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Comportamento

Restaurante da década de 80 servia picanha para ninguém esquecer nesta vida

Naiane Mesquita | 27/09/2015 10:05
Onde antes o Mr. West existiu hoje funciona a farmácia São Bento, na avenida Afonso Pena com a 25 de dezembro (Foto: Fernando Antunes)
Onde antes o Mr. West existiu hoje funciona a farmácia São Bento, na avenida Afonso Pena com a 25 de dezembro (Foto: Fernando Antunes)

Há rumores que igual a picanha maturada com batatas do Mr. West nunca mais se viu em Campo Grande. Nossa rota pelos bares e restaurantes históricos da cidade chegou ao Velho Oeste da avenida Afonso Pena, esquina com a 25 de Dezembro, nos anos 80.

Com um cardápio de fazer inveja e uma decoração temática inspirada nos filmes e astros norte-americanos do gênero, o local foi um ponto de encontro da sociedade na época. Hoje é farmácia.

Camista de um dos eventos realizados no Mr. West.
Camista de um dos eventos realizados no Mr. West.

Quem se lembra bem dessa história é o artista plástico Isaac de Oliveira. Aos 62 anos, ele lembra que o restaurante foi o mais emblemático da época, um queridinho da alta sociedade campo-grandense. “Existia o restaurante do Rádio Clube, mas era restrito aos sócios, aqui era um restaurante que todo mundo poderia vir. A cidade inteira vinha, era uma coisa engraçada, existia um conceito, era um ponto de encontro, com preços bons e uma comida insuperável”, explica.

É nesse ponto que a picanha entra. “Nunca houve uma picanha maturada com batata igual ao Mr. West, era uma coisa que só ele tinha, até hoje os saudosistas sentem falta. Outro prato que fazia sucesso era o filé a parmegiana e os drinques, que eram muito bons”, relembra.

O restaurante foi fundado em 1985 e permaneceu por volta do ano de 1999. O proprietário na época era o advogado Jamil Schelela, que segundo Isaac, era o grande responsável pelo sucesso do local. “Ele sabia receber, deixava todo mundo a vontade, sentava nas mesas com a gente, fazia parte do bar”, afirma.

Jamil conta que o Mr. West foi o primeiro lugar a servir picanha a la carte e que por ser o point das noites campo-grandenses se tornou tema até de uma matéria na revista Playboy. “O Mr West foi idealizado e desenhado por uma arquiteta, Margarida Toledo e as cores e decoração do oeste elaborada pelo Isaac de Oliveira”, entrega o ex-proprietário.

Jamil hoje vive em Curitiba com a família. (Foto: Reprodução Facebook.
Jamil hoje vive em Curitiba com a família. (Foto: Reprodução Facebook.

O curitibano que morou em Campo Grande e voltou para a terra natal há nove anos é capaz de listar mais de dez nomes de pessoas que foram clientes do seu restaurante. “Era frequentado pela sociedade, por quase todos os juízes, desembargadores, deputados e até governadores”, indica.

Isaac confirma e relembra que para deixar o bar atrativo e com o tema do velho oeste foi preciso muito estudo. “Eu que sugeri o nome, eles queriam algo que lembrasse o oeste brasileiro e pensei nesse. Depois que chegamos ao tema eu fui para São Paulo comprar livros, consegui cinco ou seis americanos que mostravam os cowboys, ranchos norte-americanos e atores de Hollywood. Coloquei fotos de John Wayne e damas do oeste”, explica.

Apesar do tema, o carinho pelos cinemas acabou incluindo também um poster de James Dean. “Fazia muito sucesso”, ri Isaac.

Casado há 30 anos, o artista plástico ressalta que o restaurante esteve presente nas primeiras fases do seu relacionamento. “Trouxe minha mulher quando nos conhecemos, depois quando começamos a namorar e voltamos casados. Assim como a história de muitos casais”, acredita.

Da fachada original do restaurante nada foi preservado. "Mudou toda a estrutura, ele ficava na parte baixa do terreno tinha uma entrada que era uma escadaria, um jardim na frente. Ele era um galpão grande. Acho que o terreno sofreu um aterro nessa área. O Mr. West tinha um pé direito alto, uma escadaria na entrada, a gente via todo mundo que chegava no restaurante. Era outro conceito", recorda Isaac.

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