Professora planta jardim e contagia vizinhos para cuidar e colorir rua

As ilustrações vibrantes e o jardim recém plantado das imagens acima, se encontram na Rua Carlos Drummond de Andrade, no Bairro Aero Rancho, em frente ao numeral 1397. As palmeiras ainda crescem, mas o verde do canteiro indica a mudança da cena, que antes, era muito diferente.

Um dia, "quando deu de cara" com a imagem do local abandonado, a professora Márcia Cristina Correia Chagas, de 42 anos, resolveu que as coisas iria mudar. Providenciou um jardim e contagiou vizinhos, que passaram a cuidar e até colorir a fachada daquele pequeno trecho, hoje cheio de vida.

Nos primeiros dias de pandemia, quando começou a passar mais tempo dentro de casa, a imagem do bairro passou a ter outro peso no cotidiano da professora. Ela, então, sentiu que precisava fazer algo.

"Se você quer transformar o lugar, seja você essa transformação”, ensina. Da varanda de casa, a primeira imagem que invadia os olhos de Márcia, era a do descaso e abandono da rua, que antes, era tomada pelo matagal e pelo lixo que os próprios vizinhos descartavam.

Determinada a mudar o cenário "deprimente", no início deste ano, embarcou junto com uma colega do bairro na aventura de repaginar a rua, com gramado, plantas baixas e as palmeiras.

Rozeli Paes, de 46 anos, também professora, foi quem ajudou a amiga. Orgulhosa, conta que "gestos assim, por menor que possam parecer, têm a capacidade de transformar as pessoas, e inspirar a comunidade a ser mais unida e zelosa".

Inspirado pela inciativa de Márcia, José Nunes, de 66 anos, entrou na onda de melhorar a região. Fez algumas parcerias e conseguiu colocar cores no muro em frente ao seu comércio, antes descascado. O corretor de imóveis também investiu em grama e colocou uns bancos na calçada em frente à conveniência que pretende inaugurar em setembro.

Empolgado, ele conta que o objetivo era proporcionar mais conforto e lazer para os vizinhos, "para que pudessem se sentir mais à vontade em um lugar bonito".

Agora, quem tem o privilégio de sair no quintal de casa e dar de cara com o jardim que enfeita a rua, é Elizabeth de Arruda, de 64 anos.

Beth, como gosta de ser chamada, mora bem em frente ao local, e com simplicidade e simpatia, conta que se sente grata e inspirada. Pela iniciativa dos vizinhos, também ajuda a cuidar do jardim.

Aos olhos de Beth, a nova paisagem é “uma benção”, que traz esperanças para o bairro que, segundo ela, é tomado pelo sentimento de abandono em relação aos pontos mais centrais da cidade.

De acordo com a professora Márcia, esse é só o começo, mais lento do que imaginava. Apesar de alguns vizinhos entrarem na briga por deixar o local mais bonito, o Bairro Aero Rancho ainda tem um longo caminho de evolução para percorrer, e ela deseja que seu pequeno jardim sirva de inspiração para motivar essas mudanças, que segundo ela, precisam partir também dos vizinhos.