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Comportamento

Seriam os encontros virtuais o "umami" dos relacionamentos?

Daniel Antunes | 10/07/2020 09:36

Você já ouviu falar em umami? Recentemente cientistas descobriram um novo sabor dos alimentos, ao qual se dá o nome de umami. Para compreendê-lo, é preciso primeiro distinguir que sabor e gosto não são a mesma coisa. O primeiro se refere ao paladar, que acontece quando as papilas gustativas respondem às substâncias químicas dos alimentos, e o segundo se trata de uma relação entre o paladar e o olfato. Você talvez não imagine, mas umami e encontros virtuais têm algo curioso em comum.

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  Fonte: Pexels

Tudo começou quando nos últimos anos os relacionamentos ganharam uma nova esfera, a virtual. No início, pouco sabia-se a respeito, como tudo o que é novo, mas esse novo âmbito abriu um mundo de possibilidades ligado aos encontros, e muitas pessoas que não se conheceriam de outra forma, por conta da distância ou de não terem a sorte de frequentar os mesmos lugares, acabaram se conectando. Por causa disso, hoje é normal ouvirmos histórias sobre casais que namoraram e até se casaram depois de se conhecer pela internet. Porém, quando achávamos que o mundo virtual já tinha conquistado tudo o que era possível, fomos introduzidos aos encontros por videochamada, que vêm ganhando visibilidade nos últimos tempos.

Assim como no caso do umami, esse tipo de encontro requer um olhar de interesse porque as pessoas ainda o estão descobrindo. Gosto e olfato precisam trabalhar juntos para percebermos o umami e, da mesma forma, nos desafios de conhecer pessoas novas é preciso permitir que a memória explore novas formas de criar registros emocionais. Ao reconhecermos o umami, sentimos um gosto agradável e duradouro, e isso pode ser comparado aos encontros em potencial experienciados através das videochamadas, ferramenta que começamos a explorar também no âmbito amoroso. Se atingimos ambos, somos levados à recompensa final: a satisfação, tanto via sensações palatais quanto via sensações de impacto emocional.

Essa satisfação é  fascinante porque o cérebro, que é o responsável por ela, não distingue o que é real do que não é. Ou seja, o olfato não pode nos fornecer sabor, mas tal é a sua vontade de expressar o que detecta que, ao alinhar-se com o paladar, é capaz de formar um gosto único. O cérebro faz o mesmo ao vermos pela tela do celular ou do computador alguém por quem nutrimos interesse romântico. Para ele, não há diferença quanto à interação pessoal básica que precisamos formar para saber se há compatibilidade. Seja pessoalmente ou através do universo virtual, os envolvidos se comportam como se estivessem frente a frente, usando as mesmas táticas de olhares, sorrisos e gestos, que acabam fazendo com que as mesmas reações corporais aconteçam – como suor, pupilas dilatas e, às vezes, timidez.

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Em resumo, as pessoas com foco em relacionamentos amorosos se sentem mais abertas a buscar satisfação via táticas diferentes. Isso é visto tanto em casais com relação já solidificada, que usam a tecnologia para dinamizar a relação, quanto em quem está querendo conhecer alguém e, para tal, utiliza apps como o Badoo. Nesse caso, o encontro de videochamada é naturalmente o próximo passo. Para os solteiros à procura de um relacionamento, todos os detalhes contam ("A luz está boa? Esse ângulo é bom?"). Já quanto aos casais de longa data, a videochamada acaba se configurando como uma oportunidade de paquerar de novo, sentir a emoção de rever o rosto de quem se ama e relembrar seus gestos. Em ambas as situações reside a possibilidade de percepção, assim como ocorre com o umami.

O que podemos concluir é que os encontros virtuais vieram adicionar pitadas de novidade à interação ao vivo, assim como o umami veio se somar aos demais sabores. Pensar na descoberta (e aplicação) do novo como uma oportunidade de tornar nossas vidas literalmente mais saborosas tanto no amor quanto no paladar é algo positivo e que só gera bem-estar.

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