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Comportamento

Sem neura com a “ditadura da tinta”, Gabi aceitou fios brancos aos 32 anos

"Passei a me olhar com carinho ao ver homem assumindo grisalho e considerado charmoso enquanto que as mulheres, relaxadas"

Thailla Torres | 04/07/2020 07:30
Os fios brancos apareceram aos 15 anos, mas só aos 32 ela teve coragem de assumir.
Os fios brancos apareceram aos 15 anos, mas só aos 32 ela teve coragem de assumir.

Foram anos de tintura até a jornalista campo-grandense Gabriela Zaleski dar o primeiro passo à liberdade de se olhar no espelho e se sentir belíssima com os fio brancos que vida nos dá em determinado momentos, às vezes, antes do que a gente imagina. Nessa quarentena, suas redes sociais tem sido um alento à mulheres que passam pelo mesmo processo e se sentem cobradas pela "ditadura da tintura" para não estar fora do padrão. Por isso, no Voz da Experiência de hoje, Gabriela narra como foi aceitar os fios brancos e descobrir que a beleza continua de diferentes maneiras.

Hoje Gabriela se sente feliz e inspira outras mulheras.
Hoje Gabriela se sente feliz e inspira outras mulheras.

"Sempre fui uma pessoa bastante vaidosa. Quando os primeiros fios brancos apareceram, por volta dos meus 15 anos, eu já tingia os fios de preto azulado para intensificar a cor dele que já é naturalmente preto. Naquele momento eu realmente não me importava, pois eram poucos e não me incomodavam. Por volta dos 22 anos a raiz do cabelo começou a branquear e aí eu comecei a sentir o incômodo. Na época, trabalhava com minha imagem e por ter o cabelo muito escuro, os brancos ficavam muito aparentes. Foi então que começou a saga da tintura mensal que se repetiu até o dia em que decidi assumir o grisalho. Naquele momento, há dez anos atrás, eu realmente me sentia incomodada e, por mais que eu levantasse a bandeira do “Faça o que quiser”, eu não me sentia pronta.

Há seis anos eu tive minha filha Isis e passei um bom período sem pintar os fios, mas confesso que aquilo me incomodou muito. Acredito que toda mulher que passa pela maternidade e puerpério acaba por ficar um pouco incomodada com a falta de tempo para a vaidade. Eu acreditava que ainda precisava daquela rotina das tinturas para me sentir mais bonita e bem comigo mesma.

Ao mesmo passo, a maternidade trouxe com ela muitas outras percepções sobre a vaidade e as obrigações que as mulheres têm com seu corpo como um todo. Comecei a ponderar se eu queria que minha filha sofresse tanto com tudo isso: o peso ideal, as unhas sempre feitas, os cabelos sempre tingidos, depilação em dia, etc. E sem querer, acabei me desconstruindo. Passei a me olhar com mais carinho e mais respeito. Passei a perceber que vários homens assumiam seus grisalhos e eram considerados charmosos enquanto que as mulheres, relaxadas.

"A maturidade traz essa leveza pra gente. Leveza e confiança", diz.
"A maturidade traz essa leveza pra gente. Leveza e confiança", diz.

Havia vontade, mas ainda faltava um pouco de coragem para colocar a cara a tapa e assumir o grisalho de uma vez. Quando dizia sempre haviam comentários do tipo: “Você é muito nova!” “Deixa pra depois dos 60!” “Vai te envelhecer demais!”

Ficava na corda bamba da vontade e da insegurança. Entrei em muitos grupos voltados para grisalhas nas redes sociais e além das mulheres mais velhas que já haviam passado pela transição e assumido. Notei que muitas mulheres na faixa dos 30, e até mais novas, estavam passando pelo processo.

E foi pensando em quanto eu sempre fiz o que gostaria, pensando no quanto gostaria que minha filha não se sentisse escravizada de forma alguma por padrões impostos às mulheres e passando a me enxergar bonita desta maneira, que numa manhã de domingo, passado um mês da última tintura, eu resolvi me libertar.

Havia chegando enfim o meu momento. Sem neura, sem pressa. Foi quando havia de ser e quando me senti preparada. A maturidade traz essa leveza pra gente. Leveza e confiança."

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