Alves)
Fundador da Núcleo Huminitário da Nhanhá, Chris Robert de Oliveira Peixoto. (Foto: Aletheya Alves)

Um muro alto na Rua do Comércio, localizada entre as vielas da Vila Nhanhá, se diferencia dos outros apenas pela tinta azul. É ali, entre moradores de rua e olhares desconfiados, que o Núcleo Humanitário Nhanhá foi criado há dois anos para mostrar que no bairro ainda há esperança contra o tráfico de drogas.

No trajeto até a casa número 149, o motorista de aplicativo, que parecia não conhecer a região, precisou dar algumas voltas por se confundir com as curvas do bairro. Depois de encontrar a rota certa, me deixou em frente ao muro azul com portão fechado e ali conheci Chris Robert de Oliveira Peixoto, o fundador da ONG.

“Quer conhecer a estrutura? Já te mostro tudo. A gente trabalha com ações variadas”, disse. No terreno cumprido, dois banheiros ficam ao lado do portão. Em seguida há uma área extensa que divide espaço com uma sala de aula, um depósito, cozinha e, apenas aos fundos, uma casa.  Se destacando no cenário, o muro grafitado espalha cor até o chão.

Muro da sede é azul e muro lateral recebeu grafite rementendo ao bairro. (Foto: Divulgação)
Muro da sede é azul e muro lateral recebeu grafite rementendo ao bairro. (Foto: Divulgação)

Por não ter renda para construir um espaço totalmente novo, o jeito foi pedir pelo apoio da avó e montar a ONG na casa em que mora com ela. “Aqui não tinha quase nada disso, tudo a gente foi construindo com ajuda de voluntários e doadores. Ainda precisamos de uma cobertura aqui para a área, mas foi uma evolução bem grande”, explica.

Sem cobertura contra sol ou chuva, a área recebe tatames para a prática de judô e muay thai quando as crianças não estão em período de férias, como irá acontecer em março. Já a sala é usada tanto por crianças e adolescentes quanto por adultos, pois nela são ministrados cursos da Sejuv (Secretaria Municipal da Juventude) e atividades com leitura para os pequenos.

Crianças durante aula de judô no projeto social. (Foto: Divulgação)
Crianças durante aula de judô no projeto social. (Foto: Divulgação)

Morador da Nhanhá desde que nasceu, há 23 anos, o jovem fundou o Núcleo há quase dois anos com intuito de oferecer ajuda a moradores de rua e crianças. Hoje o foco do trabalho vem se estreitando, mas continua girando em torno das bases iniciais.

“Eu queria mostrar que o bairro não tem só coisa ruim, queria mostrar que pode acontecer coisa boa aqui também. Eu comecei o trabalho com moradores de rua, mas depois as crianças foram aparecendo e começamos a dar aula de judô”, diz.

Com a marca do Núcleo tatuado no braço, Chris explica que sempre dividiu o ambiente do bairro com o tráfico de drogas e, mesmo tendo medo, não abandonou a região por querer prevenir as consequências do crime. “Algumas pessoas da minha família sempre tiveram contato com o tráfico e eu fui criado aqui, onde há muito consumo de droga. Antes eu fazia trabalho evangelístico, mas queria mesmo fazer um projeto social para desenvolvimento local”.

Chris Robert tatuou a marca da ONG em seu braço direito. (Foto: Aletheya Alves)
Chris Robert tatuou a marca da ONG em seu braço direito. (Foto: Aletheya Alves)

Vendo que um dos maiores problemas da Vila Nhanhá é o envolvimento rápido de adolescentes com o tráfico, ele decidiu que o melhor caminho seria tornar as crianças prioritárias para a ONG. Chris explica que aos 14 anos muitos adolescentes já estão no cotidiano do crime, tornando ainda mais difícil retirar esse vínculo posteriormente.

Se colocando como exemplo dos benefícios proporcionados por projetos sociais, o jovem argumenta que não sabe qual seria seu futuro caso não tivesse recebido esse tipo de apoio. “Eu sou fruto de projeto social. Aprendi judô, a tocar clarinete, ler partitura, tocar violão, tudo em projeto. Então isso que eu faço é só uma contrapartida do que fizeram por mim”.

Serviços prestados

Durante o período de férias algumas atividades foram suspensas na ONG e irão retornar em março, mas cerca de 30 crianças são atendidas nas aulas de judô e muay thai. Atividades de leitura, balé, aulas de violão e eventos especiais também seguem na agenda para retornar.

Já através da Sejuv um curso de manicure e pedicure será oferecido em março. No mesmo mês, uma ação preventiva ao câncer de mama será realizada em conjunto com o grupo Onça Pintada.

Para conhecer mais sobre a ONG e participar das ações é possível acessar o perfil @nucleo.humanitario.da.nhanha ou entrar em contato com Chris pelo número (67) 99203-1465.

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