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Comportamento

Procurando amor nos classificados, ela já dispensou namoro até por causa de muro

Aline Araújo | 22/07/2015 06:23
No classificado ela busca homens de 60 a 67 anos. (Foto: Fernando Antunes)
No classificado ela busca homens de 60 a 67 anos. (Foto: Fernando Antunes)

Tom Jobim já dizia em uma das suas canções mais conhecidas que “Fundamental é mesmo o amor. É impossível ser feliz sozinho”. Apesar de não ser lá muito fã de Bossa Nova, Margarida concorda plenamente com o músico brasileiro, e foi em busca de um novo amor que ela resolveu recorrer aos classificados do jornal. O nome é fictício, porque a mulher de 65 anos ficou viúva há pouco mais de dois anos teme a reação da família.

O anúncio, com pouco mais de duas linhas, só especifica 2 detalhes: o interessado deve ter de 60 a 67 anos e buscar um compromisso. “Eu resolvi colocar no jornal pela dificuldade de encontrar uma pessoa com o perfil que eu procuro nos bailes e nos lugares onde vou. Assim, acho que tenho mais chances de encontrar um companheiro que goste das mesmas coisas que eu”, comenta a senhora, que ainda trabalha como diarista.

Ela nos encontrou em uma praça e preferiu preservar a identidade. (Foto: Fernando Antunes)
Ela nos encontrou em uma praça e preferiu preservar a identidade. (Foto: Fernando Antunes)

A senhora magra, morena dos cabelos encaracolados, de estatura mediana e bem vestida, explica que preferiu não se identificar para se preservar dos olhares de parentes que podem repreender a atitude. Mas não esconde dos cinco filhos a intenção de encontrar um novo companheiro.

Viúva há dois anos, já do segundo marido, a união durou 13 anos, “muito bem vividos”, segundo ela. O primeiro casamento durou ainda mais, 20 anos, até um AVC (Acidente Vascular Cerebral) findar a vida do parceiro. Os filhos, todos do primeiro casamento, já estão casados e seguem montando as suas famílias, apenas um, hoje divorciado, mora com ela.

“Mas ele encontrou uma namorada agora e tudo indica que vai dar certo ele também vai casar”, pontua.

Para o anúncio ficar uma semana no ar, em dias alternados, ela pagou R$ 25,00. Mas o retorno tem compensado. Ela conta que recebe em média cinco ligações por dia. Para alguns, o papo acaba ali, pelo telefone. Outros, ela marca um encontro para conhecer, geralmente em locais públicos e bem movimentados.

Um muro - Na busca, já conheceu muitas pessoas, mas nenhum evoluiu para um relacionamento sério, como ela esperava. O que chegou mais perto desagradou numa conversa depois de um mês.

“Eu até achei que ia dar certo, mas ele reclamava de tudo que eu gosto, não gostava de dançar e eu gosto de ir para o meu baile. Reclamava da minha cervejinha, que eu só tomo no final de semana”, lembra.

Mas o romance acabou mesmo quando ele construiu um muro enorme na frente da casa dele. “Eu perguntei para que aquele muro que nem dava para ver a rua. Ele disse que mulher dele não é para ficar olhando pra rua, ai não deu certo, ele era o contrário do que gosto”, explica.

Para o companheiro, ela estabeleceu algumas exigências. Em características físicas tem de ser mais alto, também ganha ponto se vestir bem, cuidar da higiene pessoal e no aspecto social precisa gostar de um baile.

“Quero um companheiro para compartilhar o dia a dia, não só para namorar, quero alguém que pretenda casar e seja extrovertido, goste de aproveitar a vida. Eu me sinto saudável e ainda tenho muito para viver e não quero estar sozinha”, afirma.

Além do baile, ela vai à igreja aos domingos, gosta muito de viajar e passear, mas não abre mão de curtir e cuidar da casa. Recentemente, conheceu outro pretendente, mas percebeu que ele não queria o mesmo que ela.

“Gostei do perfil dele, mas quando fui encontrar no terminal ele falou umas coisas que eu não gostei. Só queria falar de intimidades, ele não queria uma boa esposa. E assim eu não quero. Tem que conhecer a pessoa, ver se vai dar certo para ficar junto”, conta.

A senhora trás desde pequena a ideia de dividir a vida com um amor. “Minha avó casou duas vezes, minha mãe também e eu acho horrível ser sozinha, por mais que você tenha amigos, filhos, é diferente de você ter um companheiro. A vida não foi feita para a gente ser solitária”.

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